A CULTURA DO POVO E EDUCAÇÃO POPULAR

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As ideias e iniciativas voltadas para a implantação de uma educação elementar para todos os habitantes surgem muito cedo no Brasil. No ano de 1824, a constituição outorgada garantia a instrução primária gratuita a todos os cidadãos. Em 1827, determinava a criação das escolas de primeiras letras em todas as cidades, lugarejos e vilas mais populosos, mas eram poucas as escolas existentes, pois as disposições legais foram retiradas. Vários foram os fatores que explicam o insucesso das leis, mas também pela falta da busca de instrução entre a maioria dos habitantes. Desenvolvida no âmbito de um pensamento liberal, a educação comum para todos os cidadãos era entendida pelas elites intelectuais que dela se ocupam, a princípio como um direito de todos e mais tarde como um dever de todos, pois tinham que se preparar para a construção da sociedade. Assim, a educação era entendida como exigência individual e social e os indivíduos deviam ser levados a ter consciência de suas exigências educacionais, mesmo quando este processo de conscientização implicasse certo grau de coerção sobre as consciências.

A educação de base era o processo educativo dedicado a proporcionar a cada indivíduo os instrumentos ao domínio da cultura como a leitura, a escrita, a aritmética elementar, noções de higiene, ente outros, para o homem se desenvolver e procurar melhor ajustamento social e poderia ser uma mera alfabetização.

O programa Nacional de Alfabetização de 1964 apresentava características opostas dos anteriores de educação popular, porém este foi norteado segundo o método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos. Além de ler e escrever, o grupo discutia situações como o papel ativo que cabia aos homens na criação de suas próprias condições de existência, a entender que poderiam atuar na modificação dessas condições de vida e situar a importância da linguagem escrita nesse processo, etc. Paulo freire conduzia uma educação para a liberdade e não poderia prescindir do exame das barreiras econômicas, jurídico-políticas e ideológicas que impediam ou dificultavam o acesso do povo ao exercício da liberdade.

Diante de tantas transformações na história da educação, podemos dizer que o processo educativo é multidimensional, pois pode ser examinado sob perspectivas diversas, mas é no campo da política que se esclarecem as suas determinações mais importantes. A expressão educação do povo, também somente explicita os seus conteúdos mais profundos quando é analisada sob essa perspectiva. Quando o termo popular especifica movimentos educacionais promovidos pelas elites cultas do país tem em vista integrar, homogeneizar para assim diluir. Visa transformar situação de classe em situação de massa, de povo, de cidadão comum.