CORA CORALINA – A IDENTIDADE CONSTRUIDA EM MEIO A RUPTURA DO VELHO E DO NOVO
Por: Rodrigo.Claudino • 31/12/2017 • 1.652 Palavras (7 Páginas) • 460 Visualizações
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Para tanto, se faz necessário considerar o referencial bibliográfico disponível sobre a autora como também a analise reflexiva sobre os fenômenos sociais envolto a temática feminina, onde o mesmo nos possibilita uma percepção crítica e sociológica sobre o contexto social pela qual as mulheres da época da autora enfrentavam, e todos os ditames que as deixavam a margem dos processos de construção intelectual, sendo inferidas por costumes tradicionais de chegar até a Academia, impossibilitando muitas dessas mulheres de obter uma formação universitária e atuar em outros segmentos senão a vida doméstica.
Desta forma, pretende-se levantar dados que possibilitem a reflexão crítica através do olhar do cientista social, como um fato social, que, existia independente da necessidade individual das mulheres daquela época, representada neste projeto de pesquisa, pela figura da autora Cora Coralina, levantando hipóteses que tragam de acordo ao conteúdo bibliográfico pesquisado, recortes que elucidem acerca do caráter intrínseco do poder coercitivo exercido na época pela sociedade e como isto levou a autora a romper com os ditames da época ao retomar a Velha Goiás, quebrando paradigmas e assumindo a sua identidade autoral.
6. PROBLEMA
Segundo Weber a sociologia nos permite analisar de forma lógica as condutas humanas dentro um quadro de inteligibilidade, havendo um vinculo entre a inteligibilidade dos fenômenos humanos [...] e da reconstrução conceitual das instituições sociais e do seu funcionamento (RAYMOND, 2003, pg. 735).
Neste contexto, a obra literária e autobibliográfica de Cora Coralina e os fatos sociais do gênero feminino nos permite buscar os motivos de ação da autora ao retornar a Velha Goiás, como também investigar as características intrínsecas que compõem os ditames da sociedade da época da Velha Goiás.
Então se pergunta: Que motivos impulsionam o retorno de Cora Coralina a Velha Goiás que fazem com que autora assuma sua capacidade cognitiva como escritora até então permanecida oculta em sua vida?
7. HIPÓTESE
Diante do problema posto, algumas hipóteses são levantadas na perspectiva de compreensão da problemática. Todavia, sabe-se que somente a partir da pesquisa realizada, as mesmas poderão ser confirmadas ou não.
Dessa forma, as premissas levantadas são que até o presente momento do retorno da autora a Velha Goiás a mesma vivia sobre o julgo de uma sociedade que punha de lado a capacidade intelectual cognitiva da mulher, sendo este um fato acentuado as mulheres da época como veremos no decorrer deste trabalho, como um fato social, independentes de suas vontades.
Deste modo surgem indagações a respeito do retorno da autora a Velha Goiás, surgindo as seguintes conjecturas: A época de vivência da autora nos remete a uma sociedade ditada por valores, hábitos e costumes. Há pressupostos que foram essenciais dentro desse contexto social para essa ruptura do velho para o novo. Que sentido é perceptível pela atual sociedade à conduta da autora a época vivenciada, sendo esta mãe, mulher, avó e filha, vinda de uma família tradicional da Velha Goiás. É possível que a autora ao retornar a velha Goiás tenha de fato, como muito estudiosos apontam nos estudos literários de sua obra, a consciência reflexiva dos motivos que induziram sua ação, ou seja, o retorno a Velha Goiás.
8. OBJETIVOS
8.1 Geral
- Identificar os fatores que contribuíram para o retorno da autora a Velha Goiás.
8.2 Específicos
- Resgatar a historia do universo feminino datado a época de vivência da autora;
- Fazer uma reconstrução de obras da autora que saliente a ação desta conduta, de forma a trazer trechos de sua obra poética que possibilite a análise crítica reflexiva e sociológica que possa trazer um debate sobre as possíveis motivações da autora quanto à conduta adotada ao retorno a Velha Goiás;
- As ações, tanto da autora, o objeto principal de pesquisa, quanto da sociedade da época, segundo as definições de Weber para ação social podem ser tipificadas e como será auferida para o desenvolvimento do projeto.
- REFERENCIAL TEÓRICO
O viés durkeimiano sobre o fato social pode ser reconhecido por suas características como, por exemplo, o poder de coerção que exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos (RODRIGUES, 1993, pg. 49), esta característica nos remete a vida Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas 5, nascida em 20 de agosto de 1889 e falecida em 10 de abril de 1985, mais conhecida como Cora Coralina. De família tradicional, nascida na “Casa Velha da Ponte”, em Goiás, descendentes de portugueses, teve parte de sua vida regida por ditames oriundos de valores e costumes tradicionais a sua época e quebra de paradigmas.
Cora Coralina, ainda quando Anna tinha como costume de sua família (também costume a Velha Goiás) os homens irem para o Rio de Janeiro, para estudarem e as mulheres permaneceram na cidade, a fim de aprenderem os ofícios de mulher, sendo a elas incumbido, não um ensino e sim uma educação que se permite certo nível de cultura, como música e poesia, mas as limita para os afazares domésticos, aptas vida do lar.
De forma, que nesta proposta de debate sociológico, precisamos fazer uma pequena ressalva ao conceito de gênero tornou-se amplamente utilizado para caracterizar as relações entre homens e mulheres, partindo do pressuposto de que a formulação de uma história das mulheres necessita obrigatoriamente dos estudos acerca das inter-relações entre os dois sexos (FOLLER, 2009, pg. 2 apud VASCONCELOS, 2005). Neste sentido é preciso entender que existia a época, uma divisão de papeis, no que concerne a uma construção sociológica, política e cultural do termo sexo (FOLLER, 2009, pg. 2 apud VASCONCELOS, 2005).
Concebendo assim que as mulheres da cidade da Velha Goiás a época da autora também estavam reféns desta condição de estarem à margem da sociedade, reféns desta divisão de papeis, quase invisíveis a uma fase de grandes mudanças, porém perceptíveis nas grandes capitais do Brasil e em países como a Europa. A mãe de Anna, Jacyntha Luiza do Couto Brandão Peixoto, adquire uma formação invejável à época, sendo por seu comportamento uma mulher a frente de seu tempo, casando-se três vezes, fazendo um contraponto a cultura ocidental de total submissão, herança deixada
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