TUCURUÍ - PA

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4. Os migrantes pobres

Não há Tucuruí sem o entrelaçamento, a convergências de diferentes rotas de migrações, desde os primeiros tempos de sua história. Tucuruí desde cedo se mostrou um lugar de encontros e confrontos, de pessoas e suas tradições, de grupos sociais e projetos políticos distintos. Tucuruí é um lugar paraense amazônico marcado pela hibridez. A arquitetura social e cultural de Tucuruí é montada pelas forças vitais de migrantes, em sua maioria pobres. Desde os tempos da castanha e da Estada de Ferro, e mais fortemente com a construção da Hidrelétrica. Quem eram esses homens e mulheres? O que vieram fazer para essas margens amazônicas? Hoje é muito difícil recuperar a memória de todas essas pessoas. Muitos vieram e partiram, mas grande parte ficou, estabeleceu aqui residência e família, fizeram crescer e multiplicar Tucuruí, com seu trabalho, sua cultura, suas lutas, seus filhos e filhas, seus sonhos e ideais. Tucuruí é uma cidade tão ribeirinha quanto migrante, talvez mais migrante que ribeirinha hoje.

Alguns desses migrantes pobres foram exploradores, vieram só viver de explorar as oportunidades, os trabalhadores e os recursos existentes em Tucuruí. E ainda que estes também tenham contribuído para realizar o que temos hoje em Tucuruí, forma aqueles que foram explorados e ainda são, foram aqueles cujos nomes se perderam nas páginas da história que nesse lugar deixaram a marca de seu sangue suor, das terras de onde vieram. È a estes que desejo colocar em lugar de destaque na história, pois sem estes Tucuruí nada seria. Foram estes migrantes pobres, com os ribeirinhos pobres remanescentes da velha Alcobaça, que pagaram o preço do Progresso; foi contra eles e seus filhos que o progresso se fez, sacrificando-os. As estas vítimas anônimas do progresso de Tucuruí hoje louvado que presto minha homenagem, nesses 60 anos de autonomia política, em que tem sido personagens apagados e subalternos na história de Tucuruí.

Edir Augusto