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Identidades dos estados e identidade nacional à época da Revolução Americana

Por:   •  22/10/2018  •  2.503 Palavras (11 Páginas)  •  409 Visualizações

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Essas diferenças proporcionaram a base para comparações desfavoráveis e o aumento da inveja. Como era objeto das Leis Intoleráveis de 1774, Massachussets estava no centro do furacão da resistência, e os representantes da Nova Inglaterra “encontraram uma forte inveja de nós, da Nova Inglaterra, e do Massachusetts em especial”. A nomeação de Washigton pode ter de fato consolidado as relações entre Virgínia e Massachussetts, as duas colônias que ao longo da década anterior tinham disputado a liderança da resistência aos esforços britânicos para cobrar tributos das colônias e controlar melhor a administração colonial, mas ela de modo algum eliminou as profundas invejas e dissensões entre as regiões. As colônias da Virgínia, das duas Carolinas e da Nova Inglaterra se prontificaram, com relativa rapidez, a apoiar o movimento pela independência, mas algumas das colônias do meio, que incluíam principalmente Maryland, Pensilvânia e Nova York, agiram com muito mais deliberação. Foi assim que James Duane, em maio de 1776, aconselhou seu companheiro representante de Nova York, John Jay, a não se pronunciar rápido demais pela independência. Deveríamos esperar para ver “a Conduta das [outras] colônias do meio antes de chegarmos a uma decisão”, escreveu ele. Esse comportamento cauteloso não granjeou para os nova-iorquinos a simpatia dos outros líderes da resistência. Nova York é a última colônia a decidir pela independência.

Nas semanas imediatamente subseqüentes à declaração de independência, quando o congresso tratou pela primeira vez do complexo problema de criar uma união política duradoura entre as ex-colônias, ele descobriu rapidamente como essas diferenças eram de fato fundamentais. Os representantes discordavam obstinadamente quanto à contagem dos escravos como bens ou como pessoas na alocação de despesas governamentais; quanto a ser recomendável, ou não, aplicar impostos sobre o transporte de cargas; quanto à decisão de os estados com reivindicações de terras no oeste deverem ou não renunciar a elas em benefício do governo geral; quanto a ser a votação no Congresso por estados, pela população ou pela riqueza e, o mais importante de tudo como deveria ser distribuída a autoridade entre o governo nacional e os estados.

Benjamin Harrison, da Virgínia, defendia uma confederação “na qual deveriam ser definidos os objetivos da guerra, delineados os termos para a sua conclusão, e as colônias da união deveriam comprometer-se umas com as outras para contribuir com sua respectiva força para alcançar esses objetivos, E, quando eles tivessem sido atingidos, que qualquer colônia isolada tivesse o direito de dizer que se recusava a prosseguir. O debate a respeito da confederação desnudou uma diferença fundamental entre aqueles estados onde a escravidão era da máxima importância econômica e aqueles onde não era. Nesses primeiros dias da união nacional americana, porém, a disseminação da escravidão não era o principal divisor de águas. Era assim que o representante de Maryland, Samuel Chase, se preocupava com a possibilidade de que a “enorme vantagem no comércio” de que gozavam as “Colônias do leste lhes desse uma superioridade”. Rutledge falou por muitos representantes quando manifestou sua decisão de “conferir ao Congresso o mínimo do Poder que seja absolutamente necessário e, para usar uma expressão familiar, manter o bastão de comando em nossas próprias mãos [ou seja, na dos estados], pois tenho certeza de que, se entregue às mãos de outros, será feito dele um uso extremamente pernicioso.

O primeiro grande Direito da forma britânica de governo era o direito “do Povo” de ter uma “participação no governo de si mesmos”. Através desse direito, escreveu ele “garante-se ao povo ter seu próprio Governo por Representante escolhidos por eles mesmos e, consequentemente, que serão regidos por Leis que eles mesmos aprovaram, não por decretos de homens sobre os quais não têm Controle algum. A profundidade desse apego aos governos estaduais associou-se à consciência cada vez mais ampla das dessemelhanças entre os estados e das suspeitas e invejas derivadas dessas dessemelhanças, de um modo que levou muitos representantes e perderem a esperança de um dia conseguir concretizar uma união viável.

Já no outono de 1776, como Benjamin Rush informou a um correspondente francês, “novos governos” tinham sido “instituídos em todos os estados, alicerçados na autoridade do povo”. Já no início de 1777, apenas três estados – Nova York, Nova Hampshire e Massachusetts – não tinham adotado constituições formais, e Nova York e Nova Hampshire em breve fariam. Além disso, essas constituições eram expressão de orgulho e lealdade locais, sendo em sua maioria endossadas com carinho pela população da região. Embora as constituições dos diversos estados fossem semelhantes quanto fundamentarem a autoridade política no consenso popular, atribuindo a primazia do poder à legislatura e prevendo eleições anuais de legisladores, elas diferenciam entre si em muitos detalhes. Esses “detalhes” eram uma expressão de identidade que cada uma das colônias tinha desenvolvido ao longo da era colonial. É realmente digno de nota como essas constituições reproduziram, com uma veia republicana formal, os arranjos governamentais com os quais os colonos estava familiarizados na era colonial.

Foi assim que John Adams elogiou as constituições da Carolina do Norte e da Virgínia, prematuramente no caso da Virgínia, por fazerem “um esforço pela destruição do sectarismo” ao abolir “seus dispositivos do Episcopado a ponto de conceder completa liberdade de consciência a dissidentes, um ganho em prol dos direitos da humanidade”, acreditava ele, “que vale todo o sangue e toda a fortuna que já foram e ainda serão gastos nesta guerra”. Por todas as colônias, porém, os elaboradores de constituições procuravam ater-se ao conhecido. A rapidez com que os governos dos estados tomaram o pode e estabeleceram sua autoridade determinou efetivamente que as distinções provinciais, com todo “os preconceitos locais e interesses particulares”, bem como as identidades específicas que elas envolviam, aumentassem de intensidade e contribuíssem para a perpetuação daquelas extremas “invejas umas das outras” que tinham vindo à tona nos primeiros dias da Revolução. Na realidade, a composição do Estado federal americano em sua forma inicial criou assim um cenário para a reiteração e intensificação de identidades provinciais. De fato, como o comerciante de Rhode Island Stephen Hopkins observou nos debates inicias acerca da confederação, eles passaram a crer que “a segurança do todo” dependia “da Distinção entre as colônias”.

Essa

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