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EVASÃO ESCOLAR: UM OLHAR SOCIOLÓGICO

Por:   •  4/9/2018  •  4.317 Palavras (18 Páginas)  •  256 Visualizações

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A legislação brasileira LDB (1996) determina que seja responsabilidade da família e do Estado no dever de orientar a criança em seu percurso sócio educacional.

Porque esse elevado índice de evasão escolar? Qual é o papel da escola? Qual é o papel social do professor, sujeito histórico e agente transformador da sociedade de classe, atualmente na hegemonia neoliberal?

Autores, pesquisadores como Louis Althusser, Pierre Bourdieu, Jean Claude-Passeron, Roger Establet, entre outros, julgaram a escola como uma agência reprodutora da ordem econômica vigente, o sistema capitalista, assim sua função cultural de sustentar o sistema.

Segundo Althusser, o Estado labora duplamente como um aparelho ideológico e como um poder de força repressiva, configurando como instrumento de interesses da classe dominante. Assim o Estado esta á serviço da burguesia com objetivo a permanência no poder. O aparelho de Estado que define o Estado como força de execução e de intervenção repressiva pertence, portanto, à classe dominante e serve como instrumento de luta contra as possíveis resistências da classe dominada. (ALTHUSSER, 1970, p. 32).

No século XX a escola pública atuando fortemente na ideologia positivista, no qual o professor cumpriu seu papel de aprovar o desempenho dos incluídos e excluídos sociais, que aos primeiros conferia-se à aprovação e aos segundos à evasão e reprovação.

O objetivo da pesquisa, perante tal problemática que tanto tem inquietado os educadores comprometidos com uma educação libertadora, buscou através de uma pesquisa bibliográfica, fundamentos teóricos da sociologia que pudessem contribuir para a compreensão desse fenômeno.

Destacamos o fato de que estudar a temática da evasão escolar significa buscar desvelar as interfaces que esta questão estabelece com a efetivação de direitos hoje no Brasil.

É um desafio necessário à ação profissional de pensar em um projeto de pesquisa abrangendo as interfaces teóricas que nos faz indagar a realidade numa contribuição direta à construção do conhecimento.

A escola e a reprodução social de classes

Ao longo de nossa história há uma clara distinção entre a política para os filhos da classe dominante e uma política para as crianças e adolescentes pobres, na qual havia um claro favorecimento do acesso à educação formal aos filhos da elite, como as faculdades de direito, medicina e engenharia. Quanto aos pobres foram criados os orfanatos, as rodas de expostos, as casas de correção, as escolas agrícolas, as escolas de aprendizes, a profissionalização subalterna e a inserção no mercado de trabalho pela via do emprego assalariado ou do trabalho informal.

Neste contexto, o processo educativo das escolas também possui características que o tornam reprodutor das desigualdades sociais.

A qualidade da educação se destina a uma minoria privilegiada diferente daquela oferecida à maioria excluída.

Esse processo sutil segrega e marginaliza a classe excluída da classe dominante. Na realidade ela reproduz e intensifica as diferenças sociais e os valores da classe dominante.

[...] a escola é a instituição mais eficiente para segregar as pessoas, por dividir e marginalizar parte dos alunos com o objetivo de reproduzir a sociedade de classes (MEKSENAS, 2002, p. 71).

Essa segregação e reprodução estão presentes nos recursos financeiros, nas questões de tempo para estudar e frequentar atividades complementares, no acesso ao ensino superior entre outros.

Os jovens das classes populares reproduzem o drama de seus pais, pois deixam de viver sua fase de desenvolvimento para contribuírem na renda familiar.

Na contemporaneidade, os adolescentes vêm experimentando o gosto amargo das expressões históricas, intensificadas agora pelas transformações estruturais e conjunturais da modernidade.

A educação sempre foi planejada para manter os privilégios da classe dominante, formadora de mão de obra para o mercado de trabalho, reforçando a lógica de expropriação do capitalismo.

A escola se apresenta fora do contexto social dos menos favorecidos, reproduzindo a ideologia e cultura da classe privilegiada, como sendo os corretos. Karl Marx em seu livro A ideologia Alemã (1846), define essa ideologia como uma falsa consciência, uma “concepção idealista na qual a realidade é invertida e as idéias aparecem como motor da vida real” consistindo essencialmente nas idéias das classes sociais dominantes.

Podemos observar esse objetivo nos recursos utilizados nas escolas, como regras disciplinares, sistemas de avaliações, relações pessoais, que fazem parte dos ideais cotidianos da classe dominante.

Atuando essa forma a escola acaba reproduzindo a diferença de classes, formando cidadãos não críticos, submissos a uma classe privilegiada, culpabilizando a si mesmo pelo seu fracasso e conseqüentemente evadindo – se da escola na qual não se sente pertencente.

[...] a escola representa o instrumento mais completo de reprodução das relações de produção nessa sociedade. Ela reproduz a força de trabalho, qualificando os trabalhadores, justificando a desigualdade social, levando-os a aceitarem a distinção entre as classes. (VIEIRA, 1998, p. 64)

Observamos durante o período de estágio supervisionado, que na maioria da vezes, discursos, atitudes, demonstrações afetivas e disciplinadoras dos professores a serviço da reprodução social de classes. Cobra-se que os educandos tenham um estilo elegante de escrever, de falar e até mesmo de se comportar e que saibam cumprir adequadamente as regras da “boa educação”.

Segundo o autor Bourdieu define que no cerne de uma sociedade de classes existem diferenças culturais e por sua vez a classe dominante possui um determinado patrimônio cultural organizado em valores, normas de falar, forma de conduta, etc. No entanto as classes dominadas possuem outras características culturais para a manutenção enquanto classe.

Por sua vez a escola ignora estas diferenças sócios- culturais privilegiado as manifestações e os valores da classe dominante.

A escola, para os filhos da classe menos favorecida, rompe no que se refere aos valores e saberes de sua prática, na qual são desprezados, ignorados e desconstruídos na sua inserção cultural. Diante disso necessitam aprender novos padrões ou modelos de cultura.

Assim os filhos da classe dominante

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