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INTERNET E REDES SOCIAIS UM NOVO CENÁRIO DE PODER

Por:   •  18/9/2018  •  1.464 Palavras (6 Páginas)  •  393 Visualizações

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Pessoas, empresas e instituições sentem a profundidade dessa mudança tecnológica, mas a velocidade e o alcance da transformação provocaram todo tipo de percepções utópicas e distópicas que, quando examinadas de perto por meio de pesquisa empírica metodologicamente rigorosa, acabam por não serem precisas.

Por exemplo, a mídia frequentemente relata que o uso intenso da Internet aumenta o risco de isolamento, alienação e afastamento da sociedade, mas a evidência disponível mostra que a Internet não isola as pessoas nem reduz sua sociabilidade; na verdade aumenta a sociabilidade, o engajamento cívico e a intensidade das relações familiares e de amizade, em todas as culturas.

A nossa "sociedade em rede" atual é um produto da revolução digital e algumas grandes mudanças socioculturais. Uma delas é marcado por uma maior atenção ao crescimento individual e um declínio na comunidade entendida em termos de espaço, trabalho, família e atribuição em geral. Mas individuação não significa isolamento, ou o fim da comunidade. Em vez disso, as relações sociais estão sendo reconstruídas com base em interesses individuais, valores e projetos.

Globalmente, o tempo gasto em sites de redes sociais ultrapassou o tempo gasto com e-mail em novembro de 2007, e o número de usuários de redes sociais ultrapassou o número de usuários de e-mail em julho de 2009. Hoje, sites de redes sociais são as plataformas preferidas para todos os tipos de atividades, tanto para negócios e pessoal, e a sociabilidade aumentou dramaticamente, mas é um tipo diferente de sociabilidade. A maioria dos usuários do Facebook visita o site diariamente, e eles se conectam em múltiplas dimensões, mas apenas nas dimensões que escolhem. A vida virtual está se tornando mais social do que a vida física, mas é menos uma realidade virtual do que uma virtualidade real, facilitando o trabalho da vida real e vida urbana.

Porque as pessoas estão cada vez mais à vontade na multidimensionalidade da Web, os comerciantes, governo e sociedade civil estão migrando massivamente para as redes que as pessoas constroem por si mesmas e para si. No fundo, os empresários de redes sociais estão realmente vendendo espaços em que as pessoas podem livremente e de forma autónoma construir suas vidas. Sites que tentam impedir a comunicação livre logo são abandonados por muitos usuários em favor de espaços mais amigáveis e menos restritos.

Talvez a expressão mais significativa dessa nova liberdade é a transformação da Internet para as práticas sociopolíticas. Mensagens não fluem apenas de poucos para muitos, com pouca interatividade. Agora, as mensagens também fluem de muitos para muitos, e de forma interativa. Desviando o governo e o controle corporativo de comunicação, redes de comunicação horizontais criaram um novo cenário de mudança social e política.

Movimentos sociais em rede têm sido particularmente ativos desde 2010, nomeadamente nas revoluções árabes contra as ditaduras e os protestos contra a gestão da crise financeira. Comunicação on-line e em particular sem fio ajudou movimentos sociais a representarem mais um desafio para o poder do Estado.

A Internet e a Web constituem a infraestrutura tecnológica da sociedade em rede global, e a compreensão de sua lógica é um campo chave da investigação. Apenas pesquisas acadêmicas nos permitirão cortar os mitos que cercam esta tecnologia de comunicação digital, que já é uma segunda pele para os jovens, e ainda continua a alimentar os medos e as fantasias dos que ainda não conhecem essa ferramenta.

Hoje muito mais do que informar, as redes sociais trabalham de forma a descentralizar o poder regido pelo Estado, pelas corporações e pela grande mídia. Sabe-se que a internet ainda não atingiu todos os brasileiros, especialmente os mais humildes, mas a expectativa de que o cenário vá aos poucos se modificando é uma esperança para essas pessoas que vivem desconectadas dessa grande ferramenta chamada internet.

Referências Bibliográficas:

BARRETO, Fernando: Mobilização Social. In: Para entender as mídias sociais. Org.Brambilla, Ana.

CASTELLS, Manuel. Communication Power. Oxford Univerty Press. 1999.

LEVY, P. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

MAIA, R. Redes cívicas e internet: do ambiente informativo denso as condições da deliberação pública. Belo, Horizonte: UFMG, 2002.

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