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História Romana: Sociedade e Cotidiano

Por:   •  21/9/2018  •  2.363 Palavras (10 Páginas)  •  263 Visualizações

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Em Roma, o luxo dos romanos ricos contrastava com a miséria dos romanos pobres. Esse abismo não diminuiu nos dois primeiros séculos do Império; pelo contrário, os ricos passaram a viver ainda melhor habitando palácios enquanto os pobres viviam em habitações pequenas e sem conforto. (2002: s.n)

Dessa maneira vemos que as hegemonias das elites dotadas de privilégios sobrepunham-se aos interesses dos cidadãos mais pobres como camponeses e comerciantes, os plebeus, nas antigas cidades romanas. Acabavam por excluir essa parte da população impedindo seu crescimento e gerando dificuldades para sobreviverem, em resumo, o controle sobre a distribuição social extremamente desigual da propriedade e da riqueza no mundo romano era o que separava a classe dominante dos outros grupos sociais.

Prevendo possíveis revoltas populares a forma encontrada para tirar a atenção da situação de exclusão da época e controlar as multidões, assim como, transmitir uma imagem de “bom governante”. O Imperador Otávio Augusto criou a política do Pão e Circo onde o governo de Roma realizava grandes espetáculos, nos quais a população plebeia gastava parte de seu tempo assistindo a disputas esportivas e a lutas entre os gladiadores. Durante a mesma ocasião, também eram distribuídos alimentos e trigo para a população.

Ainda assim “o pão e circo” romano não atingia a totalidade da população de Roma. Uma pequena parte dessa população pobre tinha direito aos benefícios do Estado, e nem todos os plebeus tinham como acessar as arenas onde os espetáculos aconteciam. Mas no geral atraía a simpatia popular e desviava a atenção da miséria em que muitos viviam.

A esse respeito Funari reflete: ‘’Por isso, até hoje, quando se diz que determinados governantes ou meios de comunicação querem criar um povo alienado e acomodado com paliativos sem procurar de fato resolver seus problemas, fala-se em política de ‘’pão e circo.’’ (2002. s.n)

2 Grandes Espaços Públicos

Existiu outro momento cotidiano em que a nobreza e a grande massa popular também se misturavam, eram nas famosas corridas de bigas do Circo ou nas populares lutas de gladiadores nos gigantescos anfiteatros das arenas romanas. O principal palco dessas lutas, o Coliseu, foi concluído pelo imperador Tito no ano 80 e possuía uma ótima organização, tinha um sistema de coberturas retráteis contra a chuva e o sol excessivo e os vomitoria, saídas que davam acesso direto aos assentos ou ao exterior e permitiam esvaziar o local em minutos, sem tumulto.

Os anfiteatros funcionavam como a sociedade romana, um reflexo da sua vida cotidiana, os assentos eram repartidos de acordo com a classe da população, os imperadores e a plebe se confrontavam face a face, acontecendo então as reivindicações da plebe.

As lutas entre os gladiadores ocupavam lugares especiais ao mesmo tempo de honra e degradação. O anfiteatro para os romanos era um local aonde reafirmavam seus valores, separando o romano do não romano, o obediente do resistente, o normal ao que rompia as normas.

Segundo Maria Luiza Corassin em seu livro Sociedade e Política na Roma Antiga: O povo de Roma participava com extraordinário entusiasmo desses espetáculos, que se difundiram pelas principais cidades. Eram considerados indispensáveis a uma autêntica vida urbana e perdurara.(2001. p,93)

Como os gladiadores eram profissionais valiosos, os derrotados eram poupados com frequência da morte. Muitos viveram vários anos e até se aposentaram, tornando-se instrutores de jovens gladiadores. Alguns desses gladiadores viravam celebridades, objetos de desejo das damas mais assanhadas da nobreza e até mesmo declarações de amor eram feitas a eles nas paredes romanas.

Além das lutas de gladiadores existiam os jogos romanos que eram patrocinados pelos imperadores ou por outros membros endinheirados da nobreza. A entrada era paga, mas os preços eram acessíveis. Os espetáculos podiam ter um viés político para conseguir votos, mas eram muito mais que isso.

Eram lugares de encontro entre as pessoas comuns e expressavam a identidade do povo romano, seus valores culturais, como a relação com os deuses, com a vida e a morte, suas ideias de virtude, de guerras, de combates. Lutas de animais, execuções, batalhas navais, caça de animais são exemplos de jogos romanos na época.

Entretanto vale ressaltar que além do glamour desses espaços públicos, era um lugar de sangue, dor e de morte; muitos seguidores de Cristo e adeptos de suas ideias foram condenados e levados às arenas, assassinados brutalmente.

3 Banhos Romanos

Enquanto a plebe usufruía dos privilégios da política do ‘’pão e circo’’ os mais ricos gozavam de outras oportunidades de lazer e convívio social como os balneários que eram muito comuns, na cidade de Roma. Constituíam um espaço para conversas, conspirações, encontros de negócios, cuidados com o corpo, rituais de vaidade e situações presentes em organizações humanas de todos os tempos.

Os balneários que eram uns dos maiores prazeres da vida urbana na Antiguidade, um dos principais locais de entretenimento, quase como um clube ou um shopping Center hoje em dia, existiam apenas nas propriedades dos ricos. Séculos mais tardes por iniciativa de imperadores e empresários transformaram-se em termas públicas.

Agora, a prática dos banhos era amplamente difundida, e tanto ricos como pobres podiam frequentar as termas. Nelas, havia piscinas de água fria, banheiras de água quente, salas com vapor e ambientes para prática de ginástica – homens e mulheres usavam espaços diferentes. Nos imensos complexos, relaxava-se, faziam-se negócios e discutiam-se política e filosofia. Para entrar nelas, pagava-se uma pequena quantia. Mas o ápice mesmo dos banhos públicos foi lá pelo ano 300 – nessa época, haviam cerca de mil casas do gênero em Roma.

Esses banhos eram muito procurados, pois significavam para os romanos desfrutar de um grande prazer e não necessariamente apenas uma prática de higiene. É como ir à praia ou ao clube entre nós. Havia geralmente três ou quatro qualidades de banhos, e os homens escolhiam desde os mais frios até os mais quentes.

Sobre os banhos dos romanos Philippe e Georges em História da vida privada afirmam:

Por alguns cêntimos, os pobres passavam horas num ambiente luxuoso que constituía uma homenagem das autoridades-imperador ou notáveis(...) Nessa vida de praia artificial, o maior prazer era o de estar em multidão, gritar, encontrar pessoas,

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