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A EMERGÊNCIA ÉTNICA DE POVOS INDÍGENAS NO BAIXO RIO TAPAJÓS, AMAZÔNIA

Por:   •  18/7/2018  •  1.162 Palavras (5 Páginas)  •  277 Visualizações

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No tópico seguinte, registram-se as festas de santos. Há vários indícios de que, com relação à devoção aos santos, houve realmente uma reapropriação e alteração dos sentidos da evangelização, em favor das crenças indígenas anteriores à Conquista. As festas religiosas católicas, incluídas as festas dos santos padroeiros, eram as únicas permitidas pelos missionários, durante as quais era facultado aos índios agir mais ou menos à sua maneira, e eles agiam (pag.386).

Foi a partir das festas de santo e da pajelança que os indígenas lograram conservar e recriar, durante séculos, parte considerável das suas culturas e uma leve, mas muito significativa lembrança das origens tribais. O significado das festas de santo e das crenças e práticas da pajelança tornaram-se mais claro, para o pesquisador, no estudo da comunidade de Pinhél, quando observou que estas tradições têm grande relevância para a manutenção do sentimento de pertença ao grupo local, pois elas remetem a uma origem, a dos antigos povos indígenas habitantes do lugar. Além de favorecer o convívio familiar e as relações de parentesco e vizinhança, as festas de santo são oportunas ocasiões para reforçar a crença nos espíritos encantados, como o Patauí e o boto, e atualizar as regras e proibições que os cercam.

Tanto em Pinhél quanto em outras comunidades indígenas da região, é patente a grande influência da pajelança sobre o modo como os indígenas veem o seu mundo e a si mesmos. Afinal, ao constituir a pajelança um sistema através do qual os indígenas compreendem e interpreta o mundo, ela funciona como a ponte necessária para tornar válida e eficaz A sua interação e intensa comunicação com os animais, encantados e mortos. Os constantes relatos de gente que se transforma em bicho e de bichos que se metamorfoseiam em humanos ilustra bem essa cosmovisão. No esforço para dar sentido à sua reivindicação identitária, os indígenas também dão uma importância especial à sua memória histórica, que se apresenta como um dos principais recursos para demonstrar a ligação histórica com os antepassados, os índios de antigamente, como se pode observar mediante as lembranças sobre a cabanagem (1835-1840).

Assim como os índios puros dos tempos imemoriais são trazidos para um tempo mais próximo, os cabanos também são descritos como indígenas que viveram há poucas décadas, e lutaram pela liberdade e pelos direito de Permanecer na terra e viver ao seu modo. No passado, os índios puros e os cabanos enfrentaram os portugueses, e a causa pela qual eles lutaram é quase a mesma travada pelos indígenas de hoje. A cabanagem é uma guerra que ainda não finalizou, e o seu desfecho depende dos novos atores sociais envolvidos.

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