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Resenhas sobre a Educação Básica na Ditadura Militar e Brasil Império

Por:   •  16/4/2018  •  2.060 Palavras (9 Páginas)  •  447 Visualizações

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A educação das escolas públicas elementares não era de total excelência, como se tem registro, pois muito se distanciava do ideal de ensino devido a diversos fatores já analisados. O ambiente social, muitas das vezes, não era propício para o aprendizado do estudante, o que culminava em sua ausência e, consequentemente, afetava o professor que deveria ter o mínimo de 25 alunos por sala para o recebimento de um salário plausível. O Estado foi o responsável pela imposição desse tipo de escola, mas não ofereceu qualquer tipo de auxílio estrutural para a efetivação da mesma, não havia a disponibilidade de matérias escolares e, muitas das vezes, nem mesmo de locais para o ensino (as aulas eram frequentemente lecionadas na casa dos professores) para uma gama da sociedade fragilizada econômica e socialmente.

Mesmo diante das inúmeras dificuldades apresentadas pelos estudantes da escola pública do século XIX, a obrigatoriedade escolar foi mantida ao longo do tempo, sendo frequentemente cobrada pelos meios oficiais. No entanto, esse tipo de ensino voltado para a população periférica acabou sendo fragilizado, gerando um grande fracasso educacional ao final do Império. Diante desse quadro, a proposta de uma escola pública diferente da anterior surgiu, onde as elites seriam o público alvo. Durante o século XX pode-se perceber uma nova realidade escolar elitista totalmente diferente da tentativa de consolidação de uma escola pública popular do século anterior, fato que acabou por gerar consequências observáveis até o dia de hoje, onde o negro e mestiço sofrem um claro desfalque social em relação ao acesso a educação de qualidade.

RESENHA

DOSSIÊ: HISTÓRIA, EDUCAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE

O ensino de História encontra seu passado: memórias da atuação docente durante a ditadura civil-militar

LOURENCO, Elaine. O ensino de História encontra seu passado: memórias da atuação docente durante a ditadura civil-militar. Rev. Bras. Hist., São Paulo , v. 30, n. 60, p. 97-120, 2010 . Available from . access on 04 July 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882010000200006.

O artigo de Elaine Lourenço (USP) coloca em evidência o quanto e como o período da Ditadura Militar (iniciado em 1964) influenciou no curso da educação básica no Brasil durante o Regime. Referências às ações promovidas pelo Estado daquele período são geralmente pejorativas, sendo difícil encontrar quem as defenda atualmente, porém, a escola bem como o corpo docente que a compunha, tiveram que se adaptar as alterações no sistema educacional promovida pelos militares. No artigo referido, a autora expõe a visão de quatro professores e o sentimento que tinham perante a constante vigilância ditatorial, tema bastante delicado até os dias de hoje.

Todas as novas regras foram promovidas com base nas ideologias militares, de maneira que professores e alunos ficavam submetidos aos limites impostos, nota-se com mais clareza a força e influencia ideológica das mudanças na educação, promovidas no final da década de 60. Observando-se as novas disciplinas que passariam a compor a matriz curricular do ensino fundamental, notam-se as principais mudanças que podem ser exemplificadas com a fusão das matérias de história e geografia (que passaram a se chamar “estudos sociais”) e a inclusão da matéria “educação moral e cívica”. Essa última fora ainda mais influente na promoção da ideologia do governo, já que se caracterizava por destacar valores nacionalistas como o “amor a pátria” exaltação de seus heróis, honra e orgulho da nação, promovendo ritos que refletiam essas características, como hastear a bandeira, cantar o hino nacional entre outros.

Era necessário para o governo instituir um meio de propaganda onde pudesse fazer as gerações futuras obedientes e orgulhosas, criando-se uma consciência histórica na população que fosse favorável ao Regime. O domínio da educação e uma matriz curricular, junto a outros métodos disciplinares, seria o suficiente para cumprir o objetivo, pelo menos nas crianças e nos jovens. De certo modo, tal sucesso somente foi atingido durante a vigência do Regime, tão logo que esse cessou, a nova sensação de liberdade mudou a concepção da maioria da população, embora os efeitos da ideologia militar tenham deixado remanescentes apoiadores do Regime, resultado de anos de dominação ideológica e propaganda.

Foi analisada no artigo a percepção sobre a educação no período militar na visão de profissionais da área da educação, através do método da historia oral, por meio de entrevistas. Os quatros professores aposentados contam um pouco de suas trajetórias e de suas percepções sobre a educação durante o período de Regime militar, cada um deles refletindo na entrevista suas experiências individuais.

A primeira entrevistada, professora Yara, conta experiências da década de 70, quando soldados invadem sua sala, após um incidente na escola: “uma bandeira hasteada de cabeça para baixo”. A experiência desta professora evidencia a preocupação dos militares com as questões de honra aos símbolos nacionais, bem como a intimidação realizada contra qualquer suspeito de comportamento subversivo e que violasse tais questões. Yara narra também que tais pontos como o nacionalismo exacerbado nos ambientes escolares foram declinando com o passar do tempo (talvez o efeito de um já aparente enfraquecimento do Regime), e que já na década de 80 não havia mais o rigor da fiscalização ou mesmo interferência dos militares.

A entrevista com Yara dá a entender que os professores tinham certa consciência sobre a maneira como exercer a profissão no Regime, sem comprometer-se demais e refletindo, na função de professor, o autoritarismo vigente. Yara se considerava uma professora “linha dura”, embora a mesma não concordasse com o uso da autoridade, nem pelo Estado, nem por ela com seus alunos, mas sua posição garantia a obediência dos discentes e o respeito dos pais.

O segundo entrevistado, o professor Severiano, revela mais um pouco da influência do militarismo no exercício da educação, ele classifica duas “gerações” distintas de professores: os de uma geração “militante” (anterior) e os recém-chegados a universidade, já no Período militar. Esses novos professores são caracterizados pelo entrevistado como mais alienados, pois já não encontrava mais nas universidades um espaço para pensar, para desenvolver, “apenas ocupavam um espaço na academia”. Continua a entrevista evidenciando a influencia militar na educação, o conhecimento ficou

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