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A outra volta do parafuso - A voz do narrador: suas funções, suas memórias

Por:   •  18/4/2018  •  1.537 Palavras (7 Páginas)  •  364 Visualizações

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A governanta parece frágil, se escreve para ter um leitor. Ela é verdadeira. Escreve o manuscrito, tão-somente que parece que não foi pouca coisa para ela. Pode-se admitir que ela imaginara que alguém leria seus escritos.

Sob essa ótica, há dois modos de narrar: o contar e o mostrar, como explícito no corpus do texto. O contar possui sete funções:

- função comunicativa: dirigir-se ao leitor (narratório) “caro leitor...”. Agir sobre ele, contato, direcionar.

- função metanarrativa: consiste em comentar o texto apontando para a organização interna.

- função testemunhal: “eu conheci...”. “o que estou contando é verdade...”. manifesta certeza ou de distância que o narrador mantém em face da história contada.

- função modalizante: (exemplo, a obra “O coração das trevas”) manifesta sentimentos que a história desperta no narrador.

- função avaliativa: (julga) manifesta o julgamento do narrador sobre a história, as personagens.

- função explicativa: consiste em dar ao narrador as informações necessárias para compreender o que vai se passar – explicar os mínimos detalhes.

-função generalizante ou ideológico: o narrador interrompe a narrativa e emite suas ideias sobre ela (juízos abstratos, opiniões)- “A avareza traz...”.

O ‘contar’ adere: o narrador heterodiegético e homodiegético- o narrador personagem. Já o ‘mostrar’ adere o diálogo, descrição, procedimentos para mostrar, o narrador está escondido. A narrativa moldura tem uma função explicativa. Ela dá percepção à história que vou ler, uma espécie de metodologia para ‘como ver’.

Fantasmas existem? O que vê é real ou projeção? Ou é paranoia? Tanto que existe um suspense em relação á própria história, põe em dúvida a própria existência. A credibilidade.

“A escolha do romancista não é entre duas formas gramaticais, mas entre duas atitudes narrativas (cujas formas gramaticais são apenas uma consequência mecânica: fazer que a história seja contada por uma de suas personagens ou por um narrador que é estranho à histórica)”[1]. Não existe a objetividade, mas a subjetividade do narrador. Subjetividade sobre o qual se trata da interpretação. Recriação histórica. Mas as coisas, no campo da narrativa de ficção não são bem assim, porque em muitos romances e novelas, há um desajuste entre aquilo que a personagem diz e aquilo que o narrador conta/narra. Não é idêntica a palavra de uma personagem que fala e um narrador que conta ainda que ambos digam “eu”.

Por fim, a governanta é a narradora de sua própria história. Ela viveu experiências, e inicia seus relatos a partir de quando foi à propriedade. De maneira que imagina coisas, ocorrendo o questionamento, tanto por parte da personagem quanto pelos leitores. As diversas funções que o narrador possui na novela, assim como seus diversos narradores, têm por objetivo levarem os leitores ao mundo fictício, ou seja, ao universo que o próprio narrador cria, levando-nos a acreditar no que vemos. Acompanhamos do início ao fim a trajetória dos três personagens, que pela narrativa moldura, uma história se encaixa na outra. O “eu”, a partir de suas experiências de vida conta o que ouviu de Douglas, e Douglas a partir de suas experiências conta o que leu nos manuscritos da Governanta. A prova disso se dá pelo prólogo, sobre o qual temos momentos de suspense de uma noite de natal e de umas noites na propriedade. Pode-se se concluir que o universo sombrio de Henry James permeia todo enredo: no início, numa noite de natal depois na casa sombria. Tanto que as imaginações da governanta, ou não, critério dos leitores, faz com que indagamos as percepções da governanta. Até que ponto confiamos na credibilidade da história? Isso cabe ao leitor, isto é, a sua interpretação, e à sua percepção de mundo. Existe um suspense em relação à história, pondo em jogo à própria existência do que de fato ocorreu.

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