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TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE FONÉTICA DO POEMA FILETES DE CRUZ E SOUSA

Por:   •  16/2/2018  •  1.609 Palavras (7 Páginas)  •  1.215 Visualizações

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BASE TEORICA

A Sociolinguística é estudo do comportamento linguístico dos membros de uma comunidade e de como ele é determinado pelas relações sociais, culturais e econômicas existentes, o seu objeto de estudo é a variação linguística, definida como a língua em seu estado permanente de transformação. Para Bagno (2008, p. 40), um dos postulados básicos da Sociolinguística é de que a variação não é aleatória, fortuita, caótica, muito pelo contrário, ela é estruturada, organizada, condicionada por diferentes fatores extralinguísticos como: a origem geográfica, o status socioeconômico, o grau de escolarização, a idade, o sexo, o mercado de trabalho e as redes sociais, ou seja, as variações linguísticas estão associadas à localização social e espacial dos informantes, por isso é necessário caracterizá-los. A informante carioca nasceu em Cabo Frio no estado do Rio de Janeiro, seu sexo é feminino, idade é de 23 anos e estudou até o ensino médio. O paulista nasceu em Santa Cecília no centro de São Paulo, seu sexo é masculino, idade é de 34 anos e possui nível superior.

ANÁLISE DAS VARIANTES “S” E “R” NA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA DO POEMA FILETES DE CRUZ E SOUSA

Com base nas informações acima, será analisado foneticamente o poema de Cruz e Sousa. A primeira informante tem como característica principal o som do “s” chiado, representado pelo símbolo [ʃ], típico do carioca; e o segundo, reproduzirá o som de r-retroflexo, conhecido pejorativamente como r-caipira, representado pelo símbolo [ɻ], característico de um paulista.

A transcrição fonética carioca é à esquerda e a direita está a paulista.

[ʤɪ ᴋɾa’vʊʃ ʤɪ xɔ’zɐʃ]

[ʤɪ li’ɾjʊʃ pexfu’mɪʃ]

[ʤɪ bej’ʒʊʃ siu’mɪʃ]

[ʤɪ kojzɐʃ’ foɦ’mɔzɐʃ]

[ʤɪ kã’tʊʃ sua’vɪʃ]

[ʤɪ mu'zikaʃ vĩ’ɲʊʃ]

[ʤɪ aɾɔ’mɐʃ aɦ’mĩɲʊʃ]

[dʊʃ tɾi’nʊʃ dɐz´avɪʃ]

[daz’ sismɐʃ xadia’dɐʃ]

[ʤɪ’speɾãsɐʃ ala’dɐʃ]

[pʊx va’gʊʃ iʃkõm’bɾʊʃ]

[sãʊ fej’tʊʃ sãʊ fej’tʊʃ]

[teʊz’ɔʎʊʃ pexfej’tʊʃ]

[xeplɛ’tʊʃ ʤɪ asõm’bɾʊʃ]

[ʤɪ ᴋɾa’vʊs ʤɪ hɔ’zɐs]

[ʤɪ li’ɾjʊs peɻfu’mɪs]

[ʤɪ bej’ʒʊs siu’mɪs]

[ʤɪ koj’zɐs foɻmɔ’zɐs]

[ʤɪ kã’tʊz sua’vɪs]

[ʤɪ mu'zikas vĩ’ɲʊs]

[ʤɪ aɾõ’mɐs aɻmĩ’ɲʊs]

[dʊs tɾi’nʊs dɐz’avɪs]

[das sis’mɐs hadia’dɐs]

[daz’espeɾãsɐz’aladɐs]

[pʊɻ va’gʊz’iskõm’bɾʊs]

[sãʊ fej’tʊs sãʊ fej’tʊs]

[teʊz’ɔʎʊs peɻfej’tʊs]

[heplɛ’tʊs ʤɪ asõm’bɾʊs]

O Brasil é um país de grande mistura de povos, estilos, jeitos de ser e falar. Quem viaja pelo Brasil observa os sotaques, costumes e culinária local e observa também que em cada região, cada Estado há um jeitinho todo peculiar de viver.

A fala do Rio de Janeiro é, pois um conjunto de variedades regionais, resultante de uma interação linguística, um instrumento de comunicação social maleável e diversificado em todos os seus aspectos, utilizado por indivíduos de origens diversas, numa sociedade diversificada social, cultural e geograficamente.

Assim, daremos inicio a análise do “s” chiado, o [ʃ], da informante carioca, e a produção das palavras com som de “s” do informante paulista representado foneticamente pelo próprio [s]. Além do “s” chiado, típico do carioca, e o som de “s” produzido por um paulista que aparece em alguns versos do poema, esses, tratam-se de consoantes fricativas, sendo o [ʃ] uma fricativa alveopalatal desvozeada e o [s] uma fricativa alveolar desvozeadas, então, percebe-se que muda apenas modo articulador de ambas, a primeira é produzida com a parte anterior da língua, ou seja, a língua vai ficar parte média do palato duro e a segunda, a lâmina da língua vai tocar nos alvéolos. Elas também são conhecidas como sibilantes ou como chiantes (as pós-alveolares).

Podemos observar no poema transcrito, que a informante carioca marca bastante as palavras que possuem “s” com som chiado, por exemplo, em [iʃkõmbɾʊʃ], o “s” chiado representado pelo símbolo [ʃ], marca o meio e o final da palavra. Ao passo que o outro informante paulista produz o som de “s”/ [s] como, por exemplo, em [hɔzɐs]. É possível observar também que palavras finalizadas com “s” e em seguida outra palavra inicia com uma vogal, o som de quando são pronunciadas juntas é de [z], por exemplo, dɐz’avɪs ou em [teʊz’ɔʎʊs], embora tenha um som fonético de [z], elas são escritas com “s”, como: “das aves” e “teus olhos”, esse fenômeno só ocorre na fala. Portanto, vimos que o informante paulista e carioca, embora tenha suas diferenças na pronuncia das palavras, ambas tem algo em comum na produção de “s” com o encontro de uma vogal.

Por fim, analisaremos os róticos ou sons do “r” contemplam, no português brasileiro, as produções de tepe, vibrante, retroflexo.e fricativas, constituem-se numa classe de sons com diferentes modos de articulação.

No poema acima, outro fonema que merece destaque nessa análise é o “r” retroflexo do informante paulista, esse “r” retroflexo é bastante estigmatizado socialmente, conhecido como “r” caipira representado pelo símbolo [ɻ], essa variante é caracterizada pela elevação da sublâmina da língua em direção à região alveolar, enquanto a ponta da língua se curva

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