RESENHA: PARA UMA FILOSOFIA DO ATO RESPONSÁVEL

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Bakhtin afronta concretamente a questão de como seria possível considerar e descrever a arquitetônica segundo a qual se constrói e organiza a unicidade e a unidade de um mundo não abstratamente sistemático, mas concretamente arquitetônico sobre um plano avaliativo e espaçotemporal a partir do lugar único que cada um ocupa de modo insubstituível, enquanto centro participativo e não indiferente, na sua responsabilidade sem álibi. (BAKHTIN, 2010, p. 29).

O autor não elaborou uma obra didática, a fim de ser passada e ensinada na escola, mas algo que explora gradualmente as concepções que se encaixam em seu objetivo principal. Ele emprega o método dialético, discorrendo criticamente sobre o teoricismo e menciona a abstração universalizante excessiva das teorias de sua época, apresentando uma fenomenologia do ato responsável e sua análise do mundo da visão estética de forma autoritária.

Adotou como um ponto de vista metodológico o procedimento histórico e comparativo, considerando a modalidade geral, intensiva e analítica. Para a construção de argumentos é perceptível que foram utilizadas observações acerca dos conceitos proeminentes a ele, revelando suas reflexões e exaltando somente o que lhe convém. Para a coleta de dados, Bakhtin possivelmente acompanhou a história de vida de algumas pessoas e se inspirou no cotidiano delas.

Bakhtin, em Para uma Filosofia do Ato Responsável, adquire uma tese historicista-linguística que está começando a surgir de acordo com suas ideias heterogêneas. Ele ressalta a autenticidade e autonomia de quem trabalha em virtude de uma nova filosofia que leve em conta o evento, o acontecimento historicamente real e singular, qual explica os caminhos percorridos durante esse esboço (a obra em si) de extrema importância. Kant, Hegel, Kierkegaard, Husserl, Rickert, Spengler, Bergson, Dilthey, Simmel, Schopenhauer, Nietzsche, Cohen, Cassirer, estes são alguns dos autores de referência direta ou indireta, que o autor utiliza para a construção de sua obra.

Para uma Filosofia do Ato Responsável trata-se de uma obra de difícil acesso devido à sua complexidade por meio de diálogos filosóficos que penetram e constituem a teoria bakhtiana ao decorrer de seu pensamento intelectual. É uma obra que apresenta a singularidade, unicidade e alteridade, porém em um estilo fatigante e dificultoso.

Para entender com clareza, seria necessária uma análise profunda baseada nas demais obras do autor, e das teorias por ele apresentadas, sem interferências. Ou seja, leitura de cada obra em si, não de livros ou comentários sobre elas. Seriam necessárias também, algumas pesquisas e leituras sobre teóricos apontados no livro, utilizados por Bakhtin para exemplificar conceitos, ou para apontar criticar relacionadas ao assunto. As palavras de difícil compreensão, compondo assim uma linguagem rebuscada e complexa, já são um grande obstáculo para o leitor, que combinadas a algumas palavras faltosas, torna o livro um grande desafio em termos de assimilação para aqueles que se propõe a leitura dele.

Em contrapartida, o livro traz uma temática de grande valia para muitas áreas, pois trata de uma visão que pode auxiliar na construção de mais estudos sobre o papel linguístico e social do individuo em relação ao coletivo e o que ele trás com seus erros e acertos.

Analisando toda a estrutura da obra, conclui-se que, é recomendada a estudantes das ciências humanas, e quem deseja aprofundar-se ainda mais na obra do autor, pois trata do começo de um grande projeto que nos leva a compreender melhor aquilo que ele propõe.

REFERÊNCIAS

MITIDIERI, André Luis. Para uma filosofia do ato: base filosófico-linguística da reflexão bakhtiniana. Passo fundo: Revista do programa de pós-graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo, 2012.

AMORIM, Marilia.Para uma filosofia do ato: “válido e inserido no contexto”. In: Bakhtin: dialogismo e polifonia. São Paulo: Editora Contexto,2009.

FIORIN, J. L. ResenhaBakhtiniana. São Paulo: v.1, nº5, p. 205-209, 1º semestre, 2011.

SZUNDY, Paula TatianneCarréra. Educação como ato responsável:a formação de professores de linguagens à luz da filosofia da linguagem do círculo de Bakhtin. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tla/v53n1/v53n1a02.pdf>. Acesso em: 17 de Maio de 2016.

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