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Friends e a Indústria Cultural

Por:   •  21/10/2017  •  1.187 Palavras (5 Páginas)  •  506 Visualizações

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O número médio de palavras da short-story é aquele e não se pode mudar. Mesmo as gags, os efeitos e os compassos são calculados como a sua própria montagem. Ministrados por especialistas, sua escassa variedade é distribuída pelos escritórios.

Ao assistir Friends, o espectador procura um programa curto e descompromissado. E é isso que a série nos apresenta. Não existe profundidade em Friends e nem há o interesse. Friends é entretenimento puro. É aquela série para assistir depois de um dia cansativo de trabalho, ou depois de uma prova difícil da faculdade, por não precisar de reflexão e podendo até mesmo ser consumida em estado de distração. Em um trecho de seu ensaio, Adorno e Horkheimer comentam sobre esse tipo de produção:

Do processo de trabalho na fábrica e no escritório só se pode fugir adequando-se a ele mesmo no ócio. Disso sofre incuravelmente todo amusement. O prazer congela-se no enfado, pois que, para permanecer prazer, não deve exigir esforço algum, daí que deva caminhar estreitamente no âmbito das associações habituais. O espectador não deve trabalhar com a própria cabeça; o produto prescreve qualquer reação: não pelo seu contexto objetivo - que desaparece tão logo se dirige à faculdade pensante - mas por meio de sinais. Toda conexão lógica que exija alento intelectual é escrupulosamente evitada.

Essas características fizeram com que Friends se tornasse o fenômeno que se tornou. Uma série em que, na sua última temporada, pagava aproximadamente 1 milhão de dólares para cada um de seus protagonistas; que, em seu último episódio, assistido por aproximadamente 53 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos, cobrava 2 milhões de dólares por 30 segundos de propaganda no commercial break. Pode-se discutir a relação entre a qualidade da série e a quantidade de sucesso que ela faz. Mas é interessante notar que a “fórmula” para seu sucesso já é conhecida há muito tempo e, Adorno, junto com Horkheimer, já a discutiam há aproximadamente 70 anos atrás. Friends utilizou com maestria as técnicas da Indústria Cultural e, por consequência, atingiu seus objetivos: criou tendências e vendeu produtos. Se, para atingir esses objetivos, a série apresentou estereótipos, clichês e personagens com personalidades discutíveis, pouco importa. Afinal, para a Indústria Cultural, tudo são negócios.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

HORKHEIMER, Max & ADORNO, Theodor. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas. Pp. 169 a 214. In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 364p.

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