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SER PROFESSOR NA CONTEMPORANEIDADE: UMA ANÁLISE DA VISÃO DE BERNARD CHARLOT

Por:   •  12/2/2018  •  1.634 Palavras (7 Páginas)  •  283 Visualizações

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Ao pensarmos na escola como uma instituição universalista (visto que precisa divulgar saberes sistematizados) nos chocamos com a necessidade de evidenciar as diferenças culturais além de demonstrar as diferenças entre os alunos. Dessa forma, para a instituição existem alunos preguiçosos, fracos e dedicados e as notas precisariam ser também diferenciadas.

Chegamos ainda ao ponto da necessidade de autoridade visto que para se educar é necessário se normatizar e exigir. Mas deve-se balizar essa disciplina através de simpatia para os jovens. Além disso a relação de cidadania, respeito mútuo nas relações deve ser construída. Porém não se deve obrigar o professor a gostar de todos os alunos visto que numa escola democrática o ensino é dado àqueles de que se gosta ou não. Além disso a escola é local de direitos e deveres e não de sentimentos.

Por último nessa lista de contradições temos a existência do vínculo da escola com a comunidade onde está inserida. Salientemos que a escola fala aos alunos de objetos que não estão inseridos no mundo destes e culmina na objetivação do mundo. Temos também a questão do professor que busca sempre realçar sua figura de docente até mesmo longe das salas de aula. Charlot evidencia isso por exemplo ao comentar ser “esquisito” (2008 p. 30) para o aluno encontrar o professor no supermercado ou em atividades cotidianas.

Do ponto de vista do professor, este também interioriza esta questão de ser docente, ser professor ao construir por exemplo sua relação com o dinheiro deixando o saber como mote principal e o dinheiro em segundo plano quase que reforçando o pensamento do professor ser mal remunerado. Temos na verdade a escola como um local universal e universalista, porém também tem sua especificidade. Esta deve ser sim inserida e absorvida pela comunidade que está inserida, mas ao mesmo tempo deve manter-se como o local propício para o distanciamento do mundo.

A construção do docente

É interessante como a universidade sendo um local de construção, diálogo e busca do conhecimento e formação de professores cai em um contraponto. Enquanto que na educação básica temos a preocupação fundamental de preparar os docentes através de cursos de licenciatura condicionando-os com conhecimentos pedagógicos, temos no ensino superior a preparação dos docentes através de cursos de mestrado e doutorado.

Ora, a pós-graduação permite ao futuro professor um conjunto de conhecimentos técnico-científicos que lhe permitirão trabalhar com mais propriedade em um campo específico do conhecimento. Porém para a formação holística desse profissional interessante seria também uma preparação didático-pedagógica. Teixeira (2009 p. 30) ressalta a máxima “quem sabe, sabe ensinar” ao comentar da ausência de normatização na preparação pedagógica para aqueles que ingressem na carreira de docência superior. E a docência é algo mais complexo e exige conhecimentos além do mero campo específico de estudo.

Não basta “dominar o conhecimento” para garantir a efetividade de uma aula mas deve existir a preocupação também sobre a forma como isso será trabalhado, como trabalhado por exemplo por Roldão (2005, apud CHARLOT, 2008, p. 31):

Tal como nas universidades medievais, redutos únicos do saber disponível, continuou a perpetuar-se a idéia de que se ensina porque se sabe. Só mais tarde o saber sobre o como ensinar - os saberes pedagógicos e didáticos - assumiram alguma visibilidade 21

Cabe aos professores entender o processo formativo e não simplesmente entregar a estes um “manual” com um conjunto pronto e pré-definido de formas de trabalho. Entendamos que os saberes necessários para a prática docente são plurais e heterogêneos além de pluridimensionais, conforme Teixeira (2009 p. 32). Chegamos então à necessidade da formação continuada e como isso auxilia aos professores interiorizarem estes diferentes saberes capacitando-os a conduzirem seu labor da melhor maneira possível.

Através da reflexão sobre suas práticas e trocas de experiências que o professor conseguirá compreender o fenômeno educativo e alcançar sua autonomia profissional. Apenas para ilustrar citemos alguns objetivos, conforme Teixeira (2009 p. 35) que podem ser trabalhados em diversas perspectivas:

- Educação e conhecimento

- Profissão e profissionalização docente

- Os espaços de ensino-aprendizagem

- Planejamento educacional e avaliação da aprendizagem

- Relação professor-aluno

Além disso, cabe ressaltar que o próprio memorial de escrita é também citado como um gênero textual valorizado e uma poderosa ferramenta para o professor ter a oportunidade se dirigirem seu processo formativo

Algumas considerações

A partir da análise dos dois textos é importante cultuarmos a reflexão sobre a prática docente. Não basta simplesmente ao professor deter o conhecimento técnico necessário, mas sim deve existir uma preocupação de como isso será trabalhado.

Além disso é também importante considerarmos os pontos de vista dicotômicos inerentes à profissão docente e buscarmos a inserção da escola na comunidade, o pensamento na abordagem construtivista e tradicional de forma conjunta além é claro de respeitar as diferenças e heterogeneidades da escola, mas sem deixa-la perder o cunho universalista como cátedra do conhecimento. É através da desconstrução, diálogo e desenvolvimento de uma relação dinâmica com as instituições que o professor será capaz de formar não somente alunos mas formar pessoas com valores sólidos e respeito à vida.

REFERÊNCIAS

CHARLOT, B. O professor na sociedade

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