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Resumo: A cidade antiga - Fustel de Coulanges

Por:   •  21/4/2018  •  3.962 Palavras (16 Páginas)  •  440 Visualizações

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A cidade era uma confederação, não um conjunto de indivíduos, sendo obrigada a respeitar a independência religiosa e civil das tribos, não tendo o direito de intervir nos assuntos particulares dos pequenos grupos.

O homem fazia parte de quatro sociedades distintas, subindo de uma para a outra em épocas diferentes. A criança é admitida na família pela cerimônia religiosa que ocorre dez dias após seu nascimento. Anos depois, com uma nova cerimônia, entra na fratria. Com dezesseis ou dezoito anos, se apresenta para sua admissão na cidade, prometendo diante de um altar, a respeitar a religião da cidade, entre outras coisas e, a partir desse dia, torna-se um cidadão e está iniciado no culto público.

Observando crenças antigas, é visível que a sociedade se desenvolveu à medida que a religião se expandia, o que, simultâneo com o crescimento social, foi produzido dentro de um notável acordo. Os povos primitivos tinham grandes dificuldades em fundar sociedades regulares, pois o vínculo social não era fácil entre seres tão diversos, livres e inconstantes. Para lhes dar regras em comum, instituir o comando e fazer com que a obediência fosse acatada, para fazer a paixão ceder perante a razão, e a razão individual ceder perante a pública, era necessário mais do que a força material, interesses, teorias filosóficas e convenções. Algo que esteja em todos os corações: a crença.

A crença é a obra de nosso espírito, mas não somos livres para modificá-la. É a nossa criação, mas a ignoramos. É humana, e a cremos ser divina. É o efeito de nosso poder e é mais forte do que nós. Ela está em nós e não nos abandona, mas nos fala a todo o momento. O homem pode domar a natureza, mas está sempre submetido ao seu pensamento.

No princípio, a família vivia isolada e o homem só conhecia deuses domésticos. Acima da família, se forma a fratria, com seu deus. Depois vem a tribo, e o deus da tribo e, finalmente, a cidade, e um deus que abrange a cidade inteira. Hierarquia de crenças, de associações. A religiosidade foi o sopro inspirador e organizador da sociedade. As leis sociais foram obras dos deuses, mas esses deuses nada mais eram do que as crenças dos próprios homens. Assim, foi criado o Estado entre os antigos.

Para a formação de novas cidades, a partir destas, um chefe saía da cidade já construída e fundava outra, levando consigo um pequeno número de cidadãos. Esse chefe nunca deixava de constituir o novo Estado à imagem daquele que abandonava. Consequentemente, dividia seu povo em tribos e fratrias e cada uma delas tinha seu altar, sacrifício, festas e seu herói (deus). Conforme esse princípio agiu Platão, ao imaginar uma cidade-modelo.

Atualmente, novas cidades surgem no momento em que um grupo de pessoas se instala em alguma região, através do processo de urbanização, atraídos pelo crescimento demográfico e industrialização, entre outros fatores. É resultante dessa criação, a integração de várias dimensões sociais e culturais, na medida em que os cidadãos desempenham papéis relevantes à economia e política do país ao qual pertencem.

Capítulo IV - A Urbe

Nota-se que a crença em dogmas e na religião, àquela época, influenciavam situações diversas do cotidiano do povo. Um exemplo é a exposição das crenças presentes nas criações das cidades, mais explicitamente, apontando as atitudes de Rômulo, fundador de Roma (cidade, à época, era denominada de “urbe”). Rômulo, no decorrer de seus atos em que trabalha para criar uma nova urbe, trás consigo suas próprias crenças religiosas. Após a escolha do local da nova urbe ter sido feita mediante consulta aos oráculos, o povo que vem consigo está preparado para a cerimônia de iniciação. Rômulo, então, cava uma vala no barro e atira nela um punhado de terra retirado de sua antiga urbe. Pelo fato de que seus deuses e antepassados nela viveram, acreditava-se que assim na sua nova terra também vão estar presentes os Deuses e possuir um pouco da história de seus antepassados junto a ela. Por cima da vala Rômulo ergue um altar e acende uma fogueira, à r volta da qual erguerá sua nova urbe.

Esse ato religioso era considerado inviolável para aquele povo. Tão precioso que pular tal cerimônia era considerado uma impiedade.

Outro exemplo da fé imposta nas crenças era que atrás do sulco sagrado era construída uma muralha, considerada sagrada, que ninguém a poderia tocar, nem mesmo que para reparo.

A urbe criada era considerada um lugar muito religioso que dentro de si abrigava os deuses e o povo, mantendo-os unidos. Tendo a urbe sido criada sob as tradições religiosas, acreditava-se que o local receberia naturalmente os deuses protetores, sendo assim, toda urbe podendo ser considerada abençoada e santa. Mesmo quando viu-se em ruínas após ataque destrutivo, o povo da urbe Roma, permaneceu em sua terra com fé no fato de que sua urbe foi construída religiosamente e que então lá eles permaneceriam. Toda urbe era criada para ser eterna.

O fundador da urbe era a pessoa mais importante da tal, pois era ele que executara os ritos religiosos, então cabia a ele as orações do povo.

Atualmente não existem tantos rituais religiosos em relação ao início e formação de uma cidade. As pessoas possuem mais liberdade quanto à devoção a uma determinada religião, portanto, os indivíduos se vinculam a elas conforme seus interesses e vontades. Dessa forma, percebe-se que a religião não tem mais a influência tão presente e rígida na vida cotidiana do povo e da cidade como ocorria na antiguidade. Para as cidades antigas, a religião era tida como uma “lei” que guiava a vida de seus cidadãos perante todos os fatos. Com o passar dos anos, entretanto, essa força com que a religião atuava em conjunto com a política das cidades foi perdendo-se.

Capitulo V – O culto do fundador – A lenda de Enéias

O fundador é quem efetua o ato religioso, essencial para existência da urbe. Através das suas orações e ritos chamava os deuses, fixando-os para sempre na nova cidade. Ele era o autor do culto e o pai da cidade, por isso um homem sagrado e muito respeitado. Após a morte, o fundador passava a ser um ancestral comum para todas as próximas gerações. Destinava-se a ele um culto e era tido como um deus pela urbe.

A cidade prezava muito o nome, a genealogia e os acontecimentos da vida de seu fundador, já que esses fatos faziam parte da religião, sendo sempre recordados em cerimônias sagradas. Geralmente cada urbe possuía um poema

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