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CHAPEUZINHO VERMELHO: UM OLHAR DA PSICANALISE

Por:   •  23/10/2018  •  1.952 Palavras (8 Páginas)  •  1.927 Visualizações

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(FREUD, 1923, p. s/n)

Para Bettelheim (2002) Chapeuzinho possui algumas questões cruciais, como uma menina com idade escolar tem que lidar com ligações edípicas que lhe atormenta o inconsciente, o levando expor perigosamente seus desejos sexuais recalcado, a personagem é tomada pelo princípio do prazer.

- CHAPEUZINHO VERMELHO: UM OLHAR PSICANALÍTICO

O conto Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault, foi publicado pela coletânea de Contos Mamãe Gansa (1697). Segundo Bettelheim a história verdadeira da Chapeuzinho Vermelho foi criada em inglês e o nome atribuído a esta era “Capinha Vermelha”, com a tradução feita pelos irmãos Grimm na nossa língua portuguesa, eles escolhem o título como “Chapeuzinho Vermelho”. Deste modo a versão de Charles Perrault é uma versão adaptada da tradução dos Irmãos Grimm, e assim que vários escritores resolveram criar suas versões, tal como Perrault e os Irmãos Grimm.

O conto narra a história de uma menina muito bonita, muito amada pela mãe e a vovó está deu lhe um capuz vermelho, sendo desta forma chamada de Chapeuzinho Vermelho. No enredo do conto a mãe pedi a menina para levar a vovó doente um pedaço de torta e um potezinho de manteiga, no caminho Chapeuzinho encontra o compadre lobo, que logo teve vontade de come-la, só não fez por causa de uns lenhadores que estavam por perto. Em seguida inicia-se um diálogo entre a menina, lhe aconselhando para ir no caminho mais longo, enquanto ele iria pelo caminho mais curto, desta forma ele chega mais rápido e come a vovozinha. Quando Chapeuzinho chega na casa da avó encontra o lobo, se passando pela avó, portanto ela não percebeu, e por fim o lobo acaba comendo chapeuzinho. No final da narrativa o escritor deixa uma moral da história, segundo ele as moças elegantes, educadas, fazem muito mal em escutar qualquer tipo de gente, ou seja o lobo.

Chapeuzinho Vermelho é uma menina que está passando da sua infância para fase da puberdade, ela vive um conflito entre seus princípios morais e o princípio do prazer, em seu consciente ela sabe que deve seguir os conselhos de sua mãe ao sair de casa, mas no caminho é confrontada pelo inconsciente quer viver os prazer da vida, como podemos perceber quando no texto fala “ A menina foi pelo caminho mais longo, distraindo-se a comer avelãs, correndo atrás das borboletas e fazendo ramalhetes com a florzinha que encontrava”(PERRAULT, 2007) . Para Bettelheim (2002) Chapeuzinho lida com a indeterminação infantil entre viver o princípio do prazer ou pela realidade “Nesse momento Chapeuzinho "lembra-se novamente da Avó e prossegue o caminho para ela". Isto é, só quando apanhar flores deixa de ser agradável, o id em busca de prazer recua e Chapeuzinho torna-se ciente de suas obrigações.” (BETTELHEIM, 2002, p. 184pdf).

A personagem na verdade é uma criança, que está passando pela puberdade, a cor vermelha de seu cabelo já nos dá uma primeira possibilidade de compreensão, pois a cor vermelha está relacionada ao desejo, à paixão, ao amor e a sexualidade. Chapeuzinho vive o que Freud chama de Complexo de Édipo, na narrativa não há explicitamente um pai, no entanto o lobo é uma metáfora, ele é uma representação masculina na narrativa, a menina não senti medo dele, até dialoga com lobo.

Mas o lobo não é apenas o sedutor masculino. Também representa todas as tendências associadas e animalescas dentro de nós. Abandonando as virtudes da idade escolar, de "caminhar atentamente" como exige a sua tarefa, Chapeuzinho reverte à posição da criança em busca de prazer edípico.

(BETTELHEIM, 2002, p.186)

Chapeuzinho sofre complexo de édipo feminino, ela ver a mãe como uma ameaça a satisfação de seus desejos, em outras palavras ela luta contra o desejo consciente de fazer as coisas certas e o anseio inconsciente de vencer a mãe, mas ela quer o pai, metáfora do lobo, ela deseja o pai. Assim que chega na casa de sua vovó Chapeuzinho se despiu e deitou-se na cama com o lobo “Chapeuzinho Vermelho Tirou o vestido e foi para a cama” (PERRAULT, 2007), neste momento temos entre linha a sexualidade inconscientemente exposta por Chapeuzinho, conscientemente ela saiba do certo, portanto o inconsciente é mais forte.

E da luta contra Eros! Dificilmente se pode duvidar que o princípio de prazer serve ao id como bússola em sua luta contra a libido - a força que introduz distúrbios no processo de vida. Se é verdade que o princípio de constância, governa a vida, que assim consiste numa descida contínua em direção à morte, são as reivindicações de Eros, dos instintos sexuais, que, sob a forma de necessidades instintuais, mantêm o nível que tende a baixar e introduzem novas tensões. O id, guiado pelo princípio de prazer - isto é, pela percepção de desprazer - desvia essas tensões de diversas maneiras. Em primeiro lugar, anuindo tão rapidamente quanto possível às exigências da libido não dessexualizada - esforçando-se pela satisfação das tendências diretamente sexuais.

(FREUD, 1923, p. s/n)

Como podemos perceber o princípio do prazer está guiado pelo Id ou seja, pelo inconsciente, Chapeuzinho é tomada por este princípio. Como já havia mencionado a personagem passa da infância para puberdade, ela sofre o complexo de édipo, a qual a menina na infância deseja o pai e olha a mãe como culpada por não ter um pênis. Sendo na puberdade, que a polaridade sexual coincide com o masculino e feminino “A feminilidade encampa [os de] objeto e passividade. A vagina é agora valorizada como lugar de abrigo para o pênis; ingressa na herança do útero” (FREUD, 1923-1925, p.s/n). Já no que se refere a moral da história podemos constar que a história trata de uma jovem em puberdade, em busca do princípio do prazer, por isso da reflexão cuidado com o lobo.

- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Freud era um amante da literatura, segundo ele a literatura é uma manifestação do nosso inconsciente, no fundo todos nós somos poetas. Com este argumento pode-se compreender que a literatura e psicanalise é de suma importância para uma análise da psique de uma criança. A infância é momento importante da vida do ser humano, pois passamos por muitos processos de afirmação de nossas identidades, e a partir da literatura podemos ter acesso este mundo. O conto Chapeuzinho Vermelho não é apenas uma história comum, ela tem sentidos enriquecedores a serem discutidos

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