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DOCUMENTÁRIO E A CENSURA NA DITADURA MILITAR NO BRASIL

Por:   •  11/10/2018  •  3.049 Palavras (13 Páginas)  •  335 Visualizações

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O período do carnaval foi escolhido por concentrar, do ponto de vista midiático, um período intensamente explorado pelo Ministério da Saúde em termos de planejamento de mídia. Antes da apresentação ao grupo focal, com base na problemática o material audiovisual foi analisado a partir da proposta de análise de imagens em movimento (ROSE, 2003). Tal metodologia permite uma descrição detalhada de cada peça publicitária, onde foram estabelecidas duas dimensões, uma visual e outra verbal, além de adaptá-la com o acréscimo de uma dimensão sonora, uma vez que são “aspectos importantes para contextualizar, situar as ambiências e dar verossimilhança aos spots publicitários” (LACERDA; ROCHA; CASTANHA, 2015).

Para a realização da pesquisa exploratória através dos grupos focais, ancorado em Gaskell (2003), tivemos como base um método de orientações para moderação, que divide a experiência em momentos que seriam: apresentação do grupo, leitura do contrato de convivência e assinatura da TCLE, início da discussão do grupo focal, o exercício do manejador (condutor da entrevista), continuidade da discussão e a finalização da sessão.

Cabe destacar a relação entre aspectos teóricos que ajudaram na fundamentação metodológica da pesquisa exploratória. A teoria da receptividade, proposta por Hall (2003), pontua que a mensagem pode ser recebida de diferentes formas, inclusive esta recepção pode ser “alterada” de acordo com o contexto social em que cada receptor estiver inserido. Assim posto, é possível associarmos com o conceito de "lugares de interlocução", o que corresponde ao “lugar que cada interlocutor ocupa no momento mesmo da comunicação” (ARAÚJO; CARDOSO, 2007), ou seja, em quais posições no discurso se encontram o enunciador e receptor das mensagens.

AMOSTRAS

Na fase inicial da pesquisa, realizamos coleta dos materiais audiovisuais para análise e posterior descrição dos planos visuais, sonoros e verbais de cada peça publicitária.

O primeiro movimento foi de coletar as campanhas objetos de nossa pesquisa, entre os anos de 1990 e 2015. A coleta foi realizada através da internet, em sítios virtuais do Ministério da Saúde, na página destinada às campanhas de prevenção DST/Aids (http://www.aids.gov.br/pagina/campanhas) e no site de compartilhamento de vídeos YouTube (https://www.youtube.com/), com buscas por ano de cada peça publicitária. Dentre o período compreendido de 1990 a 2015, obtivemos sucesso no levantamento das campanhas publicitárias DST/Aids do Ministério da Saúde, veiculadas estritamente em mídia televisiva, dos anos de 1995 a 1999, de 2002 a 2003 e de 2005 a 2015. Não foi possível localizar, nos sítios supracitados, vídeos referentes às campanhas dos anos de 1990 a 1994, 2000 e 2001 e de 2004.

Durante o processo de coleta, 28 vídeos foram identificados, distribuídos em 18 campanhas. Posteriormente, elencamos as peças que mais se identificassem com o público jovem, a partir da análise de imagens em movimento e análise semiótica de imagens paradas (ROSE, 2003). Os vídeos selecionados foram dos anos de 1999, 2007, 2008, 2010 (dois spots) e 2015. Esta nova seleção foi feita tendo por base elementos que dialogassem com a juventude, que é o foco desta pesquisa. Dessa forma, elegemos aspectos que ativassem relações entre os jovens e seus respectivos ‘lugares de interlocução’ no instante em que estivessem em contato com as campanhas publicitárias, que levassem em consideração os contextos estabelecidos por Araújo e Cardoso (2007). Quais sejam: textual (dos textos que circulam no mesmo tempo ou espaço, ‘contaminando-se’ mutuamente e co-determinando os sentidos possíveis), intertextual (a contiguidade de textos, mas na memória das pessoas), situacional (sobre a pessoa no mundo, suas condições e seus modos particulares de vida) e a existencial (que designa a posição que cada pessoa ocupa na topografia social, naquela situação de comunicação, e que define seu lugar de interlocução).

DISCUSSÃO

Para efeitos de discussão, trazemos a análise da peça publicitária audiovisual produzida para veiculação no período do Carnaval de 2010 e 2015.

Em 2010, a campanha teve como mote o slogan “Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre”. Em um dos spots produzidos, o cenário é uma balada, onde várias pessoas, de ambos os gêneros, dançam. Esse elemento por si só denota o espaço que é comum a juventude, o que caracteriza sua pertinência forte direta (VERÒN,2004). Uma garota está acompanhada de um garoto. Ela, por sua vez, vai ao banheiro, e retira uma camisinha da bolsa, o que podemos interpretar como uma espécie de “preparação” para o que poderia vir após a festa. O preservativo inicia um diálogo com a moça, utilizando termos coloquiais para transmitir confiança a jovem quanto ao seu paquera e, também, sobre o uso da camisinha, permitindo que haja um ‘lugar de interlocução’ (ARAÚJO; CARDOSO, 2007).

Quadro 1 – Campanha de Carnaval 2010: Casal Heterossexual (Spot 1)

Dimensão Visual

Dimensão Verbal

Dimensão Sonora

Ângulo plongee/câmera alta de uma festa numa boate eletrônica

Música eletrônica

Corte para uma moça que está segurando a mão de um rapaz no meio da festa enquanto vai ao banheiro.

Música eletrônica

Corte para a mesma moça, entrando no banheiro e começa a retocar o seu batom

Música eletrônica diminui o volume

Close nos lábios da moça que escuta uma voz.

Camisinha:

- Psiu! Sou eu.

Música eletrônica baixa

Voz dublada por Luana Piovani

Corte para o rosto da moça que olha para os lados e então olha para baixo.

Camisinha:

- Aqui embaixo

Música eletrônica baixa

Voz dublada por Luana Piovani

Câmera abre e então fecha na bolsa da moça que

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