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Manual estágio

Por:   •  31/10/2018  •  4.876 Palavras (20 Páginas)  •  244 Visualizações

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Em 1988, com a inclusão de aulas de Educação Artística no Ciclo básico tive condições de atuar na minha formação, professor. Foi o período da implantação do construtivismo nas escolas estaduais. Havia orientações pelas equipes de supervisores que os erros apresentados nos cadernos dos alunos, palavras ou atividades não podiam ser corrigidos nem grifados e com isso caiu-se no extremo. Tudo o que aprendi na faculdade pouco pude aplicar em função das grandes mudanças na metodologia sendo que a faculdade não deu subsídios para trabalhar com alunos do ciclo I. Foi um período de novas buscas e aprendizado para me atualizar e propiciar aos pequenos alunos uma aula prazerosa. A frase “ensinar aprendendo” começou a fazer parte do meu cotidiano como o verdadeiro sentido da frase propõe.

Com a vinda para Araçatuba em 1992 pude então atuar no ciclo II podendo ministrar aulas nas disciplinas de Educação Artística e na disciplina de Desenho. Foi um dos períodos mais gratificantes na minha carreira, pois, na maioria dos dias saia da sala de aula com a sensação de dever cumprido, percebendo o retorno dos alunos através dos trabalhos e no envolvimento em sala de aula.

Com a possibilidade de dirigir uma escola particular de educação infantil, em 2004 me afasto da sala de aula para me dedicar ao trabalho junto a professores no acompanhamento das atividades junto aos pequeninos. Foram 10 anos atuando na formação e orientação junto aos professores e mais uma vez aprendendo a descobrir e conhecer o desenvolvimento e os mecanismos que levam a descoberta e o aprendizado em seres de tão pouca idade. Tudo diferente da minha formação acadêmica de professor de arte, apesar de o lúdico fazer parte do desenvolvimento da criança, novamente fui em busca do novo. Leitura de textos de Paulo Freire e Ana Mae subsidiaram boa parte do meu trabalho dentro da escola. Foram anos de muitas alegrias num trabalho gratificante e com um retorno imediato e espontâneo por parte das crianças.

Novamente retorno a sala de aula na minha profissão de professor de Arte na rede estadual como ACT. Esse foi o recomeço mais difícil. Salas de aulas lotadas quando acostumada a uma rotina de respeito e disciplina com os pequeninos, me encontrei envolvida com alunos indisciplinados, desinteressados da aula. Algumas dessas escolas não contavam com equipe gestora completa, estrutura física e o material deixava a desejar para um bom trabalho com os alunos. Por outro lado, eu também estava desatualizada com as novas propostas de ensino da rede estadual. A busca de cursos e mais cursos facilitou minha aprovação no concurso e, em 2006 me efetivei no cargo numa escola de periferia da cidade onde minha sede permanece até hoje. Em Junho de 2008 surge o convite para atuar como Professora Coordenadora da Oficina Pedagógica e onde permaneço até então.

Sei que muitas das mudanças que ocorreram dentro da Educação não fizeram parte de minha experiência. Colegas de sala que estão há muito tempo na função contam dos vários projetos que presenciaram numa busca incessante na melhoria do ensino e em acompanhar o desenvolvimento tecnológico que vivemos.

E vivemos em uma época em que a educação continuada de faz necessária para que um profissional da educação atue com qualidade, e é justamente esta busca que me trouxe para este curso de Pós Graduação, onde o encontro com teóricos que me ajudaram a crescer como professora e como coordenadora da oficina pedagógica e que agora compartilho um pouco das minhas reflexões no texto a seguir.

1. O ensino da arte: um ponto de partida

Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. (FREIRE, 1996, p. 46).

Paulo Freire nos faz pensar que é importante reconhecer a identidade cultural do sujeito aprendente no ato de ensinar, como fator que contribui na prática educativa. O homem é um ser predominantemente cultural, que transforma e é transformado pelo contexto a partir de sua capacidade criadora. Laraia (2001) explica esta questão:

O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. (LARAIA, 2001, p. 41)

A escola pode ( e deve) potencializar o poder criativo dos alunos por meio de inúmeras mediações. Há uma necessidade de se disponibilizar aos estudantes materiais que lhes permitam exercer a criatividade e a produção do conhecimento de maneira revolucionaria. Temos na cultura componentes de grande potencial nesse sentido e é de suma importância que saibamos utilizar da melhor forma.

A atividade da auto expressão é fundamental para o ensino das disciplinas e, principalmente para formação de cidadãos, ou seja, é primordial que o professor seja guia, inspirador e mediador do conhecimento. Podemos verificar, analisando alguns autores, a importância do ensino da arte como percurso de um desenvolvimento cognitivo psicossocial do aluno, preservando a identidade e realidade do contexto em que está inserido.

A arte tem uma grande importância na educação escolar e em geral ela tem função indispensável na vida das pessoas desde o início das civilizações, tornando-se um fator essencial de humanização. “Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário...” (MARTINS, M. et al, 1998, p.57)

Ferraz e Fusari (1999, p. 16) discorrem que, “a arte se constitui de modos específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo”.

Toda estrutura do sistema educacional: o planejamento, os métodos de ensino e de formação dos professores, a avaliação de resultados, devem ser estabelecidos envolvendo uma total convergência do que o aluno já sabe e o que precisa aprender. Nesta perspectiva, a Arte deixe de ser apreciada como uma atividade e passa a ocupar a categoria de “disciplina” de Arte, isto é de campo de conhecimento.

1.2. Conceitos dos PCNs sobre a Arte

A Arte, com seu conteúdo específico e como disciplina necessária e obrigatória na educação escolar, mostra-se, como destaca Matos (2005), como pólo dinamizador do currículo e seu maior

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