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VERSAO-ULTIMATE-DO-TRABALHO-REVISÃO-APLICADA

Por:   •  15/5/2018  •  3.465 Palavras (14 Páginas)  •  426 Visualizações

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A sua frente, o edifício RB1, o primeiro edifício pós-moderno do Rio de Janeiro, com visual arrojado que ratifica a importância da região. Sendo uma superação da arquitetura moderna inspirada nos edifícios de Manhattan, esse edifício denota além de uma impotência e magnitude uma miríade de referências e estilos do neoclássico ao greco-romano.

Nesse ponto já se verifica um curioso cruzamento do espaço e a comunicação dos elementos, um ao lado do outro, mostram temporalidades e contextos distintos e ainda assim estão em constante comparações e interações entre ambos. Exemplificando o caráter sistêmico do espaço e do tempo não apenas um conjunto de objetos.

[pic 1]

Figura 1 - Reflexo do edifício “a noite” no pós-moderno edifício RB1, diálogo entre si

Inicialmente, para estruturar o espaço e apreender a totalidade devem-se utilizar quatro categorias: forma, função, estrutura e processo, presentes nas obras do geógrafo Milton Santos. Outros elementos também são utilizados para a avaliação do espaço, sendo importante utilizá-los em conjunto, como conceitos únicos.

I - Espaços, Temporalidades e Ação Humana

Quando na Geografia se fala da adaptação da sociedade ao espaço, a cidade do Rio de Janeiro se apresenta como um exemplo vivo e pulsante dessa realidade. Originada a partir das relações portuárias no entorno da Praça Mauá, durante toda a sua existência a cidade representou um polo no qual todos os fluxos humanos se entrecruzam. Hoje, marcada por uma intensa verticalização, a metrópole é um local de intensa velocidade e luminosidade.

Contudo, embora o centro da cidade seja marcado predominantemente pelas relações comerciais que a caracterizam e por conta disso, com raros pontos residenciais, há um determinado espaço em meio a essa centralidade veloz que se apresenta como um oásis de lentidão num deserto de velocidade. Falamos do Bairro da Saúde.

Apesar de o Bairro da Saúde ser parte integrante da metrópole há características que o designam como uma área opaca. É um bairro residencial e tranquilo, localizado em torno do Morro da Conceição. É um local que contrasta com o ritmo da metrópole vivendo a sua própria temporalidade, sendo marcado pelas várias transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro desde a sua fundação. Essa conservação pode ser presenciada até mesmo na toponomia das ruas, como o exemplo da rua do Escorrega, que mantém sua descrição sobre o cotidiano e particularidades da região e dos habitantes ao invés do nome de figuras representativas e conhecidas, ditas celebridades.

Não obstante, também podemos constatar quebra de temporalidade como é o caso das construções de períodos diferentes na esquina da Rua do Escorrega que relatam uma mudança do caráter da população, duas construções que demarcam temporalidades e arquiteturas totalmente distintas. Em uma esquina podíamos ver um sobrado comum da época em que era datado (1913) com ornamentações e um tipo de arquitetura mais ligado ao visual, ao embelezamento, onde era construída a casa onde a família morava no andar de cima e algum tipo de comércio no andar de baixo onde a família trabalhava e ganhava o seu dinheiro, nesse caso funcionava no primeiro andar o Bar ‘Sacabral’, aberto até os dias de hoje. Na construção da outra esquina a arquitetura desta outra estrutura é uma construção de estilo moderno, construída no calor da urbanização onde não importavam os ornamentos, as características que embelezavam a estrutura e sim sua funcionalidade que era servir de moradia, portanto suas formas são retas, simples e neutras, focadas apenas no seu objetivo central de moradia.

[pic 2]

Figura 2 - Rua do Escorrega

A) Largo São Francisco da Prainha:

Marco inicial da ocupação dos portugueses na cidade do Rio de Janeiro e a partir dos desmontes do Morro do Senado, do Morro do Castelo e do Morro de Santo Antônio, a natureza foi perdendo seu espaço e sendo recolhida. Trata-se nada mais do que a expansão pela supressão. A História da ocupação do morro da conceição se mistura com a trajetória das invasões sofridas pela América Portuguesa, no caso, a invasão francesa. Com seus fortes, construídos para resguardar a cidade, encontramos resquícios do embate travado à época citada.

O Morro da Conceição é desses lugares escondidos da cidade do Rio de Janeiro, que quando se chega, inevitavelmente, nos sentimos em outros tempos. Uma das construções mais antigas do Morro da Conceição, é a tradicional Igreja de São Francisco da Prainha construída pelo Padre Francisco da Motta em 1696 e foi doada em testamento à Ordem Terceira de São Francisco da Penitência em 1704. No século XVIII a igreja foi destruída por um incêndio na expulsão dos franceses em 1710. Em 1738 a capela foi construída no mesmo local da antiga para atender os fiéis, ficando pronta em 1740. O nome da igreja vem justamente da vista que tinha para praia que dava para a Baía de Guanabara, denunciando a forma com o que o rio de janeiro foi ganhando forma através do mar, uma vez que do Adro de São Francisco tinha uma visão ampla do mar e hoje em dia a visão é quase que completamente coberta pelos prédios e construções sobre o aterramento. Nota-se a relevância do papel da Igreja na constituição da identidade social na proeminência dos signos religiosos pelo bairro, a começar o próprio acesso através do Adro da Igreja de São Francisco da Prainha, que domina a paisagem, vista do nível da rua, ou do Porto então limítrofe.

a.1) Os padrões de casas e calçadas.

É possível observar desde a passagem pela Igreja de São Francisco da Prainha um padrão de casas e calçadas que se expande por boa parte do Bairro da Saúde. As casas possuíam características que revelavam muito sobre as lógicas econômicas, sociais e culturais das pessoas que ali viviam e das que hoje vivem. Como as casas construídas ao seu redor pertenciam as pessoas mais abastadas, percebemos as lógicas e adaptações de uma sociedade com o espaço natural, pois nessas construções existe a chamada lógica do pedestre: fachadas estreitas e grandes profundidades internas, evitando longas caminhadas.

Além disso, as ruas tortuosas que terminam em escadaria deixam explícito que a construção daquele espaço foi feita seguindo tal lógica e ratifica, segundo Milton Santos, a ideia de que o Espaço é um produto da sociedade. É possível contrapor,

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