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Fortaleza dos Reis Magos e a sua importância para a fundação da cidade de Natal-RN

Por:   •  19/9/2018  •  4.876 Palavras (20 Páginas)  •  378 Visualizações

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Durante as segundas invasões holandesas no Brasil (1630-1654), a memoria de 20 de maio de 1630, oferecida aos dirigente da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais[10] de Pernambuco, por Adriaen Verdonck[11]; este refere-se:

"Da cidade do Rio Grande (Natal) ao forte chamado os Três Reis Magos há apenas a distância duma pequena meia milha (2 quilômetros), e esse forte é o melhor que existe em toda a costa do Brasil, pois é muito sólido e belo e está armado com 11 canhões de bronze, todos meios-canhões, muitas colubrinas e ainda 12 ou 13 canhões de ferro, estes porém imprestáveis; na entrada do mesmo forte há também 2 peças e daí chega-se ao paiol da pólvora; as muralhas podem ter de 9 a 10 palmos de espessura e são dobradas, tendo o intervalo cheio de barro; ordinariamente há poucos víveres no forte, porque entre esses portugueses não reina muita ordem; a guarnição consta habitualmente de 50 a 60 soldados pagos e com a maré cheia o forte fica todo cercado d'água, de modo que ninguém dele pode sair nem nele pode entrar."

Em dezembro de 1631, foi feito uma primeira tentativa de assalto frustada ao forte, comanda por Vandenbourg (neerlandês), porém em dezembro de 1633 iniciou-se uma nova invasão neerlandesa, vindos do Recife em quinze navios. Essa invasão contava com uma tropa de 800 soldados que desembarcaram na praia de Ponta Negra sob o comando do Tenente-coronel Byma, cercando o forte numa operação combinada terrestre e naval. Guarnecido por 85 homens sob o comando do Capitão Pedro Gouveia e artilhado por 9 peças de bronze e 22 de ferro, após uma semana de batalha, o comandante do forte é ferido, sendo assim é negociada a rendição por alguns ocupantes.

O forte foi ocupado de 12 de Dezembro de 1633 a Fevereiro de 1654, com o nome de Castelo Ceulen, em homenagem a Natthijs van Ceulen, um dos dirigentes colegiados da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WOC) no Brasil de 1633-1634. O capitão Joris Garstman[12] foi o primeiro holandês a comandá-la e o Conde Maurício de Nassau (1604-1679) que mandou repará-la (1638).

Sobre esta fortaleza, Nassau, no "Breve Discurso", datado de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", reporta:

"(…) o Castelo Keulen, no Rio Grande, situado sobre o arrecife de pedra na entrada da barra. Construído de pedra de cantaria, é muito elevado, e tem muito grossas e fortes muralhas. Na frente, para o lado de terra, tem uma forma de hornaveque, isto é, uma cortina, com dois meio baluartes e provido, segundo o velho estilo, de orelhões e casamatas. Diante dos outros três lados há tenalhas. Este forte está sujeito às altas dunas que lhe ficam a tiro de arcabuz, e são tão elevadas que delas se pode ver pelas canhoneiras o terrapleno, e daí tirar à bala o sapato dos pés aos do castelo. Quando nós o cercamos, assentamos a nossa artilharia sobre as dunas, e fizemos um fogo tal que ninguém podia permanecer na muralha. Mas este defeito foi remediado, levantando-se sobre a muralha da frente, contra o parapeito de pedra, um outro de terra à prova de canhão, e com isto todo o forte da parte de cima está coberto e resguardado. E como de maré cheia este forte fica cercado de água, e tem que resistir ao embate do mar, está um pouco danificado na parte inferior, o que se reparará, construindo-se de pedra e cal uma nova base.

O Castelo está bem provido de artilharia: além das peças que nele foram tomadas, puseram-se-lhe mais duas de calibre 4, que estavam nas caravelas que achamos no rio, quando o fomos cercar."

O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriaen van der Dussen[13], datado de 4 de Abril de 1640, complementa, atribuindo-lhe a Companhia do Capitão Bijler, com um efetivo de 88 homens:

"(…) o Castelo Keulen no Rio Grande; foi construído de pedras, é muito alto e tem do lado de terra dois meio-baluartes com orelhões e casamatas do estilo antigo, mas tanto as cortinas como os baluartes (são) exíguos e pequenos, não tendo flancos nos demais lados; foi construído próximo do mar, além das dunas, em um arrecife, a um tiro de mosquete da barra. À distância de um tiro de fuzil do forte há dunas tão altas ou quase tão altas quanto ele, de modo que delas são dominadas as passagens da muralha do Castelo, o que agora se procurou impedir com a construção de travessões ao longo da muralha, com os quais ficou resguardado o forte e livre do perigo de ser canhoneado. Nesse Castelo contam-se 10 peças de bronze, a saber: 4 de 12 libras, 1 de 10 libras, 3 de 8 libras, 1 de 7 libras e 1 de 3 libras, e mais 16 de ferro, a saber: 1 de 6 libras, 4 de 4 libras, 7 de 3 libras e 4 de 2 libras, nas casamatas 1 de 4 libras e 2 de 3 libras dentro da porta externa, todas espanholas."

Foi nos calabouços deste forte que o ex-governador do Pará e Maranhão, Bento Maciel Parente[14], terminou os seus dias, aprisionado contra as leis de guerra, após a capitulação de São Luís do Maranhão (1 de Fevereiro de 1642). Em 1654, após a capitulação da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WOC) em Recife, quando o Coronel Francisco de Figueiro, por ordem do General Barreto chega para ocupar esta fortaleza, a mesma já havia sido abandonada pelas forças neerlandesas.

As dependências do forte serviram como prisão política para os implicados na Revolução Pernambucana de 1817[15]. Entre eles destacou-se o seu líder no Rio Grande do Norte, André de Albuquerque, que faleceu em uma das celas, vítima de ferimento, naquele mesmo ano. No contexto da Questão Christie[16] (1862-1865), o forte sofreu reparos em 1863 e, posteriormente, em 1874. Em 1885, as suas muralhas se encontravam derrocadas, fazendo suas 14 peças de artilharia caírem por terra.

O forte também foi utilizado durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) o qual esteve guarnecido por uma bateria independente de artilharia de costa.

Foi tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1949, o qual esteve sob a administração da Fundação José Augusto, fundação pública ligada ao Governo do Rio Grande do Norte, de 1965 até dezembro de 2013. A última grande intervenção de conservação foi realizada em 2005, com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em janeiro de 2014, a gestão do edifício foi transferida para o IPHAN. A fortificação integra um conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e histórico-culturais na cidade.

Em se tratando de suas características gerais o forte apresenta planta poligonal irregular, erguido em alvenaria de pedra e cal. Em torno do terrapleno,

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