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Arte e conhecimento

Por:   •  19/12/2017  •  10.372 Palavras (42 Páginas)  •  383 Visualizações

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Sabe-se que durante muito tempo, nas escolas, apenas a razão era valorizada como forma de se aprender, e as emoções, os sentimentos ficavam relegados a um segundo plano. Por conta disto, a arte era vista como algo de menos importância dentre as disciplinas ensinadas no ambiente escolar. As indagações a respeito do papel das emoções na aprendizagem levaram muitos estudiosos a pesquisarem e a questionarem sobre o assunto:

As emoções realmente atrapalham o desenvolvimento intelectual?

Razão e emoção não se completam mutuamente? E no tocante à arte - educação, qual é o seu verdadeiro papel no contexto ensino-aprendizagem e nos processos cognitivos?

Refletindo sobre essas questões, decidimos fazer uma investigação sobre o assunto, tendo como base às idéias de João F. Duarte Júnior, atual professor do Instituto de Artes da Unicamp e autor do livro Por que Arte-educação?, no qual se discute a arte como forma de educar.

De acordo com o autor, a arte é, portanto, uma maneira de fazer com que o indivíduo dê maior atenção ao seu próprio processo de compreender o mundo que está a sua volta. O predomínio do emprego dos elementos racionais, isto é, da inteligência e da razão, no processo cultural de nossa civilização - reforçado no ambiente escolar - prioriza apenas aquilo que é figurado de forma lógica e racional em termos de conhecimento. Neste contexto, devem-se aprender, em princípio, somente aqueles conceitos já "prontos", "objetivos", que a escola transmite a todos, indistintamente, sem levar em conta as características existenciais de cada um. E, neste caso, os educandos não têm a oportunidade de elaborar a sua "visão de mundo", tendo por base suas próprias percepções e sentimentos. Segundo Duarte Junior, é por meio da arte que se pode estimular a atenção de cada um para sua maneira particular de sentir e, através dela são elaborados todos os outros processos racionais.

Este estudo perfaz um caminho que busca compreender o sentido da arte-educação na produção de conhecimento abordando no Capítulo 1, o ensino da Arte, suas diferentes pedagogias e políticas; no Capítulo 2, a relação da Arte com o conhecimento; no Capítulo 3, a Arte no espaço educativo e por fim, no Capítulo 4, é enfocada a contribuição da Arte na produção de conhecimento.

II - OBJETIVOS

- Demonstrar o papel da Arte na educação com vistas no desenvolvimento cognitivo.

- Discutir e analisar a importância da Arte no contexto ensino-aprendizagem.

- Identificar a influência da Arte nos processos cognitivos.

III - METODOLOGIA

A finalidade deste trabalho foi realizar uma pesquisa bibliográfica com o intuito de obter uma análise teórica e crítica a respeito do tema proposto que é Arte, Ensino-Aprendizagem e Conhecimento. O levantamento bibliográfico em questão teve como fonte de pesquisa livros e artigos de periódicos que versam sobre arte e educação.

CAPÍTULO 1 - O ENSINO DA ARTE

“Só aprende aquele que se apropria do aprendido transformando-o em apreendido, com o que pode por isso mesmo, reinventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existentes concretas” (Paulo Freire).

1.1 As Diferentes Pedagogias

As tendências pedagógicas originam-se de movimentos sociais e filosóficos, num dado momento histórico, que acabem por propiciar a união das práticas didático-pedagógicas, com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer o conhecimento, sem, contudo querer ser uma verdade única e absoluta. Seu conhecimento se reveste de especial importância para o professor que deseja construir sua prática.

Segundo Fusari & Ferraz:

"... a concepção de arte pode auxiliar na fundamentação de uma proposta de ensino e aprendizagem artísticos, estéticos, e atende a essa, mobilidade conceitual, é a que representa e do exprimir." (1983.p.18)

Fusari ainda sugere que podemos propor mudanças que propiciem o desenvolvimento do fazer, representar e exprimir. Por isso, o professor deve estar a par das teorias e tendências pedagógicas ao problematizar suas questões do cotidiano e ao pensar sua prática, sem, contudo, estar firmemente preso a uma delas. Deve, antes de tudo, procurar o melhor de cada uma seguindo uma aplicação cuidadosa que permita avaliar sua eficiência. Os fundamentos da Arte-Educação são os pensamentos construídos cotidianamente conforme as experiências vividas nas situações de ensino aprendizagem, é a teoria que sustenta nossa prática, são os princípios; os conhecimentos organizados que contribuem para - e porque não dizer, determinam - uma prática arte-educativa consciente e de qualidade.

Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir sua prática embasado nelas, pois elas são elementos norteadores e não "receitas" prontas. Vemos que na prática escolar as condicionantes sócio-políticos exercem forte ascendência sobre as tendências pedagógicas.

A educação escolar, assim como o ensino da arte, são influenciados reciprocamente pelo contexto histórico-social de um povo. As práticas educativas aplicadas em aula são desenvolvidas pelos professores através das teorias da educação escolar (pedagogias). As teorias prevalecentes decorrem das necessidades sociais de um determinado momento histórico e têm o intuito de direcionar o trabalho do professor conforme suas concepções ideológicas e filosóficas sobre o que é educar.

Existem professores (educadores) que desenvolvem a educação escolar de forma idealística, considerando-a influente e capaz de mudar as práticas sociais, estes educadores pertencem à tendência idealista-liberal de educação escolar. Entretanto outro grupo entende a sociedade como agente determinante e modificador da educação, a qual se torna reprodutora dessa sociedade e incapaz de mudá-la, estes pertencem à tendência realista-progressista da educação escolar (Fusari & Ferraz, 2001).

Ao aprofundar-se na tendência idealista-liberal de educação escolar, observa-se que o ensino da arte baseou-se no último século em três diferentes teorias da educação, ou melhor, da pedagogia (Tradicional, Nova e Tecnicista), que surgiram em determinado momento histórico e influenciam até hoje as práticas na sala de aula, modificadas

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