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REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA MEMÓRIA HISTÓRICA DE GETÚLIO VARGAS

Por:   •  24/12/2018  •  2.859 Palavras (12 Páginas)  •  344 Visualizações

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É em busca dessa memória que este trabalho focou suas atenções, por intermédio da figura de Getúlio Vargas, pela associação com o grupo de alunos que em sala de aula através de livros didáticos lê a história e que de certa forma visitam a história.

GETÚLIO VARGAS, UM LUGAR NA MEMÓRIA

Para Nora (1997), existem três dimensões que contribuem, ao mesmo tempo e em diferentes graus, para caracterizar um lugar de memória. A primeira é a dimensão material que se refere a condição de objeto concreto (um quadro, um livro, etc); a segunda é a dimensão funcional, que cumpre a tarefa de preservar um fato; a terceira é a dimensão simbólica, fala dos significados que são construídos em torno dele de acordo com os valores, crenças e representações das pessoas. Sendo assim, a história é incorporada pela memória e esta reconstrói a primeira.

Além das características concretas (livros, etc) que privilegiam o figura de Vargas como um marco concreto da memória histórica do país, outros fatores contribuem para a sua constituição em um lugar de memória indissociavelmente ligado à imagem de Getúlio Vargas. Vargas foi o presidente que por maior de tempo ocupou a presidência - de 1930 a 1945 - e o único que a ela retornou, como quem volta à própria casa, para aí permanecer pelo resto da vida, de 1951 a 1954. Um segundo fator, Vargas não deixou a presidência por término do mandato presidencial, mas morto, sob circunstâncias dramáticas, que produziram intensa comoção popular e marcaram o fim de uma fase extremamente conturbada da vida política nacional. O terceiro ponto, longe de ensejar o término do mito de Vargas, cuidadosamente construído durante o Estado Novo - período de 1937 a 1945, durante o qual o Congresso esteve fechado e Getúlio exerceu com mãos de ferro o governo do país -, o suicídio veio a revigorá-lo e conferir-lhe, pelas frequentes rememorações do episódio, um grau de permanência que o faz chegar até aos dias de hoje.

A REPRESENTAÇÃO DE GETÚLIO VARGAS APÓS SESSENTA E DOIS ANOS

O imaginário de representações sociais que configura e personaliza a atual memória de Getúlio Vargas foi objeto de um trabalho empírico junto à uma parcela de jovens que espontaneamente buscou reavivar em si próprio - ou, em alguns casos, começar a construí-la -, através do debate e estudo histórico proporcionado pela composição política atual do Brasil e de uma amostra enviesada. Contudo, a pesquisa teve como objetivo descrever e comparar as representações históricas de Getúlio por parte das pessoas que se preocupam em atualizá-las pelo confronto da sua própria memória com a história documental. Acrescenta-se apenas que, no caso dos adolescentes em sala de aula, o propósito de construção da memória histórica não teve uma origem pessoal, mas sim institucional, por iniciativa da escola e deste que os levaram a formar uma representação histórica de Vargas.

CAMINHO E CONSTRUÇÃO

Durante o período de 18 a 29 de novembro de 2016, foram aplicados 60 questionários aos alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Gonçalves Dias. O grupo de sujeitos entrevistados ficou constituído de 100% de pessoas que tinham até 17 anos de idade e que, portanto, não foram testemunhas do governo Vargas.

No tocante à orientação política, 80% dos entrevistados se declararam de direita, enquanto 15% se disseram de esquerda, além de 5% sem definição política. Diga-se que não havia a alternativa de resposta "centro".

O questionário, com sete perguntas fechadas, em uma única folha, como a situação de coleta expedita o exigia. As questões fechadas solicitavam julgamentos quanto a coisas boas e ruins feitas por Getúlio, à lembrança de pessoas que o apoiaram ou lhe fizeram oposição, ao conhecimento das circunstâncias da sua morte, à indicação das fontes de suas lembranças e à preferência por uns ou outros dos epítetos comumente apostos a Vargas.

As respostas às perguntas fechadas, compuseram um banco de dados, a partir do qual foram construídas tabelas de distribuição de frequências e comparações entre as contribuições relativas de diferentes variáveis - idade, escolaridade e orientação política - para a produção dos resultados globais.

REPRESENTAÇÕES DE GETÚLIO VARGAS

Os resultados referentes à análise foram compostos de cinco temas básicos - ditadura, leis trabalhistas (e trabalhadores), presidente (e grande presidente), suicídio e populismo - na composição privilegiada do núcleo central e da primeira visão da representação social de Getúlio Vargas. Em suma, concluiu-se que tal representação se organizava em torno de duas ordens de temas controversos: 1º - o governo (primeiro) do "presidente" Vargas foi reconhecidamente uma "ditadura", mas ele não deixou de ter sido também um "grande presidente"; 2º - o "populismo" constituiu um traço negativo marcante de Getúlio como governante, mas teve como saldo positivo as "leis trabalhistas", que fizeram justiça aos "trabalhadores". Enfim, a imagem histórica de Getúlio Vargas parecia indissociável do "suicídio" como um ato de vontade própria. Esta estrutura representacional sintetiza assim os eixos principais da memória histórica de Getúlio que foi trazida pelos entrevistados (alunos) e atualizadas em sala de aula.

Essa memória histórica básica de "Getúlio nos livros didáticos" é confirmada e desdobrada pelos resultados apresentados a seguir, que são relativos às respostas e às demais perguntas do questionário pelo conjunto dos sujeitos entrevistados. Admite-se que, pela composição do grupo de entrevistados, os resultados refletem principalmente as representações dos alunos de menor idade, de nível médio de escolaridade e de orientação política de direita.

VARGAS REALIZOU COISAS BOAS E RUINS

Não há dúvida alguma, que a memória social de Getúlio tem um saldo extremamente positivo de realizações louváveis como governante, como mostra o Gráfico 1. Do total de 60 entrevistados, 48 ou 80% dos entrevistados, declaram que Getúlio fez mais coisas boas do que ruins, enquanto apenas 9 ou 15% acham que ele fez mais coisas ruins, em uma proporção menor ainda 3 ou 5% dizem que ele fez tanto coisas boas quanto ruins.

[pic 2]Gráfico 1

Dentre as realizações tido como boas feitas por Vargas, sobressai claramente, o conjunto "leis trabalhistas"

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