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A Reviravolta Cultural

Por:   •  5/12/2018  •  1.907 Palavras (8 Páginas)  •  362 Visualizações

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Como exemplos da onda conservadora que irá permear os estudos históricos, o autor cita os estudos de Fukuyama sobre o “fim da história” e de Samuel Huntington, autor de um paradigma conservador mais duradouro que o de Fukuyama, mas igualmente criticado por Fontana. Para Huntington, a história não havia acabado, mas, agora, os conflitos mundiais não mais seriam pautados por questões econômicas ou ideológicas, mas culturais.

Entre as muitas diferentes reflexões surgidas no campo da História neste momento, Fontana irá abordar também as questões acerca do liberalismo que, para alguns estudiosos, irá triunfar com a decadência do socialismo, mas que, para outros, como Wallerstein, terá em 1989 o símbolo perfeito de seu fracasso “como geocultura definitiva do sistema mundial”. (p. 418) Também são abordados debates como: o ataque às interpretações de esquerda, a volta à narração em detrimento da história analítica, as tentativas de associar história e ficção, a “micro-história”, a história oral, a “new economic history”, acusando alguns desses historiadores de utilizarem métodos de outras disciplinas que podem, é claro, ser úteis, mas que podem também conduzir o historiador ao fracasso completo.

As exposições anteriormente mencionadas servem como base para que Fontana passe agora a discutir detalhadamente o pós-modernismo, sua genealogia e contribuições à História. Existente em campos diversos (como arquitetura, artes, música), o pós-modernismo surge na história a partir da negação dos métodos da história social que dominaram os anos sessenta. Porém, diferentemente das correntes teóricas que também pretendiam negar os métodos tradicionais, os pós-modernistas serão defensores de uma mudança ainda mais radical. Formuladas por Jean-François Lyotard, aqui estavam às verdadeiras ideias que representariam “o fim da história”. Agora, uma teorização que se afastaria do confronto com a realidade, uma vez que seria, para os pós-modernos, impossível conhecer o verdadeiro significado do que ocorreu no passado.

Para eles, toda interpretação feita do passado, não importando os métodos, será sempre oriunda de uma interpretação do próprio historiador e, consequentemente, sujeita aos efeitos do contexto em que vivem e das preocupações do presente. “Isto não significa negar a realidade ao passado, mas reconhecer 'que existem diversas realidades a imaginar ou que eu posso construir como existentes no passado'” (p. 432).

Sendo assim, apesar de colocar o historiador em confronto com a relevância da disciplina à qual se dedica e de os trabalhos pós-modernos não apresentarem nenhum exemplo prático de como essa história pós-moderna deveria ser, certamente serve ao historiador como meio de corrigir erros de visão e incentivá-lo ao rigor na análise de suas fontes, contribuição essa que pode ser notada com facilidade no campo da arqueologia.

3. Por uma história de todos

No capítulo “Por uma história de todos”, Josep Fontana tratará da questão dos excluídos da História em dois âmbitos diferentes: o primeiro, a nível mundial, dos excluídos em função da história eurocêntrica; o segundo, a níveis nacionais, analisa a exclusão de grupos específicos (como mulheres, trabalhadores, escravos e camponeses) de sua própria historiografia nacional.

Ao longo do capítulo, o autor citará algumas tentativas de reparar os danos a esses povos a partir de uma nova perspectiva histórica que agora levaria em consideração as camadas sociais excluídas, como no caso dos trabalhos de Thierry, Hobsbawm, Eric Wolf, Teodor Shanin e Hamza Alavi, perpassando pelas historiografias africanas, latinas, asiáticas e, também, da Oceania.

Para Fontana, uma das dificuldades comuns a todos os historiadores que tentaram englobar os excluídos em seus estudos é conseguir fugir ao modelo linear da história que afirma que todos os povos caminham rumo a um tipo específico de progresso e desenvolvimento, sendo seus passos contados por uma história cronológica que começa a partir do momento da chega dos europeus. É da necessidade de negar às visões eurocêntricas que surge o pós-colonialismo, tendo em Said um de seus principais expoentes.

Como destacado pelo autor, o perigo de considerar toda a história feita até então como um mecanismo de opressão do homem branco aos excluídos seria que “o recuo das verdades universais em nome de uma nova multiplicidade por parte dos teóricos do pós-colonialismo – disse Jacoby – leva à incapacidade de analisar e julgar.” (p. 450) O foco dos pós-colonialistas nas representações pode acabar por afastá-los dos problemas verdadeiros e, além disso, os estudos pós-colonialistas apóiam-se em uma grande contradição: ao escreverem uma história dentro dos moldes pós-colonialistas, presumem que os excluídos não podem falar por si próprios e, portanto, necessitam de historiadores europeus que o façam.

A solução oferecida por Fontana aos problemas que os pós-colonialistas tentaram solucionar serão apresentadas com profundidade no próximo capítulo da obra, mas cabe encerrarmos a análise do capítulo atual com a observação de que o simples abandono das comparações culturais proposto pelos pós-colonialistas não soluciona a questão da exclusão, sendo preferível um estudo que dê conta de comparar “as percepções enviesadas dos dois lados para construir outras melhores”. (p. 453)

4. Em busca de novos caminhos

Como anunciado ao final do capítulo anterior, Fontana irá dedicar-se em “Em busca de novos caminhos” a traçar possíveis soluções para que escrevamos uma “história de todos”, uma história que finalmente contemple os excluídos e supere a história tradicional dos homens, além de ser também capaz de dialogar com o presente.

Uma das maiores preocupações do autor é a necessidade de que os historiadores voltem a se preocupar com os problemas do presente, assim como já fizeram muitos outros. Entretanto, não deverão fazê-lo utilizando-se dos mesmos métodos e abordagens que seus antecessores, é necessário revisar as ferramentas e refletir sobre as deficiências denunciadas pelos pós-modernistas. “Temos de renovar o instrumental teórico e metodológico para que ele sirva para voltar a entrar em contato com os problemas reais [...]”. (p. 473)

Aos que refletirão sobre o século XX, cabe lidar com os seus problemas reais: explicar

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