Resumo: Geografia Pequena História Critica Capítulos 1 a 6, páginas 4 a 27
Por: YdecRupolo • 22/10/2018 • 1.398 Palavras (6 Páginas) • 644 Visualizações
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A obra de Ritter já e explicitamente metodológica. A formação de Ritter também e radicalmente distinta da de Humboldt, enquanto aquele era geólogo e botânico, este possui formação em Filosofia e Historia. Ritter define o conceito de “sistema natural”, isto é, uma área delimitada dotada de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos individuais, e compará-los. Assim, a Geografia de Ritter é, principalmente, um estudo dos lugares, uma busca da individualidade destes. Para ele caberia a Geografia explicar a individualidade dos sistemas naturais, pois nesta se expressaria o desígnio da divindade ao criar aquele lugar especifico. A obra destes dois autores compõe a base da Geografia Tradicional.
Um revigoramento do processo de sistematização da Geografia vai ocorrer com as formulações de Friedrich Ratzel. A Geografia de Ratzel foi um instrumento poderoso de legitimação dos desígnios expansionistas do Estado alemão recém constituído. Ratzel expressa diretamente um elogio do imperialismo, ao dizer, por exemplo: “Semelhante à luta pela vida, cuja finalidade básica é obter espaço, as lutas dos povos são quase sempre pelo mesmo objetivo. Na história moderna a recompensa da vitória foi sempre um proveito territorial”. Ratzel em sua obra Antropogeografia – fundamentos da aplicação da Geografia à História; pode-se dizer que daí dá-se origem a Geografia Humana. Nela, Ratzel definiu o objeto geográfico como o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade.
Constituindo o que se denomina “escola determinista” de Geografia, os discípulos de Ratzel partiram da definição ratzeliana do objeto da reflexão geográfica, e simplificaram-na. Outro desdobramento da proposta de Ratzel manifestou-se na constituição da Geopolítica. Uma última perspectiva, que saiu das formulações de Ratzel, foi a chamada “escola ambientalista”, mantém-se a concepção naturalista, porem sem a causalidade mecanicista. Pelos desdobramentos expostos, pode-se avaliar o peso da obra de Ratzel na evolução do pensamento geográfico. A própria Geografia francesa, é uma resposta as formulações desse autor. A importância maior de sua proposta reside no fato de haver trazido, para o debate geográfico, os temas políticos e econômicos, colocando o homem no centro das analises, mesmo que numa visão naturalizante, e para legitimar interesses contrários ao humanismo.
Uma primeira critica de principio, efetuada por Vidal as formulações de Ratzel, dizia respeito à politização explicita em seu discurso. Isto é, incidia no fato de as teses ratzelianas tratarem abertamente de questões políticas. Vidal condenou a vinculação entre pensamento geográfico e a defesa de interesses políticos imediatos. Na verdade, Vidal imprimiu, no pensamento geográfico, o mito da ciência asséptica, propondo uma despolitização aparente do temário da disciplina. Este posicionamento de acobertar o conteúdo político da ciência, originou-se do recuo do pensamento burguês temerosa do potencial revolucionário do avanço das ciências do homem. Vidal criticou a minimização do elemento humano, que aparecia como passivo nas teorias de Ratzel. Uma terceira critica de Vidal a Antropogeografia, derivada da anterior, atacou a concepção fatalista e mecanicista da relação entre os homens e a natureza. Assim atingiu diretamente a ideia de determinação da Historia pelas condições naturais. Vidal vai propor uma postura relativista, no trato dessa questão, dizendo que tudo o que se refere ao homem “é mediado pela contingência”.
Vidal de La Blache definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. Colocou o homem como um ser ativo, que sofre influencia do meio, porém que atua sobre este, transformando-o. Observou que as necessidades humanas são condicionadas pela natureza, e que o homem busca as soluções para satisfazê-las nos materiais e nas condições oferecidas pelo meio.
A teoria de Vidal concebia o homem como hóspede antigo de vários pontos da superfície terrestre, que em cada lugar se adaptou ao meio que o envolvia, criando, no relacionamento constante e cumulativo com a natureza, um acervo de técnicas, hábitos, usos e costumes que lhe permitiram usar os recursos naturais disponíveis. A este conjunto de técnicas e costumes, construído e passado socialmente, Vidal denominou “gênero de vida”, o qual exprimiria uma relação entre a população e os recursos, uma situação de equilíbrio, construída historicamente pelas sociedades. Vidal de La Blache, acentuou o propósito humano da Geografia, vinculando todos os estudos geográficos à Geografia Humana.
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