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O LÚDICO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  26/9/2018  •  3.306 Palavras (14 Páginas)  •  231 Visualizações

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Após o século XVIII surge a preocupação com o bem estar geral da criança e seu desenvolvimento, criando um vínculo entre a brincadeira e a educação, tendo em vista as necessidades educacionais de controle e orientação, impostas pelo contexto social do período (Wajskop, 2001, p. 20).

Enquanto isso, na Europa, crescia a produção de brinquedos educativos que serviam para ensinar a criança com deficiência mental e, posteriormente, foram utilizados para o ensino das crianças vistas como “normais”. Pestalozzi, educador suíço que viveu na última metade do século XVIII e início do século XIX, se preocupou com uma educação baseada na manipulação do concreto e na premissa da sensibilidade. Segundo esse educador, a impressão sensorial é fundamental para o desenvolvimento infantil e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos. Ao trabalhar como mestre-escola, Pestallozzi aplicou suas ideias educacionais criando objetos e brinquedos para um trabalho sensorial com crianças que apresentavam algum tipo de deficiência física ou mental.

Em seguida, alguns educadores como Froebel, Montessori e Decroly desenvolveram propostas pedagógicas que tiveram grande contribuição para a educação da criança. Os séculos XIX e XX foram marcados pelas enormes contribuições desses educadores que, através da elaboração de métodos próprios e particulares, inseriram os brinquedos nos processos educativos fazendo com que se tornassem objetos e situações lúdicas de uso sistemático no ensino das crianças.

Segundo Wajskop (2001, p. 22), Froebel, Montessori e Decroly contribuíram e muito para a superação de uma concepção tradicionalista de ensino, inaugurando um período histórico onde as crianças começaram a ser respeitadas e compreendidas enquanto seres ativos.

Após os anos 70, a maioria dos educadores utilizava a atividade lúdica

como recurso didático para alcançar o objetivo proposto pela escola, mas o direcionamento excessivo das atividades produzia o bloqueio da organização independente das crianças para a brincadeira, impedindo que a criança fizesse suas descobertas e avançasse para a sua autonomia.

Para o desenvolvimento da criança é importante a sua interação com o brinquedo, com a experiência dos adultos e com o mundo. Portanto, a brincadeira é uma atividade humana em que as crianças, ao interagirem com os adultos, assimilam e recriam suas experiências e brincadeiras. Desse modo, ao brincar, as crianças criam vínculos com o mundo e com os objetos, estabelecem relações de aprendizagem e de construção de modos de ver e sentir as pessoas e as situações. É importante afirmar que, nessa perspectiva, podemos ver a brincadeira como um elo e um caminho aberto para a aprendizagem, um instrumento para a aproximação entre criança e contexto pedagógico.

A criança, ao brincar representa e experimenta diversas situações, dá-se ai a importância do espaço, de materiais disponibilizados a ela, para que assim, possa construir e apropriar-se do conhecimento universal.

A brincadeira é uma atividade específica da infância, pois, brincando, as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios. Assim a brincadeira exerce uma grande influência no desenvolvimento infantil, principalmente na construção da autonomia e autocontrole da criança.

A brincadeira no espaço escolar garante à criança uma possibilidade maior de educação, pois, nesse espaço, a socialização e a interação com o outro podem proporcionar à criança condições favoráveis para a educação. Desse modo, cada criança tem seu ponto de vista e brincando elas constroem uma consciência da realidade ao mesmo tempo em que vivem uma possibilidade de modificá-la e recriá-la.

Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil na qual o desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente entre os pares, em uma situação imaginária e pela negociação de

regras de convivência e de conteúdos temáticos. (Wajskop, 2001, p. 35)

Se, historicamente, podemos ver uma tendência aos processos de didatização da brincadeira, é importante ressaltar que a coerência entre o brincar livre e o brincar direcionado deve ser buscada pela escola e pelos professores. Sendo assim, as escolas de educação infantil – lugares privilegiados da educação das crianças no contexto das sociedades urbanas - devem discutir e planejar o brincar, como elemento integrante e eixo estruturante do currículo e do contexto das práticas pedagógicas dos professores.

A realização de jogos e brincadeiras na primeira infância envolve, naturalmente, o movimento, que vai predominar como componente necessário para o desenvolvimento da criança, pois, através dele, a criança se coloca no meio, inteirando-se com os objetos, com as pessoas, explorando seu próprio corpo e espaço físico.

O psicólogo francês Henri Wallon atribui diversas significações ao ato motor. Além do seu papel na relação com o mundo físico (motricidade de realização), o movimento tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição. Antes de agir diretamente sobre o meio físico, o movimento atua sobre o meio humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. Podemos dizer que a primeira função do movimento no desenvolvimento infantil é afetiva, como é destacado por Izabel Galvão, em escritos sobre a obra de Henri Wallon (Galvão, 2003, p.151).

É pela interação com os objetos e com o seu próprio corpo - em atitudes como colocar o dedo nas orelhas, pegar os pés, segurar uma mão com a outra - que a criança estabelece relações entre seus movimentos e suas sensações; e experimenta sistematicamente, a diferença de sensibilidade existente entre o que pertence a seu próprio corpo e o que está fora dele. Por essas experiências, a criança torna-se capaz de reconhecer, no plano das sensações, os limites de seu corpo, isto é, constrói-se – no interior dessas relações - o recorte corporal necessário à construção da pessoa.

Assim, uma das funções da brincadeira, é permitir à criança o exercício do movimento. Desse modo, os movimentos passam por um processo gradativo, começando primeiramente com movimentos simples e consequentemente chegando a movimentos complexos. Nessa perspectiva, o movimento tem relevância destacada no desenvolvimento infantil na faixa de 4 a 5 anos de idade. É por meio do movimento que a criança de relaciona-se com o outro, explora o espaço e se situa nele, bem como em relação aos objetos que manipula

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