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O Problemas da Indução

Por:   •  22/2/2018  •  1.641 Palavras (7 Páginas)  •  240 Visualizações

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- O enigma Humeano

Ele nos deixou um grande enigma que é o problema da indução, se ele esta certo, então nem a nossa ciência nem o nosso conhecimento ordinário sobre o mundo tem qualquer fundamento, pois é de entendimento comum que eles se baseiam no princípio indução. Começaremos expondo o problema da indução segundo o filósofo, e após isso mostrando a critica e a tentativa de solução proposta por Karl Popper (pensador cujas teorias mais influenciaram o curso dos debates acerca da epistemologia das ciências entre as décadas de 50 a 70 do século XX). Ao reconstruir o argumento de Hume temos que inferências indutivas: são aquelas que a conclusão não se encontra nas premissas, além disso, se elas forem verdadeiras a conclusão será provavelmente verdadeira (podendo ser falsa).

Ex.: O sol sempre nasceu no passado, logo nascerá amanhã;

O fogo queima no Brasil, logo ele também queima na Alemanha.

Todo nosso conhecimento empírico parece está baseado em raciocínio indutivo. Segundo Hume, a fundamentação dessas nossas inferências indutivas requer princípios de uniformidade da natureza, o que na verdade vale tanto para a dimensão temporal como espacial.

O problema da indução nasce da concentração de que a primeira premissa que é a formulação sobre a qual tudo se apoia não é uma verdade da razão. Ela é uma verdade analítica conceitual convencionalmente aceita e ela não é algo cuja negação seja contraditória, típico da verdade analítico conceitual. É perfeitamente imaginável que o futuro se torne muito diverso do passado - as árvores podem florescer no inverno, por exemplo, ou a neve queimar como o fogo. Cabe aqui mencionar um comentário do Bertrand Russel, no que toca à indução “o verdadeiro problema é este: poderá um número qualquer de casos em que no passado se verificou uma dada lei – garantir-nos a verificação dessa lei no futuro?” (RUSSEL, Bertrand. Os problemas da filosofia p. 69) Para Hume, com certeza, não.

Resta dúvida para os ramos de estudos que lidam diretamente com fatos concretos: é possível conhecer as leis da natureza, como querem os realistas? Sendo um pouco mais especifico: é admissível o conhecimento indutivo dos eventos? Visto que as ciências experimentais se sujeitam as generalizações indutivas, dado que pesquisadores estabelecem teorias e buscam confirma-las como leis da natureza. Nesse viés, como seria plausível o conhecimento concreto das Leis da Natureza? Se nossas teorias e princípios são baseados tão somente em hipóteses falíveis podemos falar em conhecimento claro e distinto? Para Hume, novamente, não. Nossas teorias são falíveis.

O pensador Bertrand Russel, ponderando acerca do enigma de Hume, fez a seguinte observação “Os grandes escândalos na filosofia da ciência desde a época de Hume têm sido causalidade e indução. [...] Hume deixou transparecer que nossa crença é uma fé cega a qual não se pode atribuir qualquer fundamento racional”. (RUSSEL, Bertrand. Ensaios céticos. p. 44)

A estratégia para fundamentar todo esse pensamento é que: temos a convicção que o futuro será semelhante ao passado, com base em nossa experiência de futuros que já passaram e os quais sempre foram semelhantes ao seu próprio passado. Eis a inferência que nos leva a crer na premissa observada. Premissa que o futuro passado sempre foi semelhante ao seu próprio passado, conclusão o futuro será semelhante ao passado. O problema todo, portanto, é que para justificar essa premissa temos que recorrer à outra indução, assim o princípio que deve fundamentar a indução depende ele próprio da indução para ser firmado.

A intentada justificação da indução fracassa, segundo o filósofo, posto que ela depende de um raciocínio circular, a conclusão humeniana é de que não há justificação racional para a indução, não havendo portanto justificação racional para a experiência empírica e nem para as do cotidiano.

A solução proposta, pelo próprio Hume, para o problema foi de fundamentar este gênero de inferência em hábitos dos gêneros humanos e, portanto desistir de procurar fundamentação racional para justifica-los.

- A crítica de Popper ao pensamento de Hume

Ao longo da história da filosofia esse problema foi trabalhado por diversos autores, talvez o mais radical dessas tentativas de solução tenha sido proposta por Popper. O avesso da prudência de Russel ou qualquer outro, afirmou Popper: “tenha ou não Russel razão nisso, alego que o resolvi”.

Aborda, em suma, o problema em novos alicerces. Ele realiza uma separação entre os problemas lógicos (o qual ele concordaria com Hume) e os psicológicos da indução.

Ele, também, refaz toda uma linguagem utilizada por Hume e a traz para expressões mais objetivas e cientificas. Além disso, é mister salientar que ele desassocia a indução da metodologia científica, afirmando que a ciência não trabalha indutivamente (não resolvendo, assim, o problema da justificação da indução), mas sim a um método hipotético dedutivo.

Seu pensamento consiste, basicamente, em reconhecer que o problema proposto por Hume não tem solução, pois do ponto de vista do Popper o conhecimento cientifico não faz apelo a raciocínio indutivo – não combinatórios. Assim, todo raciocínio científico é de caráter dedutivo e, portanto, nesse sentido, não há problema com a indução.

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Estado atual da discussão sobre o problema da indução

Esse problema foi para além do tratamento de Popper no séc. 20, reavivado de uma forma bastante proeminente pelo trabalho do Nelson Goodman que propôs aquilo que chamou de novo enigma da indução. Tese que trabalha em chamar atenção para aquilo que seria o problema descritivo da indução. De uma forma geral os filósofos que trataram do problema subsequentemente se preocupam em encontrar uma solução para o problema normativo

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