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O Histórico e Romantismo no Brasil

Por:   •  26/12/2018  •  2.783 Palavras (12 Páginas)  •  497 Visualizações

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se adaptou aos sentimentos nacionalistas da época, ou seja, revestiu-se de um expressivo cunho nacionalista, logo após a nossa independência política, o que reforçou a busca de elementos caracterizadores e diferenciadores da nossa nacionalidade, começando por adotar como tema central o Indianismo. Daí o forte sentimento de fidelidade à pátria e às suas tradições e a criação de símbolos que pudessem ser adicionados à consciência nacional e passassem a representar o país, entre eles, o índio, a natureza e a linguagem, consoante com as palavras de Bernardo Ricupero (2004, pg. 79):

Assim como o romantismo europeu, o romantismo latino-americano é principalmente uma reação ao fim do Antigo Regime. Sua confusa tarefa, nos dois lados do Atlântico, será, dessa maneira, tanto destruidora como construtora. Considera que é preciso pôr fim às antigas formas políticas, estéticas e de pensamento, substituí-las por formas novas, reagir a essas novas criações etc.

O índio substitui os heróis da Idade Média adotados na Europa, pois simboliza o elemento puro e é o único brasileiro do passado, sendo, portanto, o representante da raça brasileira com as virtudes do homem nacional, como elementos de autoafirmação e, de certa forma, de oposição ao português colonizador.

Na literatura romântica brasileira, o índio é caracterizado de forma nobre, fazendo de certa forma analogia ao cavaleiro medieval europeu. A exuberância tropical da natureza brasileira era um dos símbolos românticos preferidos; nos movimentos literários anteriores, os escritores mantiveram-se presos aos moldes portugueses, porém, no Romantismo, e, sobretudo com José de Alencar, a linguagem busca o elemento nacional, dessa forma, incluem-se regionalismos, termos indígenas, expressões e construções de caráter brasileiro.

Não obstante, o nacionalismo romântico e a procura do passado dificultaram diversas vezes uma perspectiva objetiva da realidade brasileira, e assentiram uma fuga aos problemas do país e da população. O louvor do índio, por exemplo, extraviava o foco de uma análise crítica da escravatura.

Somente em 1860, com Castro Alves, que a poesia debruçou-se sobre a realidade política e social, juntando-se às lutas pelo abolicionismo e denunciando o embate entre os símbolos e a realidade social.

3. Características gerais do Romantismo, produções artísticas e linguagem romântica:

De maneira geral, a literatura romântica tem como características: o individualismo e o subjetivismo – em oposição ao universalismo e objetivismo dos clássicos, ou seja, o romântico dá ênfase ao seu mundo interior; o nacionalismo – na Europa o cultivo ao passado medieval, enquanto que no Brasil o que se desenvolve é o indianismo, justamente por falta desse passado, o índio é que passa a ser o herói nacional; o culto da natureza; a evasão ou escapismo – resultante da divergência do eu com a realidade, que acarreta no romântico um desejo de fuga deste mundo situado no espaço e no tempo (paisagens novas, primitivas ou exóticas) o que acaba gerando o saudosismo, o sonho, a consciência da solidão e o exagero; a idealização da mulher e do amor.

A produção artística romântica no Brasil é rica e variada; os principais gêneros cultivados foram a poesia, o romance e o teatro.

No romance, os autores que se destacaram são Joaquim Manuel de Macedo; Manuel Antônio de Almeida; José de Alencar; Bernardo Guimarães; Visconde de Taunay; Franklin Távora e Machado de Assis (em sua primeira fase).

No teatro, se destacam Martins Pena; França Júnior e Artur Azevedo, e, por fim, na poesia, destacam-se três grupos, a saber, Primeira Geração – Nacionalista, com Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias, essa fase era fortemente nacionalista, pregava a aversão à influência lusitana, intensa religiosidade, misticismo e indianismo; a Segunda Geração “Ultra Romântica” – Individualismo, pessimismo, escapismo, mal do século, melancolia, noturnismo, poesia lírica subjetivista; e a Terceira Geração Social, Liberal ou Condoreira – aprofundamento do caráter nacionalista, liberalismo, poesia de forte cunho social e político.

A linguagem romântica caracteriza-se pelo transbordamento de expressão: poemas longos, repetições e recursos que revelam o estado emocional do artista, como por exemplo, exclamações, reticências, antíteses, metáforas e hipérboles. São palavras constantes no universo romântico: luar, amor, noite, saudade, verde, ilusão, pranto, suspiro, dor, virgem, rosa, sonhos, noite, lágrimas etc. Consoante com Afrânio Coutinho (1986, pg.7):

Ao contrário do clássico, quem é absolutista, o romântico é relativista, buscando satisfação na natureza, no regional, pitoresco, selvagem, e procurando, pela imaginação, escapar do mundo real para um passado remoto ou para lugares distantes ou fantasiosos. Seu impulso básico é a fé, sua norma a liberdade, suas fontes de inspiração a alma, o inconsciente, a emoção, a paixão. O romântico é temperamental, exaltado, melancólico. Procura idealizar a realidade, e não reproduzi-la.

Os românticos defendiam uma linguagem simples, mais coloquial e livre das prisões da sintaxe clássica, e alguns românticos brasileiros procuram fixar à língua portuguesa um modo próprio, que fosse capaz de refletir a realidade brasileira.

4. Uma análise sobre “O Guarani”, de José de Alencar, dentro do contexto romântico brasileiro

Como já estudamos sobre o contexto e produções do Romantismo, passemos agora para uma breve análise da obra “O Guarani” (1857), de José de Alencar. O autor é conhecido como o maior prosador do romantismo brasileiro. Seus romances abrangem vários temas: urbano, indianista, regionalista e histórico. Realizou obra imensa tendo escrito ainda peças teatrais, crônicas, depoimentos e poesias, mas o que o distingue na literatura é mesmo o romance, principalmente o romance indianista.

O autor investigou as lendas, as histórias, os costumes da sociedade, a política e a vida colonial. Seus principais temas eram o homem e a terra brasileira, o Brasil rural e o das grandes cidades. Sua obra separa definitivamente a literatura brasileira da portuguesa, pois, já que o conteúdo era nacional, a maneira de expressá-la também o era – o autor procurava uma sintaxe brasileira, introduzindo composições tipicamente nacionais e palavras indígenas; de acordo com Afrânio Coutinho (1986, pg. 25): “No Brasil, a valorização da história e do passado nacional constituiu uma das mais importantes atividades durante

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