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TRABALHO SOBRE PESQUISA HISTÓRICA EM TESTAMENTOS

Por:   •  7/5/2018  •  1.658 Palavras (7 Páginas)  •  374 Visualizações

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Assim para Milton Stanczyk Filho³ “o Testamento é um documento público pelo qual o indivíduo declara solenemente, ou dispõe, de sua vontade sobre aquilo que deseja que se faça depois de sua morte. Essa disposição refere-se naturalmente aos seus bens e sua fortuna. Durante o período Colonial os Testamentos poderiam ser de três tipos: o muncupativo, em que o orador declara oralmente, o hológrafo, redigido e assinado pelo testador, e o público redigido pelo tabelião” (pag. 463). Essas informações e sentimentos estão presentes nos testamentos, além da distribuição dos bens, etc. Assim me chama a atenção a quantidade de missas junto com os ritos religiosos pedidos e pagos pelo testador, em favor de sua alma. Há uma grande preocupação em “garantir“ que sua alma partirá salva ao paraíso celeste. Para tanto não economiza gastos nos ritos que o ajudem a chegar a seu objetivo, nisto é possível notar que o acúmulo de bens e riquezas está associado ao imaginário do porvir, e não no gozo deste mundo ou desejo de poder e status dentro da sociedade colonial, isto se torna consequência para uma prática maior das obras de caridade, que de certa forma lhe propiciarão a entrada, segundo a igreja católica, ao reino de Deus e suas benesses. Elene Oliveira diz ainda que além de destinarem parte de seus bens para a organização de um funeral com maior suntuosidade possível; alguns perdiam que por sua morte houvesse badaladas do sino da igreja, pois eles se tonam a forma íntima de que alguns tinham de se expressar sobre seus desejos e medos depois da morte; por isso, quanto mais missas melhor para uma passagem mais segura para o mundo celeste, o número variava muito, alguns no gesto de demonstrar simplicidade perdiam poucas, outros com medo ou receio de seus pecados e atos cometidos em vida, perdiam um grande número de missas.

As missas não eram encomendadas apenas para a própria alma, mas para as de defuntos parentes, amigos, parceiros, comerciais e até escravos e senhores; dessa maneira, lembrar-se dos já falecidos era uma maneira deles estarem intercedendo em favor do novo finado na hora do julgamento; até mesmo porque os próprios padres católicos recomendavam as missas para a salvação da alma, o qual era destinada certa quantias para a execução dessas missas e os padres lucravam com elas, eram eles que celebravam as missas em beneficio das almas. As missas eram vistas como a mais acertada providência para a salvação da alma. Por exemplo: conforme o testamento de de José Pereira de Carvalho – 1813 – Minas Gerais, pediu:

MISSAS/INTENÇÃO

QUANTIDADE

De Corpo Presente

Um Oitavário

Pela alma dos pais

300

Pela alma dos avos e mais parentes

20

Pela alama dos irmãos da Ordem Terceira

20

Pela alama dos escravos

20

Pelas almas do purgatório

20

Repartidas pelos sacerdotes do enterro

30

Pela pobreza

30 oitavas

OBSERVAÇÕES: UM OITAVÁRIO DE MISSAS CORRESPONDE A OITO MISSAS EM OITO DIAS CONSECUTIVOS.

Já Dona Maria da Luz Saraiva da Rocha – 1871- Pará, que solicitou para não ser enterrada com pompa e ser gasto com os ritos no máximo a quantia de cem mil réis, pediu:

MISSAS/INTENÇÃO

QUANTIDADE

Pela sua alma

Quatro Capelas

Pelo seu irmão

Uma Capela

Pelos seus pais

Duas Capelas

OBSERVAÇÕES: UMA CAPELA DE MISSAS EQUIVALE A 50 MISSAS

Enfim há nesse período, como percebemos nos testamentos, uma grande preocupação com a passagem da vida para a morte, que não seria definitiva, pois há um descanso para alma. Porém era necessário fazer (obras) que garantissem o acesso direto para o céu, sem a necessidade do purgatório, onde ainda havia esperança de salvação, mantendo a maior distância possível do lugar de sofrimento, o inferno, totalmente indesejado por todos.

NOTAS

1- Doutora em História Econômica Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Pesquisadora do NEHD. Endereço eletrônico: mlucilia@yahoo.com.br

2- Mestranda do programa de Pós-Graduação em História do Brasil. Membro do grupo de pesquisa “Memória, Ensino e Patrimônio Cultural”.Bolsista-Capes.

3- Mestrando em História da Universidade Federal do Paraná na linha de pesquisa “Espaço e Sociabilidades”, membro do CEDOP- Centro de Documentação e Pesquisa da História dos domínios portugueses, séculos XV-XIX, Bolsista da CAPES.

FONTES TESTAMENTOS

Fundo: Tribunal de Justiça do Estado.

Acervo: Centro de Memória da Amazônia – CMA/UFPA

Sério: Testamento.

Procedência: 11ª Vara Cível – Cartório Fabiliano Lobato

Código da Unidade de Arquivamento: 295.773.933.905-692

Testamento de Thereza Ignacia de Moraes Bitencourt

Data do Testamento: 1° de Maio de 1840

Testamento de Dona Maria da Luz Saraiva da Rocha

Data do Testamento: Fevereiro de 1871

Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na caixa 21

Número de folhas originais : 47

Testador: JOSÉ PEREIRA DE CARVALHO

Redigido: Carrancas em 09/JUN/1813.

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