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Resenha do livro "a civilização bizantina"

Por:   •  6/12/2018  •  2.100 Palavras (9 Páginas)  •  284 Visualizações

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2. A capital

Desde o momento de sua fundação, Constantinopla dominou o império. A burocracia e as finanças centralizavam-se cada vez mais ali; sua posição fazia dela a chave econômica e estratégica de dois continentes. Para reger o império era essencial, em primeiro lugar, tomar Constantinopla. (RUNCIMAN, 1961, p.143)

- . Um centro comercial

Ao mencionar Constantinopla, o autor, através de um comparativo com outras grandes cidades do período, afirma que não haveria de fato uma concorrência mercante equiparável à capital por volta do século VII. A cidade era contornada por muralhas, à frente delas, na parte do litoral, encontravam-se múltiplos armazéns, depósitos e cais em que ancoravam os navios de mercadores.

Nesse sentido, é possível observar que “a nobreza freqüentemente entregava-se a atividades comerciais [...]” (RUNCIMAN, 1961, p. 159), sendo a corte imperial a maior casa de comércio de Constantinopla, monopolizando o negócio da seda. Havia também negócios com outros artigos, como trigo, granjas e tecelagem.

Apesar disso, não seria possível acumular grande fortuna através dessas atividades comerciais, pois o Estado aplicava uma rígida regulamentação dos lucros no intuito de impedir que subissem muito. Outras regulamentações também afetavam a esfera mercantil, como o controle estatal do trânsito e migração de pessoas dentro do próprio Império.

2.2. Arquitetura e composição urbana

Não existiam bairros residenciais de luxo na capital, estando todos os tipos de construções e moradias pertencentes às diversas classes sociais amontoadas. Sobre as características físicas dessas residências, o autor traz que

As casas dos ricos eram construídas no velho estilo romano, de dois andares, com uma fachada exterior fechada, e abertas para o interior em tôrno de um pátio, às vêzes coberto e em geral adornado com uma fonte ou qualquer outro ornamento exótico que a fantasia pudesse sugerir. As casas mais pobres eram construídas com balcões ou janelas em balanço sôbre a rua [...] As ruas residenciais tinham sido em sua maioria edificadas por construtores particulares, mas uma lei de Zeno tentou introduzir-lhe alguma ordem. (RUNCIMAN, 1961, p. 146)

A referida lei estabelecia limitações nas proporções dos prédios e representava a base do planejamento urbanístico de Bizâncio. Também existiam regulamentos severos para as redes de esgoto.

Além disso, era possível observar uma grande quantidade de igrejas, que podiam ter anexos prédios como mosteiros, orfanatos, hospitais e hospedarias. Havia também edificações estudantis, como universidades e bibliotecas, e locais voltados para o lazer, o que seria o caso do Hipódromo, capaz de comportar até 40.000 pessoas, financiado pelo Estado para oferecer espetáculos gratuitos à população.

Se Constantinopla era o centro do Império, “O Palácio era o centro de Constantinopla [...]” (RUNCIMAN, 1961, p. 149). Era nele que, até o século XII, residia o imperador. Ali guardavam-se os tesouros imperiais, assim como colecionava-se uma vastidão de relíquias cristãs e erguiam-se suntuosas salas de reuniões imperiais. Ademais, no seu interior, mais especificamente nas habitações femininas (gineceu), ficavam os teares nos quais se produziam os mais caros tecidos, dado o monopólio imperial do comércio da seda.

3. A sociedade

3.1 Os nobres

O autor enfatiza que a aristocracia bizantina seria uma aristocracia de dinheiro, portanto era possível tornar-se nobre caso o indivíduo fosse rico.

Qualquer um com dinheiro investido em terras, o único investimento permanente seguro, podia encontrar uma família nobre, comprar-lhe o título e ver assim seus filhos se tornarem membros de classes senatoriais. A maneira mais comum era tornar-se servidor público, provávelmente soldado, e ser recompensado pela doação de grandes propriedades. (RUNCIMAN, 1961, p. 153)

Assim como no Palácio Imperial, os palácios nobres possuíam alas femininas. Mas, diferentemente das mulheres do gineceu imperial, essas participavam plenamente da vida dos homens. Quando solteiras não teriam tanta liberdade, mas depois de casar poderiam dominar todo o círculo familiar, posto que a mãe representava uma figura respeitada. Também envolviam-se nas conspirações, comuns aos aristocratas, e, em geral, caso fosse dada alguma punição ao homem, essa se aplicaria também à sua esposa. Por vezes eram poupadas de sentenças demasiado degradantes.

Os homens, de modo geral, desempenhavam alguma função no governo ou ocupavam seu tempo juntamente a suas esposas na corte imperial.

O imperador tinha uma vida extremamente regrada, fazia parte de sua gama de ocupações estar presente em inúmeras cerimônias, assim como mostrar-se ao povo nas exibições do Hipódromo. Também era obrigado a participar de longas procissões e receber embaixadores. Durante o verão era possível que se recolhesse em uma residência de campo.

A imperatriz, no interior do Palácio, gozava de mais liberdade que o imperador e seria inclusive quase tão poderosa quanto ele. Sobre como as imperatrizes seriam escolhidas, o autor traz que

Escolhia-se tradicionalmente a Imperatriz na Parada das Noivas. Emissários percorriam o império arrebanhando môças bonitas e bem-educadas, dentre as quais o imperador faria sua escolha. Freqüentemente, considerações de ordem política ou uma paixão intempestiva forneciam noiva ao imperador e o expediente tornava-se desnecessário. (RUNCIMAN, 1961, p. 150)

3.2. Eunucos

Para que um rapaz tivesse realmente êxito poderia ser sensato mandar castrá-lo, porque Bizâncio era o paraíso dos eunucos. Mesmo os pais mais nobre não hesitavam em mutilar seus filhos para promover o seu progresso, nem havia nisso nenhuma desgraça. Um eunuco não podia usar a coroa imperial nem tampouco, por sua natureza, transmitir direitos hereditários e nisso residia seu poder. (RUNCIMAN, 1961, p. 158)

Essa classe dispunha de incentivos especiais do serviço civil, tendo uma variedade de profissões reservadas apenas para eles e ocupando geralmente, inclusive no meio militar, postos de comando. No entanto, alguns cargos lhes eram tradicionalmente negados, como o de prefeito.

Nos meios menos abastados, era menos frequente a presença de eunucos, mesmo com sua utilidade para a área de saúde,

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