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Cultura Simplória

Por:   •  1/3/2018  •  1.159 Palavras (5 Páginas)  •  243 Visualizações

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Ainda sobre filmes, vale relatar a coincidência entre o que vi, certa feita, em sala de aula e o filme que eu havia assistido uns dias antes. Era o Vênus Negra, do tunisiano Abdellatif Kechiche, que versa sobre as agruras sofridas pela personagem, a sul-africana Saartjie Baartman, em suas amargas jornadas pela Europa no inicio do século 19. Tinha ficado curioso pelo título, mas no filme não vi nenhuma referencia que o explicasse e também nenhuma crítica ou divulgação que fizesse alusão a isso. Até que me deparei, numa revista, com as milenares estatuetas de vênus, cujas silhuetas de algumas delas são imagens perfeitas das mulheres hotentotes, etnia à qual Saartjie pertencia, e fiz a brilhante dedução que elucidou o mistério sobre o nome do filme. Depois também tive ciência de que o biólogo Stephen Jay Gould publicou a obra Hottentot Vênus, que veio para dar maior notoriedade ao caso.

Iria começar o texto falando sobre intolerância cultural mas perdi-me e agora tento retomar. Não sei se é correto faze-lo mas considero como intolerantes os supostos e notórios conhecedores de arte que assumem posições arrogantes ao decretar inclusive o que é arte ou não. Se um cidadão comum, sem conhecimento algum sobre pintura, vir a examinar uma coleção de quadros que reúna aleatoriamente obras de vários estilos, procedências e técnicas, fatalmente terá sua atenção atraída primeiramente por obras que tenham cores e formas chamativas. Se calhar de uma dessas obras chamativas ser um Picasso, parabéns! Receberá louvores por ser um conhecedor inato das belas artes, mas se ele for tocado pela beleza de uma obra de Romero Brito, certamente será pisoteado em praça pública pelos legisladores do bom gosto e correrá o risco de ser expluso do Paraíso com direito a espadas flamejantes.

Considero como boas quase todas as poucas obras de Picasso que conheço mas, por ter também parcos conhecimentos teóricos, posso vir a gostar de um quadro condenado como não-arte e não saberia dizer porque um quadro de Picasso é profundo e porque um outro de Romero de Brito é frívolo; não provoca inquietação, como dizem os críticos. Assim como não consigo entender que uma parede branca manchada de tinta seja considerada de vanguarda, representando uma ruptura do cotidiano, como dizem as críticas incompreensíveis e laudatórias, uma verdadeira ação entre amigos.

Posso parecer reacionário, mas não reconheço como legitima essa autoridade autoconferida que setores da elite intelectual utilizam para classificar expressões artísticas de acordo com seus padrões.

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