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O JEITINHO E IDENTIDADE NACIONAL

Por:   •  1/5/2018  •  1.553 Palavras (7 Páginas)  •  373 Visualizações

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No Brasil, sempre que o valor englobante da análise for o individualismo, existe a formação da identidade social negativa, e de outro modo, sempre que o valor englobante não for o individualismo temos a identidade social positiva. As diferentes ideologias no Brasil estariam muito mais ligadas a domínios e espaços da sociedade do que a segmentos sociais.

O processo de “individualização” é visto como negativo, e o indivíduo neste não tem valor central. E por vezes quando inseridos na sociedade os valores individualistas são vistos como “novos”, “modernos”, “revolucionários” e etc.

A amizade colorida, relações abertas, casamentos alternativos e etc. Nestas relações é permitido um percurso individualista a ambos os parceiros, não podendo haver poder de reinvindicação sobre qualquer um deles. Diferentemente dos valores hierárquicos e holistas que regem a maioria das relações , a atualização dos valores individualista necessitam ser elucidados para que possa haver “relação’.

Os ramos político, econômico, social e administrativo são guiados pelo código individualista, por exemplo, a liberdade civil e a igualdade de acesso. O individualismo aqui funciona como discurso autônomo. Direitos individuais, liberdade e igualdade são normas que conduzirão a sociedade, qualquer procedimento contrário a este é visto como estado social negativo.

O homogêneo comportamento político é um exemplo claro desse processo. A maioria dos discursos tem uma visão negativa da performance da elite política do país. Essa negatividade advém da diferenciação acorrida do que é dito nos discursos políticos e do que realmente é efetivado na vida pública e particular, trata-se do esquecimento das categorias que o elegeram. É esperado que o político aja como indivíduo e não como pessoa.

Porém no Brasil o código individualista encontra dificuldades para se realizar na prática social. A ideologia “moderna”, impessoal é derriba pela própria prática social, formando a identidade social altamente negativa. Advém daí a expressão “político é farinha do mesmo saco”, constantemente empregada pelo povo, por haver descrença generalizada na classe política brasileira, perceptível em todos os discursos do jeitinho. A execução do projeto individualista, no nível da prática social, é percebida como estado social positivo.

- A IDENTIDADE SOCIAL BRASILEIRA POSITIVA

O discurso do brasileiro tem uma leitura muito positiva sobre o que é pertencer à identidade brasileira, tal positividade vem do filtro pelo qual analisamos essa sociedade. Nesse discurso, o jeitinho brasileiro é o vetor pelo qual a sociedade estabelece uma igualdade e uma justiça social. Ele se substancializa ao tomar como referência o cidadão brasileiro definido por um sistema moral ao invés de um sistema legal e também pertencente de uma totalidade mais ampla que a sociedade.

Além disso, o jeitinho é uma forma de perceber a sociedade e o indivíduo em que se privilegiam os aspectos humanos e naturais em detrimento dos institucionais. Para essa vertente, o jeitinho brasileiro é a manifestação do povo brasileiro, ou seja, cordial, caloroso, alegre e simpático, que deve o seu modo de ser a causas como a mistura racial e o clima tropical. Assim, o jeitinho promove uma homogeneização positiva, anulando toda a diversidade interna a partir da enfatização das qualidades.

- A IDENTIDADE SOCIAL BRASILEIRA NEGATIVA

Paralelamente à identidade social positiva existe a identidade social negativa, essa visão vem de uma leitura comparativa com países desenvolvidos sobre a economia e as instituições políticas e sociais. A negatividade surge ao comparar a sociedade brasileira com o modelo individualista que busca o tratamento impessoal e universal ao moldes do cidadão norte-americano, no entanto, esse modelo não encontra raízes profundas em nossas instituições.

Ao contrário do modelo indivíduo-cidadão, no Brasil predomina o modelo indivíduo do jeitinho. O modelo brasileiro pede a adoção do modelo individualista que defenda a igualdade e liberdade para todos, mas tem dificuldade em executar esse projeto. Dessa forma, a visão negativa do jeitinho acredita que ele deve ser coibido para que o modelo individualista se realize plenamente, ou seja, todos os laços que a pessoa mantém com um sistema moral que atribua peso maior às relações que aos indivíduos deve ser abolido, mas ele é aceito em seu aspecto “adaptativo” que permite a eficiência do sistema brasileiro. Assim, ao condenar o jeitinho admite-se a sua relação com a infração dos princípios individualistas e ao praticá-lo justifica-se a sua existência para reparar as desigualdades e ineficiências do sistema que são resolvidos com a utilização desse sistema moral.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os aspectos observados, conclui-se que o jeitinho é de fundamental importância na percepção do brasileiro como pertencente deste país, contribuindo para sua formação cultural, a partir de um elemento agregador, mesmo com as controvérsias a respeito da sua influencia no caráter dos indivíduos e suas consequencias para a nação. O jeitinho brasileiro, como elemento de identidade nacional, é um aspecto que une os brasileiros e harmoniza suas relações sociais.

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REFERÊNCIAS

EPSTEIN, A. L. Ethos and Identity: Three Studies in Ethnicity. London: Tavistock Publications, 1978.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Sociologia Geral. pp, 81-120.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI- UESPI

CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS- CCSA

CAMPUS: CLÓVIS MOURA – CCM

PERIODO: 2016.1

DISCIPLINA:

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