Uma ordem espacial: a economia política do território
Por: kamys17 • 15/11/2017 • 14.955 Palavras (60 Páginas) • 602 Visualizações
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A atividade agrícola moderna, sob o comando técnico-científico de grandes empresas, põe à disposição da respectiva atividade as condições encontradas em cada lugar. Na verdade, porém, não se trata de uma atividade que permita falar de horizontalidades, já que as principais etapas do respectivo processo dependem exclusivamente dos interesses dessas grandes empresas. Por isso, nessas condições, é lícito referirmo-nos à existência de verdadeiros oligopólios territoriais.
4. A lógica territorial das empresas
Cada empresa, cada ramo da produção produz, paralelamente, uma lógica territorial. Como já vimos, esta é visível por meio do que se considerar uma topologia, isto é, a distribuição no território dos pontos de interesse para a operação dessa empresa. Esses pontos de interesse ultrapassam o âmbito da própria firma para se projetar sobre as empresas fornecedoras, ou compradoras, ou distribuidoras. Para cada uma delas, o território do seu interesse imediato é formado pelo conjunto dos pontos essenciais ao exercício de sua atividade, nos seus aspectos mais fortes. Todavia, a doutrina atual da economia internacional, no que se refere aos países subdesenvolvidos, considera o mercado interno praticamente "residual", de modo que a lógica do mercado global acaba interferindo fortemente sobre o mercado interno, ou, em outras palavras, conforme a este uma lógica global à qual se opõe fracamente uma lógica nacional, tanto mais débil quanto o Estado não se mostra interessado por ela. O resultado, quanto ao território, é de novo o exercício de um controle parcial de certos pontos por lógicas que se interessam apenas por aspectos particularizados. Quanto aos outros interesses, não respondem de forma neutra a essa ação privativista, já que tal ação tem sobre eles reflexos indiretos. A presença numa localidade de uma grande empresa global incide sobre a equação do emprego, a estrutura do consumo consumptivo e do consumo produtivo, o uso das infraestruturas materiais e sociais, a composição dos orçamentos públicos, a estrutura do gasto público e o comportamento das outras empresas, sem falar na própria imagem do lugar e no impacto sobre os comportamentos individuais e coletivos, isto é, sobre a ética.
5. A ampliação dos contextos
As novas bases técnicas e as novas bases econômicas criam as condições materiais e políticas de uma ampliação do contexto que interessa primordialmente às atividades mais importantes. Uma errônea global tem, por definição, uma área de atuação que frequentemente envolve diversas regiões, países e continentes. A expressão transnacional é, aliás, representativa desse fenômeno. Enquanto a produção total, em determinados ramos, concentra-se em um número menor de empresas, estas se tomam capazes de utilização, a seu serviço, de um número maior de pontos e de áreas. As empresas mais poderosas escolhem os pontos que consideram instrumentais para a sua existência produtiva. É uma modalidade de exercício do seu poder. O resto do território toma-se, então, o espaço deixado às empresas menos poderosas. Os primeiros seriam, do ponto de vista da produti vidade, da competitividade, "espaços luminosos, enquanto o resto do território chamar-se "espaços opacos". As empresas mais poderosas escolhem os pontos que consideram instrumentais para a sua existência produtiva. É uma modalidade de exercício do seu poder. O resto do território toma-se, então, o espaço deixado às empresas menos poderosas. Os primeiros seriam, do ponto de vista da produti vidade, da competitividade, "espaços luminosos, enquanto o resto do território chamar-se-ia "espaços opacos". No entanto, e de maneira geral, pode-se dizer que, do ponto de vista da economia internacionalizada, o uso diferencial do território é também um uso hierárquico. Na verdade, essa hierarquia pode não ser permanente ou sequer durável nas circunstâncias atuais da globalização. Esse processo de construção-destruição-reconstrução de diferenciações e hierarquias conduz a frequentes desvalorizações e revalorizações de partes do território, quando o encaramos do ponto de vista da sua participação na prática de uma competitividade global.
6. O uso competitivo do território
O poder de uso do território é, pois, diferente conforme a importância das empresas. Tal poder tanto se exerce frente ao processo direto da produção isto é, à sua fração técnica, segundo a qual as empresas utilizam
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