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A Leitura Contemporânea

Por:   •  18/5/2018  •  1.665 Palavras (7 Páginas)  •  447 Visualizações

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Questão 3:

O texto, a princípio, já traz o que seria tendência nas últimas décadas do século XX, era a apropriação do cenário urbano e das grandes cidades. Os novos narradores se veem num lugar onde é preciso assumir um grande compromisso social, focalizando nas consequências da miséria humana, do crime e da violência. Heloisa coloca que o surgimento de uma literatura urbana tem haver com o conturbado crescimento do país, que se viu saindo de um período rural para um país urbano.

Segudo Silviano, o escritor brasileiro enfrentou, durante os anos posteriores ao golpe de 1964, uma escolha estilística fundamental. Ainda segundo Silvano:

“Após os picos criativos da década de 1950 – a realização das mais altas ambições criativas modernistas na obra de Guimarães Rosa, bem como a derrota da utopia de uma modernização racional encarnada pelo movimento concretista -, o escritor brasileiro ou seguia a co-americana em direção a uma literatura mágico realista e alegórica ou retornava aos problemas estilísticos não resolvidos pelo realismo social...”

Surge então a vertente autobiográfica e memorialista, não mais enquanto decisão existencial de opções de vida sob o regime autoritário, mas na procura por modos de existência numa democracia mais estável, porém ainda incapaz de solucionar seus problemas sociais. Outra tendência das novas formas de realismo foi a opção pelo hibridismo entre formas literárias e não literárias, exemplo disso é o romance-reportagem, espécie de realismo documentário inspirado no jornalismo. A principal inovação literária foi a prosa, batizada por Alfredo Bossi (1975) de brutalismo, iniciada em 1963 por Rubem Fonseca, com a ontologia de contos Os prisioneiros.

Questão 4:

A literatura marginal produzida nas duas últimas décadas por autores da periferia das grandes cidades brasileiras, vem chamando a atenção da mídia e da crítica especializada. Contudo, o fenômeno não importa apenas como “notícia” ou “objeto de estudo”. Seu alcance é muito maior, à medida que interfere nos processos de produção, recepção e circulação da obra literária, deslocando posições canônicas acerca do conceito, da função e da relação da literatura com a sociedade.

Os termos “marginal” e “periférico” abarcam um largo espectro de significações que é preciso explicitar, para melhor situarmos as questões envolvidas nessa produção literária do Brasil contemporâneo, originada no espaço das favelas. Numa acepção estritamente artística, marginais são as produções que afrontam o cânone, rompendo com as normas e os paradigmas estéticos vigentes. Na modernidade, uma certa posição marginal da arte sempre foi a condição aspirada como possibilidade para a criação do novo.

Ferréz entende por marginal a busca de um lugar na série literária para aqueles que vêm da margem. E explica melhor: “literatura marginal é aquela feita por marginais mesmo, até por cara que já roubou, aqueles que derivam de partes da sociedade que não têm espaço”. Pensando nessa afirmativa de Ferréz nos traz uma problemática, como o intelectual pode introduzir uma teoria dessa literatura ? Literatura essa, que foge de todos os modelos canônicos, e que traz a tona a voz de muitos que sempre se mantiveram calados, ou que muitas vezes só tiveram voz a partir da visão de quem encontrava – se fora de toda uma realidade social/histórica/cultural.

A cultura da periferia distingue-se das demais formas culturais (sejam elas de massa, popular ou de elite, para usar a classifi cação clássica da modernidade) por agregarem novas metas para a criação e evidenciarem formas próprias de organização do trabalho artístico, subvertendo os objetivos – digamos “contemplativos” – da arte e da literatura modernas (HOLLANDA, documento eletrônico, 2011).

Fugindo de todo um modelo canônico, a literatura marginal se apresenta nas suas mais diversas formas, seja ela na poesia, na moda, em saraus, na literatura e na música. Exatamente neste ponto, o da música, acredito que a cultura dos sem voz literalmente passou a ser explicitada por todo País. O estilo musical RAP (Ritmo e Poesia) chegou ao Brasil por volta de 1980 (poucos anos depois de seu surgimento nos Estados Unidos), mais notadamente em São Paulo. A estação do metrô São Bento foi um dos principais lugares em que o movimento teve início, com grupos de periferia que se reuniam trazidos pelas mãos das equipes que faziam os bailes soul, discos e revistas. Inicialmente passou por inúmeros problemas, chegando a algumas músicas serem proibidas de serem veiculadas por ser consideradas incitação ao crime, incitação ao uso de drogas e até mesmo com alguns rappers tendo suas imagens ligadas a facções criminosas.

Atualmente, a cena do rap nacional, tenta recuperar sua identidade, que nos últimos anos ficou um tanto quanto deturpada por conta do grande crescente de rappers brancos na cena, que acabou por tirar todo o caráter de luta do movimento. Hoje em dia esse tema ainda gera grande repercussão, virando inclusive temas de músicas, como no exemplo da música Poetas no topo, verso do Baco Exú Do Blues:

Rap tava tipo Michael Jackson, Doente e BrancoNós não deixamos, nós o curamosEsses moleque quer ser rei só pra cagar no tronoEu to sem tempo, me perdoa Chronos

É letra, musica e poesia, força, luta, sonhos e um quê de rebeldia expressos em melodia. A liberdade de expressão toma forma de canto. Rimando, as historias vão se cruzando e assim o rap deixa sua marca. Seu objetivo é ficar, para fazer e cantar história, rompendo as barreiras do preconceito. Vivência, amor, conflitos, desigualdade social,

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