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O Histórico protesto contra a Ditadura Militar

Por:   •  9/11/2018  •  5.578 Palavras (23 Páginas)  •  312 Visualizações

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Nascido em Bento Gonçalves no dia 03 de agosto 1907, Ernesto Beckmann Geisel era filho de imigrantes alemães. Formou-se no Colégio Militar de Porto Alegre e, mais tarde, tornou-se Oficial formado na Escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Foi militar por toda a sua vida até entrar na carreira política em 1964, quando o presidente Castelo Branco o nomeou Chefe da Casa Militar do governo. Em 1967, chegou ao cargo de Ministro do Superior Tribunal Militar. Até que em 1974 se tornou presidente da república com 80% dos votos. Cabe ressaltar que nessa época o presidente era eleito não pelo voto popular, mas por um colégio eleitoral. Quando assumiu a presidência, o Brasil vinha do período mais agudo da ditadura militar, pois em 1968 havia sido publicado o Ato Institucional Número 5 (AI-5), que suspendia direitos políticos, institucionalizava a censura e dava plenos poderes aos militares. O general Geisel era da linha mais branda do Exército. Integrou, inclusive, o grupo de oposição a candidatura de Costa e Silva à presidência (Costa e Silva era um dos fortes representantes da chamada linha dura do exército, ou militares radicais). Esses militares da linha dura acreditavam que os mesmos deveriam ficar por tempo indeterminado no poder e usar da força para estabelecer a ordem. O general Geisel foi o responsável por extinguir o AI-5 e preparar o terreno para o retorno dos exilados políticos, que viria a acontecer no início do governo sucessor ao seu. Foi um presidente desenvolvimentista, responsável por inaugurar as primeiras linhas de metrô em São Paulo e no Rio de Janeiro e por buscar novas fontes de energia, como o álcool (etanol). Foi no seu governo que foi construída a maior parte da Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Paraná. O governo de Ernesto Geisel coincidiu com o fim do milagre econômico, com um significativo aumento no preço do petróleo, por conseqüência o preço da gasolina aumentou. No campo político, com a vitória do MDB (movimento democrático brasileiro – atual PMDB) nas eleições gerais, conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e as prefeituras das grandes cidades do país. Por essa razão, o presidente iniciou o processo de distensão lenta e gradual em direção a abertura política e a democratização do Brasil. Essa lenta abertura em direção a democracia no Brasil gerou descontentamento entre os militares radicais ou “linha dura”, expressão criada pela imprensa e por historiadores da época. Ocorreram diversas tentativas de desestabilizar o governo Geisel. Como exemplo tem a tortura e assassinato do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, nas dependências do DOI-CODI de São Paulo. Mesmo com todos esses fatos, o presidente superou todas as tentativas de desestabilização do seu governo. O golpe de misericórdia contra os linha-duras foi dado com a exoneração do Ministro do Exército, o General Silvio Frota. Ao término do mandato de Ernesto Geisel, a repressão a pessoas contrárias ao governo militar diminuiu consideravelmente. As oposições políticas, o movimento estudantil e os movimentos sociais começaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente Geisel indicou a candidatura do General João Baptista Figueiredo para a sucessão presidencial. Geisel deixou a presidência no dia 15 de março de 1979, sendo sucedido por João Figueiredo. Continuou exercendo forte influência no exército, onde apoiou Tancredo Neves nas eleições de 1985. Faleceu em 12 de setembro de 1996, vítima de câncer.

O governo Figueiredo foi marcado pela Lei da Anistia, permitindo o retorno ao país de todos os exilados políticos e o perdão aos que cometeram crimes políticos. Esse perdão estendeu-se também aos militares que estavam envolvidos em atos de tortura, desaparecimento e morte de civis (subversivos). Também foi marcado pelo restabelecimento do Pluripartidarismo, com a futura criação de partidos como o PT (Partido dos Trabalhadores), PDT (Partido Democrático Trabalhista), entre outros. Mas na área econômica a atuação do governo foi um desastre, culminando com uma recessão e inflação jamais vistos na história do país.

Com todo esse cenário destacado acima, passaremos a analisar todas as causas, ações e conseqüências do ocorrido no fatídico dia 30 de novembro de 1979, no centro da capital catarinense.

2.2 COMO OCORREU O PROTESTO DO DIA 30/11/1979

Programado para ser mais um protesto dos estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina contra o aumento do custo de vida, contra a ditadura militar, esse protesto acabou se transformando num episódio marcante na concretização da redemocratização brasileira. E inseriu-se de forma definitiva como um novo e importante capítulo da afirmação popular catarinense contra o exagerado centralismo do governo militar.

Um dos motivos que levaram a adesão do povo ao protesto dos estudantes foi a total ausência de comunicação entre o governo federal e o governo estadual. O nosso estado tinha na década de 70 e no início do governo Figueiredo importantes reivindicações, que dependiam da autorização de Brasília. Naquele ano de 1979 a principal realização prometida pelo governo de Jorge Bornhausen era a construção de uma usina siderúrgica para o melhor aproveitamento de carvão mineral catarinense. E a implantação dessa usina ganhou o apoio e a adesão do povo catarinense. Como Jorge Bornhausen era indicado pelo governo militar, a suposição entre os catarinenses era que essa reivindicação teria a aprovação e conseqüente autorização do governo federal. Mas, na semana da visita presidencial à Florianópolis, o Ministro da Indústria e Comércio, Camilo Pena, praticamente enterrou o que seria o maior sonho dos catarinenses na época, conclamando numa audiência com todos os parlamentares catarinenses, que a construção dessa siderúrgica (SIDERSUL) seria assunto para o próximo governo, o que gerou mais descontentamento entre o povo catarinense. Era possível, no pensamento dos membros da ARENA (Aliança Renovadora Nacional, partido aliado dos militares), um protesto da população contra o Chefe de Estado.

De início, parecia que a visita do presidente seria um sucesso, todos os detalhes foram minuciosamente pensados e concretizados, pois o governo estadual não queria fazer feio perante a autoridade máxima do país. Tinha que ser uma festa espetacular, mostrando o calor da receptividade e da hospitalidade da gente dessa terra. Todos os funcionários públicos foram dispensados do trabalho do dia 30 de novembro para ir à Praça XV de Novembro assistir a visita presidencial. O governador contou com uma sensacional estratégia de marketing montado pela Secretaria de Comunicação Social. Mesmo com o aumento da crise econômica, Bornhausen

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