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Ditadura Militar no Brasil

Por:   •  12/3/2018  •  3.700 Palavras (15 Páginas)  •  483 Visualizações

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Entretanto, há outro lado desta mesma história que nem sempre é tão amplamente divulgado e discutido. Trata-se das grandes transformações no âmbito da economia e infraestrutura articuladas ao longo destes vinte e um anos em território brasileiro. Foram vários setores contemplados, como a indústria, a produção energética, e a malha rodoviária, além da criação de inúmeros institutos fundamentais para a prestação de serviços públicos, como o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O presente estudo concentra-se na abordagem dos avanços econômicos e de infra estrutura da época, analisados num enfoque crítico e contextualizado, considerando portanto, todos os fatores que conduziram à sua consumação e posterior sucesso ou falência.

Não é intuito deste artigo avaliar como conveniente ou inconveniente o período militar na história brasileira, mas sim abordar impactos não apenas negativos, que não estão presentes nas abordagens da mídia e dos livros didáticos de nossas escolas. Desta forma, poderá o leitor construir uma visão e compreensão mais aprofundada e ampliada sobre este capítulo tão combatido e criticado da história brasileira.

2 O BRASIL GRANDE CONSTRUÍDO PELOS MILITARES

No regime militar, a economia brasileira alcançou o maior crescimento já visto em toda sua história. Conforme afirma Rodrigues (2014), O Brasil saiu do quadragésimo sétimo lugar no ranking dos países com maior Produto Interno Bruto (PIB) em 1964 para ocupar a décima posição, no auge de seu sucesso durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici. Foi uma enorme conquista da gestão militar, onde a geração de empregos e o crescimento industrial dispararam a altos níveis. Mas o financiamento de todo esse prodígio estava contido numa crescente dívida externa, que estourou já com a crise externa do petróleo em 1974, e prosseguiu quadruplicando-se durante a década de 1980.

Além desse marco econômico, podemos citar o salto de produtividade da indústria automobilística do período. Parron (2012) descreve que a produção de carros e caminhões, passou de 200 mil, em 1964, para o patamar de 1 milhão e 165 mil veículos produzidos ao ano em 1980. Já em 1983, havia cerca dez milhões de pessoas empregadas direta e indiretamente neste ramo industrial – seja na produção de parafusos, usinagem de peças ou fabricação de estofamento. O Brasil deixou até mesmo o porte de importador para exportador de automóveis.

Até mesmo durante a primeira crise do petróleo em 1973, o militares, para contornar a situação, criaram o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975. O Brasil passou então, a produzir carros movidos a energia vegetal, sendo o país pioneiro na produção em larga escala de automóveis movidos a álcool no mundo, de acordo com informações citadas por Parron (2012) os carros movidos a álcool passaram a representar 90% do mercado dez anos após o empreendimento; o que resultou na redução do consumo de 120 mil barris de petróleo diários.

O regime militar esforçou-se para suprir a demanda por especialistas para o trabalho nas indústrias. Assim, inaugurou-se no Brasil, em 1969, o sistema de pós-graduação, com a oferta de mestrados e doutorados pelas universidades, fato que teve importantes impactos no desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Parron (2012) demonstra dados que apontam em 1970 e 1971, 2683 alunos concluíam o mestrado e apenas 87 terminavam o doutoramento; dez anos depois, 20744 mestres e 1697 doutores saíam das universidades.

Enquanto a economia e a vida urbana disparavam, no setor agrário, o governo concentrou-se em fortalecer as produções de grande capital e exportação na região sul brasileira. De acordo com Rodrigues (2014), em meados da década de 1970, o ministro Delfim Netto apoiou a expansão do cultivo de determinados insumos para a exportação, principalmente a soja. Sua estratégia era que os agricultores menores e, portanto, mais vulneráveis, caso ficassem sem trabalho, poderiam ser reconduzidos à região norte pelo programa de ocupação e povoamento desta área promovido e incentivado pelo governo. A iniciativa, porém, acabou fracassada, pois os militares enviaram uma gigantesca quantidade de trabalhadores ao norte do país, que acabaram indo à falência, e depois que retornaram à sua área de origem, articularam-se para lutar pela reforma agrária – articulação essa que deu início, assim, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Terra - o tão famoso MST.

3 OBRAS DE INFRA ESTRUTURA - A REVOLUÇÃO INSDUSTRIAL BRASILEIRA

O governo militar brasileiro promoveu intensa industrialização no Brasil. Fo praticamente uma Revolução Industrial no território brasileiro. Carvalho (2002) afirma que entre 1967 e 1979 houve a construção de obras extremamente grandes, que até hoje exercem estratégica importância no potencial estrutural brasileiro, tendo sido aclamadas pelo ideal nacionalista ufano em frases como “Brasil Grande” e “Brasil: Ame-o ou deixe-o.” Mas tamanha transformação também nos custou caro: logo após intenso período de prosperidade, a partir da década de 1970, já na primeira crise internacional do petróleo, enfrentamos intensa estagnação econômica, dívida externa e pesados impactos ambientais.

O investimento em construção civil e produção energética foram duas grandes estratégias para quadruplicar o PIB brasileiro. Para isso, emprestaram-se milhões de dólares para aplicar em obras faraônicas de infraestrutura urbana, cujos principais exemplos podemos destacar a ponte de conexão Rio-Niterói, além do programa nuclear de Angra dos Reis, com as usinas Angra I e II, no estado do Rio de Janeiro, Carvalho, (2002).

A seguir, traçaremos uma breve análise das principais e mais impactantes obras executadas no período militar brasileiro as fontes foram obtidas, respectivamente, de Parron (2012), Rodrigues (2014), de dados divulgados na internet pelas usinas, portos e institutos (CNPq, Capes e DataPrev).

1Ponte Rio-Niterói – Construída durante o governo do general Artur Costa e Silva, com início em 23 de Agosto de 1968, quando o mesmo assinou seu decreto de autorização de construção, e idealizada por Mário Andreazza. A pretensão de construção desta ponte remonta desde os tempos do Brasil Império, em 1875, com o objetivo de ligar os dois centros urbanos (Rio de Janeiro e Niterói), separados pela Baía de Guanabara. Foi um verdadeiro desafio da engenharia nacional, de caráter audacioso, pois possui o maior vão em viga reta já construído pela humanidade

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