As filosofias da História
Por: Carolina234 • 21/10/2018 • 3.373 Palavras (14 Páginas) • 300 Visualizações
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Em sua teoria da história cada nação passa por fases com características especificas, que devem ser analisadas nas interpretações dos documentos. O homem percorre três fases identificados dos Vico: o período divino, heroico e humano em sua evolução. Na fase divina os homens sentiam medo da natureza e assim, a tornaram divina e tudo existia em função dos deuses, a justiça, os homens, os governos. Na era dos heróis, a característica era a força e os costumes da sociedade se baseavam no heroísmo e força, por vezes freados pela religião. O período dos homens se caracteriza pela razão, pelo reconhecimento da igualdade dos homens quanto à natureza humana.
Todas as nações estariam sujeitas a essas fases, mesmos em conhecer umas às outras. É através dessa teoria que Vico explicaria que mesmo com a Europa vivendo na época dos homens haviam nações na era dos deuses. Esse pensamento é importante pois Vico foi o primeiro europeu que se tem notícia a detectar a historicidade dos povos americanos. Ele refere-se à nação encontrada por Colombo para confirmar sua teoria, de que as nações passam por fases, estando os americanos na fase dos deuses, pois vivem em famílias, como viveram as nações romanas e egípcias na história.
Esse pensamento diferencia dos de sua época que retratavam o povo da América como inocentes que precisariam dos europeus para atingir a Verdade. Para Vico, eles passariam, mesmo desconhecendo os europeus, pelos ciclos da história das nações. Percebe-se em sua história que o sujeito não é a humanidade ou um indivíduo, mas cada uma das nações, assim cada nação segue no seu próprio tempo.
Vico faz uso da ideia de providencia divina, entendendo que haveria um sentido determinado que se manifesta na história humana. A providência divina se relaciona com a história humana, garantindo que os acontecimentos ocorram da forma que devem ocorrer ordenadamente, sendo que esse fenômeno não se manifesta nos interesses particulares dos indivíduos.
Em Vico o homem não pode conhecer completamente os fenômenos naturais, pois não foi ele que os criou. Outro pensador da filosofia da História, Kant, 50 anos depois da Ciência Nova, pensava a história humana como a realização de um propósito dado pela Natureza, ao contrário do que Vico havia proposto e é sobre sua filosofia da história que se tratará a diante neste ensaio.
Em 1724, nasceu em Könisberg, Immanuel Kant. Estudou teologia na Universidade de Könisberg, porém apresentou mais dedicação na filosofia e na matemática. Foi professor na mesma universidade, lecionando diversos assuntos (como antropologia, geografia, física) além dos que lhe são usualmente atribuídos como metafísica e lógica. Morreu em 1804, com 80 anos de idade.
Apesar desse não ser seu assunto mais publicado ou o assunto de suas obras mais conhecidas, publicou em 1784 um ensaio sobre a história, intitulado “A ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita”. No ensaio sugere uma teleologia para que a história humana faça sentido, em que os males sejam justificados pelo o que possibilitaram no fim.
O princípio teleológico defendido por Kant é chamado por ele de Natureza. A Natureza colocou nos homens capacidades com o objetivo de que essas capacidades se desenvolvam, portanto através da história faz-se possível conhecer como a natureza confirma o desenvolvimento dessas capacidades. Conforme Gardiner (1995), para Kant “a mola deste mecanismo” está no homem estar propenso a ser antissocial, porém isso apenas acarreta em misérias que impulsionam o homem à construção de uma forma de sociedade, ele irá integrar-se a ela e através da lei, essa sociedade garantirá para cada um de seus integrantes o quanto de liberdade for possível, coexistindo com a liberdade dos demais.
Em seu ensaio, Kant coloca que as ações humanas estariam submetidas à leis naturais universais e a História descobriria um curso regular dessas ações, não em indivíduos isolados mas observando o desenvolvimento da espécie das suas capacidades como movimento constante. Os indivíduos ou os povos não perceberiam que suas intenções na verdade seguem um desígnio da natureza, o qual desconhecem, são guiados por um “fio condutor”, realizando um propósito.
Quando os indivíduos ou as nações se opõe entre si ou nas situações como na descrição de Kant sobre as atitudes dos indivíduos de seu tempo, caracterizando-as como repugnantes, agindo estes de forma infantil, maldosa, louca, vaidosa, destrutiva, nessas circunstâncias o filósofo não poderia detectar um proposito racional nos indivíduos, então soluciona-se a questão ao pensar que essa situação é um desígnio da natureza.
Essa teleologia dos fenômenos naturais explica-se inclusive na anatomia dos animais, sendo todos os órgãos do corpo humano designados a um fim e aplicando-se para todas as suas disposições naturais. A racionalidade do homem foi desenvolvida enquanto espécie, não enquanto indivíduo. Como a natureza designou ao homem um tempo curto de vida, isso significa que as gerações devam transmitir o conhecimento a fim de alcançar o grau de desenvolvimento designado por ela. Essa parte do pensamento de Kant caracteriza seu cosmopolitismo ao pensar em espécie humana como sujeito histórico.
Para Kant a natureza não tornou o homem racional por acaso, o fato dela ter dado ao homem a razão e com a razão ser criada a liberdade da vontade mostra sua intenção ao “apetrechamento” do homem. O homem possui todos os meios para atingir o prazer que torna a vida agradável, ao descobrir como se alimentar, como se abrigar, as formas de se defender e etc. Ele precisou elevar-se e esforçar-se para atingir seu bem estar. Pensando novamente que Kant observava a “espécie humana”, esses aprimoramentos seriam desenvolvidos através das gerações e causa estranhamento que uma geração desenvolva os meios para o bem estar, com esforço, para que a outra apenas usufrua mas se pensar no indivíduo como ser mortal como sua única certeza, sua imortalidade se dá na espécie humana, levando com que o desenvolvimento atinja sua plenitude.
Ele chama de insociável sociabilidade, o homem tende a integrar-se à sociedade, pois assim se sente desenvolvendo os desígnios naturais. Ao mesmo tempo, tende ao isolamento também pois quer seguir em proveito próprio, essas pretensões egoístas de cada indivíduo gera os talentos. A natureza promoveria a oposição entre os indivíduos o que leva o homem ao seu desenvolvimento, à inteligência vencendo sua propensão à preguiça.
Em uma sociedade onde há liberdade, cria-se um antagonismo entre os indivíduos e a liberdade
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