A Dialética de hegel

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a si mesma seus conteúdos, não os recebendo do exterior, como coisas estranhas a ela. A Lógica propõe, em si mesma, novas categorias e novos encadeamentos que pretendem dar conta do processar da realidade. Através dessa nova lógica se visa apreender o processo de exposição do absoluto na multiplicidade do mundo, e a ciência filosófica se reconfiguraria como a compreensão desse processo de auto-exposição, proporcionado pela razão, que tem como resultado aquilo que Hegel chamou de Idéia Absoluta.7 A idéia absoluta, manifestação última da própria Lógica, é a exposição desse movimento de progressiva identificação entre a representação e efetivação do Absoluto. Logo, se afirma sem dúvidas que o alicerce do projeto filosófico de Hegel é a Lógica, pois ela representa o movimento próprio da idéia absoluta. Para Hegel a determinação da idéia e todo curso dessa determinação, constituiu o objeto da ciência da lógica, que em seu desenvolvimento fez surgir, a partir de si, a idéia absoluta mesma.

Por fim, na dialética de Hegel, a história é um processo temporal movido internamente por divisões ou negações (contradição). O idealismo hegeliano mantém que a história é movimento de posição, negação e conservação das ideias, e essas ideias são a unidade do sujeito e objeto da história, que é Espírito.

Para Marx, Hegel pensava como qualquer ideólogo, na medida em que deduzia o real das ideias. Mas não devemos perder de vista o fato de que a dialética marxista é devedora da dialética hegeliana. Vale dizer que o trabalho é um conceito-chave para a compreensão do conceito hegeliano de superação dialética .

Três foram os sentidos com os quais Hegel usou o termo superação dialética. O primeiro sentido é o de negar, anular, cancelar. O segundo sentido é o de erguer uma coisa e mantê-la erguida para protegê-la (por exemplo, quando dizemos de um quarto que ficou "intacto porque suspenso no ar"). E o terceiro sentido é o de elevar a qualidade, promover a passagem de uma coisa de um nível para outro superior.

Portanto, para Hegel, superação dialética é, ao mesmo tempo, a negação de uma realidade, a conservação de algo essencial nessa realidade negada, e a passagem dela para um nível superior. Assim, por exemplo, o trigo é triturado (momento da negação), mas não desaparece de todo, passa a fazer parte do pão (conservação), que vai ao forno e depois de assado, se transforma num alimento (passagem para um nível superior).

A obscuridade do pensamento de Hegel se deve, em grande medida, ao fato de ele subordinar toda a realidade material a um princípio chamado Ideia Absoluta, princípio descrito de modo bastante vago.

REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS

Friedrich Hegel Fenomenologia do Espírito, Editora Vozes, Edição 7

Immanuel Kant Crítica da Razão pura, Editora Vozes, Edição 2