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A DOCÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE

Por:   •  2/3/2018  •  6.334 Palavras (26 Páginas)  •  509 Visualizações

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Mas, giz e bisturi possuem também alguma analogia.

São apenas instrumentos e nada podem sem ação e intenção de quem os usa. Um giz largado e esquecido na margem da lousa não serve para quase nada, não ensina ninguém; um bisturi guardado em seu belo estojo ou esquecido em mesa cirúrgica não salva paciente, não ajuda a preservar vida de quem quer que seja. O giz sem o professor é quase nada, o bisturi distante do cirurgião possui discutível utilidade. O que torna o giz capaz de pensamentos e a ousadia da compreensão e da significação é seu uso pelo professor, o que torna o bisturi recurso essencial de salvação e muitas vezes esperança de preservação de vida é o cirurgião.

É por essa razão que o bisturi reúne em sua insensibilidade material o tudo ou o nada, o poder ou a ausência. Por igual motivo, também o giz é recurso mineral que sem o manejo do mestre é peça inútil ou faz milagres ao sensibilizar razões, determinar esperanças. Um bisturi mal usado é um perigo e se transforma em arma, mas não será por acaso uma arma também o giz mal utilizado?

Médicos admiráveis são verdadeiros santos em sala cirúrgica com bisturi na mão; mestres essenciais são mágicos autênticos em sala de aula, segurando o giz. Impossível saber qual recurso é mais importante; mas facilmente comparável sua grandeza quando envolvem intenções sinceras, propósitos essenciais.

Um grande professor em sala de aula e manejando seu giz é como um médico essencial, em centro cirúrgico, com bisturi na mão. (ANTUNES, 2007)

Esse texto, do intelectual Celso Antunes (2007), ilustra muito bem o tema a ser estudado neste trabalho de pesquisa. Serão discutidas as principais questões que prejudicam o bom desempenho do educador e, consequentemente, a qualidade da educação, do que depende diretamente a integridade moral e o progresso de uma sociedade, pois o trabalho pedagógico é um dos principais agentes formadores do caráter e do posicionamento do indivíduo perante a sociedade. Além disso, pretende-se analisar brevemente os aspectos históricos que vêm influenciando as práticas pedagógicas no Brasil, e expor propostas que visem à melhoria da qualidade do trabalho do educador, da relação entre escola, aluno e família.

A vivência e a prática escolar permitem observar que os educadores, por mais competentes, bem formados e dedicados que sejam, estão falhando (CURY, 2012). As relações entre professor e aluno, escola e professor e escola e família vêm perdendo força ao longo dos últimos anos e o resultado disso é o preocupante quadro em que se encontra, atualmente, a educação em nosso país. Acredita-se que esse distanciamento é decorrente do fato de o mundo e as pessoas estarem em plena e constante transformação, e o professor permanecer estático em suas práticas e pensamentos, o que desestimula, desvaloriza e praticamente aniquila o interesse do aluno pelos conhecimentos que circulam no ambiente escolar.

Educar é uma das mais respeitáveis, nobres e essenciais tarefas humanas (Ibidem). Orientar crianças e jovens durante seu crescimento e o desenvolvimento de sua personalidade, seus gostos, hábitos, valores, comportamentos e ações é de fundamental importância para que tenhamos adultos comprometidos com o harmonioso progresso da sociedade. Ressalta-se que orientar não significa manipular; o que se deseja são alunos capazes de observar o mundo, estabelecer relações e produzir conhecimento a partir disso, não meras máquinas de reprodução que simplesmente ecoam o que lhes é exposto.

Por esse motivo, a decisão pela carreira de educador requer, acima de tudo, a noção do quão importante é a ação do professor na vida das pessoas. Se positiva, pode abrir as portas do conhecimento, da imaginação, da criatividade, do sentimento de altruísmo e do desejo de melhorar a sociedade. Se negativa, porém, tem o destruidor poder de formar homens e mulheres insensíveis, desprovidos das habilidades e capacidades básicas para a convivência social, o que pode ser devastador, ao longo do tempo.

Vivemos em uma era em que as informações circulam na mesma intensidade com que se transformam, e as crianças e jovens frutos desse intenso fluxo de imagens, sons, opiniões diversas, certezas e incertezas não podem ser formadas por um sistema que não respeita, ou sequer reconhece, suas múltiplas capacidades de construção e reconstrução do conhecimento, baseado naquilo que veem, ouvem, sentem, pensam e recebem do mundo exterior (SALLA, 2012). Dessa forma, o educador contemporâneo deve estar ciente de que o seu papel na sociedade atual não é mais o mesmo de anos atrás, e que a renovação permanente de seus conhecimentos e de sua postura profissional é condição sine qua non para o sucesso da educação escolar.

Pretende-se, neste trabalho, apontar e refletir, à luz de teóricos da educação e com base em vivências no ambiente escolar, sobre os principais pontos que prejudicam a fluidez harmoniosa do exercício da docência, e as características que o profissional da educação da atualidade deve ter para que exerça suas funções de modo a atender e, quiçá, superar as necessidades e perspectivas dos estudantes, que hoje estão na escola e amanhã estarão no mundo. A qualidade da atuação dessas pessoas na sociedade é diretamente proporcional à qualidade da educação a elas oferecida, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.

Dessa forma, o professor pode e deve ser o elo entre os agentes da educação, e o fomentador de práticas e reflexões que visem a compartilhar as responsabilidades e promover a melhoria do trabalho da equipe pedagógica.

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- BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO E DA ATUAÇÃO DO PROFESSOR AO LONGO DA HISTÓRIA

Segundo Souza (2012), o ato de ensinar é mais antigo que a escola e até mesmo que a escrita. Nos primórdios da história humanidade, o conhecimento até ali acumulado era transmitido oralmente, por pessoas comuns, muitas vezes em praça pública. No Antigo Egito começou a se sentir a necessidade de pessoas especializadas para a função de ensinar e da institucionalização do conhecimento, com o objetivo principal de preservar a profissão do escriba, para a continuidade dos registros sobre a vida dos faraós e da sociedade egípcia. Na Grécia Antiga, houve duas linhas principais de ensino: a espartana, que se preocupava prioritariamente com o desenvolvimento físico da criança, com fins militares, e o responsável por isso era um tutor, amigo da família

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