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William Wilson: Do conto á adaptação

Por:   •  26/11/2018  •  1.399 Palavras (6 Páginas)  •  316 Visualizações

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A explosão final vem com a resolução do personagem, quando Wiiliam Wilson encontra seu sósia e resolve mata-lo. “Venceste e eu me rendo. Contudo, de agora por diante, tu também estás morto... morto para o Mundo, para o Céu, e para a Esperança! Em mim tu vivias... e, na minha morte, vê por esta imagem, que é a tua própria imagem, quão completamente assassinaste a ti mesmo (POE, 1981, p.119).”

O filme “Histórias Extraordinárias”(1968) é uma adaptação de três contos de Edgar Allan Poe, cada qual na visão de um diretor. “ Metzengerstein” foi dirigido por Roger Vadim, “Toby Dammit”, por Federico Fellini e “William Wilson” dirigido por Louis Malle.

Na adaptação “William Wilson” o cinegrafista Louis Malle mantém o ar sombrio e misterioso característicos de Edgar Allan Poe, porém com uma nova releitura. Os distúrbios psicológicos e a crueldade de William Wilson ficam mais evidentes. Se no conto tínhamos um William Wilson tendencioso á maldade, na adaptação ela se materializa num ser humano inescrupuloso e cruel.

Na primeira cena do filme a câmera é o foco narrativo, podemos ouvir passos que se misturam com uma trilha de suspense. Em seguida a câmera foca no rosto ensanguentado de um rapaz, que sugere ser William Wilson. A respiração ofegante alternadas a badaladas do sino da igreja já nos revelam um ser humano perturbado e aflito. Em seguida, há um jogo de câmeras. No foco subjetivo, ela representa a visão do personagem, em foco campo, a câmera passa a intercalar entre os olhos do personagem e o olhar do telespectador. Eis então que o personagem entra na igreja a procura um padre para se confessar. Nesse momento há flashbacks do personagem, é então que somos apresentados pela primeira vez a seu sósia.

Robert Stam caracteriza esse evento por “analepses externas”, histórias em flashbacks que voltam para um tempo anterior ao começo da narrativa ( STAM, 2006, p.37).

Eventos do conto podem ser modificados de acordo com a necessidade da adaptação. Como é o caso em que rapidamente no filme William passa para sua fase adulta. Se no conto temos varias paginas da descrição da infância do personagem, por ora no filme isso é demonstrado apenas em alguns minutos de uma cena.

O filme não segue uma ordem linear. Para Stam, “a sequencia linear em contraposição com a não- linear, na medida que uma história pode ser contada na ordem normal dos supostos acontecimentos ou “embaralhar essa sequencialidade”. Não seguir a ordem linear dos eventos certamente gerará “anacronias” ( STAM, 2006, p. 36).

Mais adiante, no filme, William Wilson aparece reproduzindo a aula de anatomia em uma mulher viva. Seu sósia aparece mais uma vez para punir sua atitude.

Na cena de jogos de azar Louis Malle troca o concorrente de Wilson por uma mulher, que ao perder o jogo é chicoteada pelo personagem .Seu sósia aparece mais uma vez e desmascara William Wilson quando entrega a fraude no jogo de cartas.

Na reta final, ao ser desmascarado William Wilson resolve ir atrás de seu duplo e depois de uma luta de espadas William Wilson finalmente fere seu sósia. Malle é fiel ao conto na cena em que Wilson mata seu sósia. Nesse momento, voltamos então ao padre dizendo que William Wilson deveria parar de beber. Essa cena pode provocar uma última duvida no telespectador sobre a existência desse duplo. Uma vez que ele mata seu sósia, como mataria a si mesmo e ainda assim estaria confessando seu crime/assassinato?

3 - Conclusão

Concluímos que há semelhanças e diferenças na construção do personagem William Wilson. No conto, Edgar Allan Poe explora mais a questão da dualidade do personagem. No audiovisual Louis Malle caracteriza a temática de Poe através de um personagem muito mais macabro que no conto.

4 - Referencias

POE, Edgar Allan. William Wilson. Trad.Oscar Mendes. Contos de terror, de mistério e de morte. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

STAM, Robert. Teoria e pratica da adaptação: da fidelidade á intertextualidade. Ilha de Desterro. N. 51, 2006.

WILLIAM WILSON, Histórias Extraordinárias, Filme, Direção de Louis Malle, França, 1968.

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