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A perspectiva construida na modernidade sobre a ruptura com a Idade Média

Por:   •  11/11/2018  •  1.817 Palavras (8 Páginas)  •  278 Visualizações

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O Renascimento foi com certeza um marco para historiadores do período moderno, para eles, teve-se aí um “resgate” da noção de civilidade romana, ou seja, um divisor de águas entre a “bárbara” Idade Média e o surgimento de uma era que se acreditava ter saído da estagnação. Com certeza é difícil de imaginar como este período teve impacto na mentalidade européia, sendo que com o Renascimento, a Europa entrou em um período marcado pelo impulsionamento da vida urbana, é certo que a maioria da população da época vivia no campo, mas a burguesia das grandes cidades, com suas novas formas e divisões de trabalho, fez com que nestes locais tivessem um notável crescimento demográfico, tendo por base a demanda por mão de obra. É provável que o melhor exemplo se dá com o “surgimento” do ofício do artista, que trabalhando com pinturas ou esculturas apresenta um impacto drástico na burguesia e no clero.

Aí está um importante item que entra em contraponto ao período medieval: a arte e o papel que esta desempenhou nos dois períodos. Na Idade Média, a arte tinha basicamente, um papel religioso, de glorificação de santos e de representações de passagens bíblicas, além do fato de que a maioria dos indivíduos que realizavam as obras eram membros do clero. O Renascimento apresentou uma notável ruptura no meio artístico, pois com a inspiração nas artes e religiões greco-romanas, os artistas modernos passaram a representar em suas obras diversos temas, como cenas de batalhas, reinterpretações de mitos clássicos, retratos de famílias, e etc. Um ponto que merece destaque é o do papel econômico e de status social que a arte desempenhou na sociedade moderna, pois arte era sinônimo de prestígio para a a burguesia e para o clero, A Igreja demonstraria por meio de encomendas de pinturas e esculturas a sua riqueza e o poder que exercia como religião dominante na Europa. Para a burguesia, “consumir” arte demonstrava também sua riqueza e sua posição na sociedade bem como a domesticidade da vida social, muito retratada em pinturas da época como “O Casal Arnolfini”, do atista flamengo Jan Van Eyck, que demonstra uma necessidade da classe alta demonstrar o seu status social por meio da vida doméstica na cidade e seus bens materias.

A Europa do final do século XIV e início do século XV, era composta basicamente por reinos, dos quais ainda estavam muito imersos na forma econômica do feudalismo. O feudalismo que ficou mais conhecido na história foi o francês, em outras regiões, este tipo de economia se assemelhava com aquele, porém tinham suas especificidades. O Renascimento se dá priordialmente em locais em que pouco se assemelhava com o resto da Europa economicamente falando, nas repúblicas mercantis, especialmente Veneza, Gênova. As repúblicas eram privilegiadas quanto à economia, pois mantinham comércio com as mais variadas regiões do mediterrâneo e estabeleceram entrepostos comercias até o Chipre (Veneza) e Caffa, na Criméia (Gênova). O contato e o comércio com os povos orientais possibilitaram que houvesse um florescimento econômico e demográfico nas repúblicas, visto que também, estas experimentavam no início do século XVI uma relativa paz e a tutela dos Estados do Papa, que nas repúplicas passaram a investir em centros artísticos a fim de assegurar o poderio da Igreja.

Voltando o lhar para a questão militar do período moderno, é interessante analisar que, apesar de na Idade Média a Europa ter sido palco de inúmeros conflitos violentos entre os diversos reinos que existiam, os séculos seguintes também apresentam uma instabilidade política e religiosa que desencadeou inúmeros conflitos entre os reinos e os Estados europeus. Temos, por exemplo, a anexação de inúmeros territórios pela França, a rápida expansão territorial dos Habsburgos, a invasão turco-otomana no Sacro Império no século e a Guerra dos Sete Anos no XVII, entre outros, não deixando de lado também, as incessantes perseguições religiosas contra católicos e protestantes na Europa, que desencadearam também conflitos bélicos dentro de muitas regiões, como as Guerras Hussitas no Sacro Império.

Foi com muita rapidez, que as novas idéias e mudanças que o Renascimento proporcionou se espalharam pela Europa, temos já na metade do século XVI, não só as repúblicas italianas como centros renascentistas, mas sim diversas outras regiões que foram influenciados pelas novas mudanças, como muitas cidades do Sacro Império, Flandres e até mesmo na Hungria, que permaneceu o centro do Renascimento no leste europeu, rodeada por reinos ortodoxos que a pressionavam incessantemente. As revoluções que surgiram com o Renascimento, alcançam com o tempo, praticamente todos os cantos da Europa, alguns com maior dificuldade por conta de diferentes culturas, como no leste europeu. O ocidente se tornou o centro da “civilidade” européia e muitos reis ou imperadores procuravam imitar os costumes das grandes cidades de Veneza, Borgonha, etc. Temos como exemplo Pedro I da Rússia, que quando chega ao poder na segunda metade do século XVII, inicia um processo de “ocidentalização” da cultura local buscando meios de imergir a sociedade no mundo ocidental pelo o poder que este representava.

É de extrema importância que os estudos de Idade Média e Idade Moderna na atualidade, se mantenham em constante atividade, visando buscar um melhor entendimento das raízes ocidentais na construção da sociedade contemporânea, tendo em vista a exclusão da idéia de ruptura nos recortes temporais e de preconceitos ligados ao período medieval, a fim de se obter uma análise mais precisa da época para se estabelecer uma relação de proximidade com o mesmo, no sentido das transformações ocorridas no que influenciaram na construção da sociedade contemporânea ocidental.

Referências Bibliográficas:

- BASCHET, Jérome; GOFF, Jacques Le. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. 2006., Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2006. Cap. 1.

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