“Colonização, miscigenação e questão racial: notas sobre equívocos e tabus da historiografia brasileira”
Por: Ednelso245 • 18/3/2018 • 950 Palavras (4 Páginas) • 686 Visualizações
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Durante as décadas de 1930 e 1940, a historiografia brasileira tem três principais autores: Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda e Caio Prado Jr. O primeiro trata bastante da questão da miscigenação, deixando de usar o conceito de “raça” e adotando o conceito de “cultura”, influenciado por Franz Boas. Mesmo sendo muito criticado por defender a democracia racial no Brasil, Freyre valorizou bastante a fusão das três raças e sua importância na formação do Brasil, sendo um pioneiro em sua teoria. Sergio Buarque de Hollanda pouco avançou nesse âmbito da miscigenação. O autor segue Freyre em relação à não haver “orgulho de raça” no Brasil.
Já Caio Prado destoa dos dois autores supracitados, denunciando o racismo existente na sociedade colonial. Para ele, o negro e o índio praticamente não tiveram contribuição na formação da sociedade brasileira eram considerados inferiores culturalmente. Essa concepção perdurou na historiografia brasileira. Vainfas destaca a comparação entre Freyre e Caio Prado, onde o primeiro traz aspectos para uma originalidade brasileira e o segundo apenas reforça preconceitos antigos.
Charles Boxer é um contraponto a Freyre em relação à tolerância racial, considerando os portugueses os povos mais racistas da época contra judeus, mouros, índios e negros. Além disso, Boxer acredita em um conceito de raça ligado à linhagem, ao sangue, diferente de Freyre que utiliza esse conceito baseado no biológico, influenciado pelo cientificismo do século XIX. Vainfas acredita que Freyre comete um equívoco quando cria uma relação entre atração sexual e tolerância racial.
Somente na década de 1980 que a historiografia começou a atentar mais para a questão da miscigenação cultural, demonstrando a importância de estudar o negro em Katia Mattoso.
Para Vainfas, a historiografia evolui no que diz respeito da mescla cultural, porém não na miscigenação racial. Um dos problemas centrais para esse estudo é o conceito de raça. Esse deve ser visto como social e ideologicamente construído. Deve-se ressaltar o racismo na sociedade colonial, não somente o racismo relacionado com a escravidão dos africanos. O autor reforça a ideia de Freyre, a qual coloca a miscigenação como alicerce da construção da sociedade brasileira. Defende que não precisa se ater no âmbito cultural, mas também retomar a visão de Martius.
A partir da leitura desse artigo, é possível perceber a crítica do autor à historiografia brasileira, salvas algumas exceções, a qual pouco falava sobre a miscigenação das três raças na formação da sociedade brasileira. Além disso, também são demonstrados vários preconceitos, como a omissão ou inferiorização do papel do negro e do índio.
É pertinente ressaltar também que todos esses intelectuais escreveram sobre o Brasil tem importância para a construção historiográfica da história do Brasil. Mesmo com alguns equívocos, muitos introduzem pensamentos inovadores para sua época.
Esse artigo tem como utilidade abordar os principais autores da historiografia brasileira, seus pensamentos e de certa forma também realiza um debate historiográfico, o que é muito importante para a compreensão da história do Brasil. É uma obra que auxilia numa reflexão crítica sobre os principais autores da historiografia brasileira.
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