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A REESTRUTURAÇÃO DA ECONOMIA ALEMÃ NO PÓS-REUNIFICAÇÃO

Por:   •  29/6/2018  •  1.525 Palavras (7 Páginas)  •  246 Visualizações

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Berlim decide privatizar toda a estrutura econômica herdada do Leste, a indústria da Alemanha Oriental quase deixou de existir nos anos 90, com a consequente geração de milhões de desempregados. Esperava-se que a iniciativa privada preenchesse a lacuna, o que efetivamente ocorreu e continua ocorrendo, mas com imenso vagar. Afinal, com várias dificuldades para implantar suas empresas no Leste e podendo suprir o novo mercado através da capacidade instalada no Ocidente, não havia motivos para o capital privado seguir para lá, o que só se alterou com o decorrer do tempo.

Coube ao Estado alemão, pagar a conta do processo. Um volume inacreditável de dinheiro foi transferido do lado oeste para o leste, de forma a financiar a recuperação da infraestrutura, pagar pensões e outros benefícios aos desempregados e subsidiar empresas para se instalarem além da antiga fronteira. Tal soma chega a cerca de US$ 1,5 trilhão em valores de hoje, o que significa quase cem mil dólares para cada habitante do antigo lado oriental. Esse fluxo de dinheiro transformou a paisagem oriental. Estradas e ferrovias foram recuperadas e ampliadas; o sistema de comunicações da parte oriental da Alemanha se tornou um dos mais modernos do mundo; monumentos e museus foram recuperados; a poluição do meio ambiente, problema sério da obsoleta indústria oriental, foi revertida e a antiga capital, Berlim, foi quase que totalmente revitalizada.

No entanto, o processo também teve problemas. O colapso e destruição da antiga ordem foi tal que não espanta que, ainda hoje, o desemprego nas áreas orientais da Alemanha seja muito maior do que na parte ocidental e que as províncias orientais sejam ainda muito pobres em comparação com as ocidentais. Uma prova disto, aliás, é que, mesmo com seguro desemprego e subsídios do governo alemão, muitos ex-alemães do Leste emigraram para o Ocidente, o que fez a população da Alemanha oriental diminuir em cerca de 1,6 milhão de pessoas desde 1990.

Leste e Oeste também tiveram experiências históricas diversas nas últimas décadas e isso dificulta o seu relacionamento. Integrados ao mundo ocidental desde 1945, os alemães da RFA se acostumaram à influência cultural americana, reformularam sua identidade alemã de forma a articulá-la com a europeia e se acostumaram a viver em um Estado democrático. Já os alemães do Leste saíram do nazismo diretamente para a ditadura comunista e mantiveram muito das tradições da velha Alemanha. De um lado, uma Alemanha ocidental e europeia, frente a outra pertencente a um mundo, o comunista, extinto, e que conservou traços da cultura autoritária e nacionalista da Prússia e de outras regiões orientais da Alemanha. Os choques de mentalidade são inevitáveis.

Apesar de o país ter sido unificado, a economia continua a separar a Alemanha em duas: a renda média do país é de 36 mil euros ao ano. Quando somente o Leste é considerado, a média cai para 22,8 mil euros anuais.

Na prática, isso já vem ocorrendo. O Estado de Brandemburgo, por exemplo, admite ter desviado 11% do valor destinado a obras estruturais para cobrir déficits orçamentários, embora o Instituto Halle de Pesquisas Econômicas (IHW) diga que o percentual usado para outros fins possa ter chegado a 40%.

Ao mesmo tempo em que os do Leste se sentem desprestigiados, os antigos alemães ocidentais também se perguntam se o preço da reunificação não foi alto demais. Afinal, a economia alemã sofreu (especialmente via aumento da dívida pública) para subsidiar o leste e são os alemães do Ocidente que pagam, com seus impostos, a transformação do Oriente. Depois, os migrantes orientais que se dirigem ao Ocidente disputam creches, serviços sociais e empregos com os antigos moradores, o que gera atritos inevitáveis. Os ocidentais também se queixam que os orientais são acomodados e pouco gratos pelos imensos sacrifícios feitos por eles.

Como prova dessas tensões dentro do povo alemão, podemos citar dados como os que indicam a segregação espacial entre os oriundos do Leste e do Oeste em Berlim ou que é mais provável um berlinense ocidental se casar com um estrangeiro do que com um berlinense oriental. Também os choques e conflitos cotidianos de orientais e ocidentais por toda a Alemanha indicam a tensão latente dentro da nova Alemanha.

A meu ver, não é necessário superestimar o problema. Ninguém de bom senso diria que a situação dos alemães-orientais na nova Alemanha é a de uma minoria discriminada ou que eles sofrem preconceitos raciais, como os imigrantes africanos ou asiáticos. Além disso, a sua situação econômica e social, apesar de complicada para os padrões alemães, seria um sonho para, por exemplo, um brasileiro.

Além disso, o tempo tende a acalmar esses problemas. Os indicadores econômicos mostram como, apesar das províncias orientais ainda demandarem imensos recursos públicos nos anos vindouros e da necessidade de décadas para que elas atinjam o nível das ocidentais, esse processo acabará ocorrendo.

Bibliografia

- http://www.espacoacademico.com.br/

- http://www.dw.com/pt/o-fracasso-econ%C3%B4mico-da-reunifica%C3%A7%C3%A3o-alem%C3%A3/a-1724454

- http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/reunificacao-da-alemanha-vinte-anos-depois-diferencas-ainda-dividem-o-pais.htm

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