Resenha "Uso e mau uso dos arquivos"
Por: Hugo.bassi • 22/10/2018 • 1.507 Palavras (7 Páginas) • 681 Visualizações
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Ainda segundo Bacellar, os arquivos reais surgem como fruto da ação cotidiana e da burocracia pública, atendendo tão somente as consultas do próprio corpo administrativo. Sendo de caráter arquivístico de serviço e não público, não havendo, portanto, a consiencia de preservação por razão de estudo histórico. Cabe ao historiador desvendar onde se encontram os papéis que podem lhe servir
O texto segue na problematização da situação dos arquivos públicos no Brasil. O problema colocado inicialmente é de caráter estrutural e metodológico, e diz respeito a pouca noção das situações pelas quais um documento tem caráter permanente num arquivo. Segundo o autor, o valor histórico orientaria esse processo, porém outros critérios são usados para filtrar a massa documental acumulada e produzida hoje. A produção documental hoje só cresce, sendo alimentada e popularizada, segundo o autor, principalmente pela proliferação da informática que, ao invés de por fim, impulsionou a produção e cópia de documentos em papel.
Uma das maiores preocupações da arquivística contemporânea é eliminar o excesso de papéis, uma vez que nem todo documento tem um valor em si para a pesquisa. Essa questão é encarada com delicadeza pelos historiadores, para quem o descarte implicaria perdas irreparáveis em informação histórica. Carlos Bacellar contrapõe o argumento declarando que a arquivística atual está preparada para avaliar o caráter insubstituível, e o indispensável, do documento em questão.
Outro tema explorado é o do acesso aos documentos de origem governamental. Barcellar diz que a legislação a respeito é controversa, e declara que a pesquisa pode ser maculada uma vez que dá de cara com inúmeros empecilhos, como a falta de transparência. Dá o exemplo do caso dos documentos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, o DEOPS, que foram transferidos para arquivos públicos, como um caso pontual, sendo que tal ação não é comum no Brasil. Os critérios para o acesso público à documentos desse tipo, ainda segundo o autor, variam de acordo com os temores jurídicos e políticos em relação às informações ali reveladas.
Segundo o Carlos Bacellar, os arquivos não tem sido questão prioritária por parte do governo, sendo tratados como “instituições de segunda categoria”, enfrentando sérios problemas como falta de pessoal treinado, instalações adequadas e de recursos. O texto expõe o desafio que é trabalhar em instalações precárias, com documentos mal preservados e organizados. O historiador tem sempre um desafio à frente quando decide pesquisar, encontrando, por via de regra, descaso pelo patrimônio arquivístico público. É dada ao historiador a tarefa de buscar a conscientização da comunidade e alertar os responsáveis por essas instituições.
O texto entra agora em observações metodológicas acerca do desenvolvimento do trabalho de pesquisa, da consulta e coleta de material à análise desses documentos. A partir daí, coloca-se a importância da localização de fontes e conjuntos documentias interessantes ao foco do historiador; a relevância da disposição de ajuda profissional e funcionários treinados ao pesquisador; e o valor dos diversos instrumentos de pesquisa, ou catálogos, sendo obras fundamentais, segundo o autor, à pesquisa, pois remetem às fontes disponíveis.
A crítica reside no fado de que, na prática, a organização e identificação dessas fontes não acontecem, sendo ainda, ideal que as instituições contassem com outros instrumentos de pesquisa, que não só os catálogos, e funcionários qualificados à demanda.
Dentro do tema de análise documental, o texto versa ainda sobre as precauções técnicas a serem tomadas no ambiente de pesquisa arquivística. O primeiro contato com acervos documentais por parte de estudantes e pesquisadores, segundo o autor, é marcado por ideias preconcebidas e irreais. É normal dar de cara com os problemas que cercam os arquivos, como má catalogação, desorganização, preservação precária e pessoal desqualificado.
O trabalho de pesquisa exige precauções, uma vez que se trata da análise de produtos antigos quase sempre mal conservados. É necessária a utilização de luvas e máscaras, por exemplo, com fim de preservação da saúde do pesquisador bem como do objeto de análise. Os papéis devem ser manuseados com cuidado, principalmente quando se tratam de documentos antigos que sofreram degradação temporal e são frágeis, sendo interessante observar o cuidado ma manipulação de acordo com o grau de danificação.
É indispensável a compreensão, por parte do pesquisador, sobre o caráter insubstituível de alguns documentos. Os métodos de análise que preservem o objeto de pesquisa são extremamente preferíveis, segundo Bacellar, como cópias fotográficas no caso de originais antigos, por exemplo.
Por fim, o texto introduz noções analíticas diversas, como critérios de avaliação e produção documental, análise da fidedignidade do objeto de pesquisa, e até mesmo métodos de abordagem da pesquisa.
REFERÊNCIAS
BACELLAR, Carlos. Uso e mau uso dos arquivos. In: Carla PINSKY. Fontes Históricas. 2ª edição. São Paulo: Editora Contexto,
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