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Filosofia da educação

Por:   •  28/1/2018  •  2.993 Palavras (12 Páginas)  •  242 Visualizações

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que havia ocorrido em países da Europa já no final do século XIX. A educação e a escola passaram a ser compreendidos, a partir dos parâmetros dos ideais democráticos da escola nova, que se espalharam pelo país. Porém, importa salientar que, nesse novo contexto brasileiro, a escola e a educação foram considerados elementos potencializadores do desenvolvimento do país. Com o ensino primário sendo colocado ao alcance das camadas populares, intensificaram-se as preocupações acerca da melhor forma de ensino, da melhor escola e, conseqüentemente, da necessária preparação para os professores, os agentes responsáveis por tal mudança. Era preciso portanto, dar atenção especial às instituições formadoras de professores. Marcadas por um caráter generalista e enciclopédico, nossas escolas normais foram, até meados dos anos 20 desse século, as únicas instituições formadoras de professores. A partir do fortalecimento das idéias escolanovistas e das novas demandas por educação, tornaram-se essenciais as preocupações com os aspectos técnico-profissionais do ensino normal. A formação de professores para o ensino secundário somente foi institucionalizada a partir da criação, em

1934, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e, em 1939, com a instituição do modelo imposto pela Faculdade Nacional de Filosofia, FNFi. A consolidação de um novo ensino normal, sustentado nas ciências da educação e o surgimento das faculdades de filosofia, ciências e letras foram os elementos significativos em relação às preocupações com a institucionalização da formação de professores no Brasil. No final do século XIX manifestaram-se as primeiras preocupações, no Brasil, com a cientificidade da Pedagogia, quando os estudos sobre novos métodos de ensinar passaram a dominar as questões educacionais. Era o momento da primeira inserção das idéias sobre a prática pedagógica dos Jesuítas, correspondia às exatas necessidades da sociedade com um todo”. ROMANELLI, Otaíza. História da Educação no Brasil (1930-1973),17. ed. Rio de Janeiro: Vozes,. p. 45-46.3 escola nova, ancorada nos conhecimentos científicos da psicologia e da sociologia. No entanto, a filosofia foi o primeiro saber a dar as bases de sustentação do discurso pedagógico, gerando uma aproximação entre discurso filosófico sobre educação e um discurso pedagógico geral. Questões sobre ideais pedagógicos, essência da educação, fundamento moral da educação, natureza do homem, entre outras, foram questões norteadoras do discurso filosófico/pedagógico. Aos poucos, essa fundamentação generalista e filosófica da educação, caracterizada pela Pedagogia, enquanto disciplina ou discurso pedagógico, passou a dividir espaço com uma fundamentação de caráter científico sustentado pela psicologia e pela sociologia. Referindo-se ao caráter totalizante do discurso pedagógico Amaury Moraes afirma que o discurso pedagógico foi primeiro eminentemente filosófico quando ainda não havia, em verdade, discurso pedagógico; depois foi sociológico, em especial quando a sociologia tornou-se fonte de moralização social; por fim, hoje em dia, quando quer ser mais científico, é essencialmente psicológico. Não perdeu, entretanto, nem o caráter filosófico, ao querer dar um sentido à ação educativa; nem o caráter sociológico ao buscar no social a sua legitimidade. Já a psicologia é, para a pedagogia, um saber instrumental, caindo, pois, de ciência para técnica. Com domínio cada vez mais crescente do discurso científico e técnico sobre o discurso pedagógico, a importância e os objetivos da filosofia relativos à educação foram redimensionados. Com uma referência específica ao Brasil, a partir deste estudo foi possível constatar que sua institucionalização, como disciplina ocorreu posteriormente à psicologia, à sociologia e, mesmo à história da educação em algumas instituições de ensino normal. Por outro lado, seu surgimento no currículo dos cursos de formação de professores secundários nas faculdades de filosofia, ciências e letras, das universidades, ocorreu dentro de uma cadeira denominada História e Filosofia da Educação. A grande familiaridade existente entre

conhecimento histórico e conhecimento filosófico, manifestava-se através do estudo das idéias sobre educação dos grandes pensadores. As idéias referidas acima conduzem à seguinte pergunta: que posição e grau de importância ocupou a disciplina filosofia da educação nos currículos dos cursos de formação de professores primários e secundários, diante do domínio crescente do discurso educacional pelas ciências e pelas técnicas? MORAES, Amaury C. Uma Crítica da Razão Pedagógica. São Paulo, USP, Faculdade de Educação, 1997, Tese de Doutorado, p. 132.4. Num contexto de avanço das ciências da educação, os objetos de interesse da filosofia da educação foram as idéias sobre educação de filósofos como Platão, Locke, Rousseau, Kant, entre outros, e o conhecimento dos principais sistemas filosóficos a partir dos quais seria possível absorver uma compreensão de educação, de homem, de escola, etc. A preocupação com a definição dos fins que deveriam ser alcançados pelo processo educativo e os valores que deveriam ser transmitidos aos alunos apresentaram-se como objetivo primordial da disciplina. Ao tomar para si este objetivo, a disciplina tornou-se o lugar e a condição para uma reflexão abrangente sobre educação, que ia além da instrução e da informação efetivadas a partir de teorias psicológicas, e de uma preocupação com a moralização social, proposta pela sociologia. Uma vez que à filosofia da educação cabia uma compreensão geral da educação entendia-se que o professor secundário que, embora dominando sua especialidade, não souber integrar o seu ensino especial dentro de uma cultura moral e, ao seu aluno individualmente dentro da coletividade a que pertence, esse professor será um elemento de dissolução. Somente, portanto, uma cultura filosófica e sociológica do professor será capaz de torná-lo um veiculador de valores em direção do mais alto interesse próprio e coletivo a um tempo. A aceitação da necessidade de uma cultura filosófica e científica (ciências da educação), no conjunto da formação do professor secundário, tornara-se consenso mundial nos anos 30, sustentada pelas idéias reformadoras em educação. No texto, A formação do professor secundário, publicado nos Arquivos do Instituto de Educação de São Paulo, em 1937, eram apresentados os resultados do inquérito realizado pelo Bureau International d’Education acerca dessa questão. Especificamente, com relação à filosofia da educação constatou-se que tal nomenclatura nem sempre se fazia presente em todos os países referidos anteriormente. Os conteúdos filosóficos

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