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Revista Placar: Uma Análise de Suas Narrativas

Por:   •  21/6/2018  •  1.789 Palavras (8 Páginas)  •  392 Visualizações

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Em 2001, os leitores pediram para que a revista voltasse a ser semanal, queixando-se da demora da chegada às bancas em relação às rodadas de final de semana dos campeonatos. A editora atendeu aos pedidos, porém, com dificuldades novamente, a segunda fase semanal só durou cerca de um ano. Somente em 2003 o periódico voltou a ser mensal, tendo sido assim até o momento. A tiragem atual é de 75 mil exemplares e a proposta de textos mais interpretativos nunca mudou. Em abril, houve uma edição especial para comemoração dos 45 anos da revista.

[pic 4]

Edição comemorativa dos 45 anos.

- Construção de narrativas no periódico

Temos, atualmente, um cenário de sobrecarga informativa, que tem por conseqüência uma crise de experiências, memórias e narrativas. Já não conseguimos mais memorizar tudo o que chega a nós. As informações perdem seu significado e não mais se perpetuam ao longo do tempo.

Moisés Naim fala em sua obra “O Fim do Poder” sobre a chamada Revolução do Mais. Temos mais de tudo: mais pessoas, mais países, mais estudantes, mais produtos, mais informação, mais gadgets, mais bens e serviços. Essa abundância está ligada ao empoderamento do sujeito, que agora consegue opinar, argumentar e publicar muito mais do que antigamente, mas também à efemeridade das coisas atualmente.

Tendo esse cenário, a construção de narrativas é uma ferramenta que pode ser utilizada pelo comunicador para conseguir dar legitimidade ao seu conteúdo. Para obter legitimidade, o periódico deve possuir três características: utilidade, compatibilidade e transcendência. Sem elas, teremos apenas mais um aglomerado de informações que será esquecido brevemente.

- Micronarrativas e metanarrativas

As micronarrativas são relatos ligados a experiências pessoais do autor. São normalmente textos curtos, porém com profundidade por conta da ligação com o depoimento de vida do narrador.

Na Revista Placar, um dos exemplos de micronarrativas que podemos observar é a seção “Causos do Miltão”, de Milton Neves. Nela, são contados episódios curiosos e muitas vezes engraçados relacionados a figuras do futebol, de uma maneira bastante leve. Na edição de maio deste ano, por exemplo, uma das histórias é a primeira aparição de Robinho na televisão aberta. Na época, o jogador ainda não era conhecido, e a direção do programa ficou bastante relutante em deixar o novato aparecer no Terceiro Tempo. Apesar das discordâncias, ele entrou. Quando se tornou craque, voltou diversas vezes.

Ainda na mesma seção, mas no site, temos a história de João de Matos, empresário brasileiro e corintiano fanático. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1971 e nas poucas vezes em que retornou ao Brasil, foi por conta do time do coração. O autor conta, ainda, que a filha de João de Matos, Claudine, casou-se com um dos filhos de Robert de Niro[3].

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Seção “Causos do Miltão” online.

Na seção intitulada “Imagens da Placar”, temos um exemplo de micronarrativa afetiva bastante interessante. Na edição de junho deste ano, esse segmento do periódico apresenta fotos de um fotógrafo polonês que percorreu estádios pela Europa e capturou a essência dos torcedores. É um retrato emocionante da realidade que mostra como o futebol transcende o caráter de esporte e se torna o sentido da vida de alguns.

Já em relação às metanarrativas, Bendassolli as define como sendo um grande esquema conceitual que une várias narrativas e seus atores, em uma perspectiva mais ampla. Retornando ao periódico analisado aqui, na edição de junho deste ano, temos uma matéria intitulada “Cicatrizes do 7x1”, que fala sobre como a seleção brasileira precisa se reerguer após o vexaminoso episódio contra a Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Na Copa América deste ano, a seleção tinha a chance de dar a volta por cima – já sabemos que isso não foi possível[4].

Outro exemplo é a matéria, também na edição de junho, chamada “Na base da porrada”, que denuncia a violência desde as formações de base. Um auxiliar técnico fala sobre como os jovens são ensinados a utilizar provocações, simulações, truculência com os árbitros, incitação de violência por parte dos técnicos etc. Isso influencia em toda essa geração do futuro do nosso futebol[5].

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Capa da edição de junho de 2015.

- Storytelling

O Storytelling é uma maneira de contar uma história de forma a sensibilizar os públicos de interesse. Ela pode ser real ou ficcional e busca gerar conectividade emotiva entre as pessoas. Na Placar, o exemplo mais claro desse método é a útima seção da revista, chamada de “Mortos-vivos”, contando histórias reais de personalidades marcantes no futebol.

A edição de maio de 2015 conta a história de Serginho, jogador do São Caetano, que faleceu há quase onze anos após ter uma parada cardiorrespiratória em campo. Conta-se desde seu nascimento e sua carreira até a chegada ao São Caetano, o dia de sua morte e conseqüências do episódio. A morte dramática do jogador deixou um legado de investimento em medicina preventiva. Mesmo quem não era torcedor do azulão – ou do São Paulo, adversário naquele jogo – ainda se lembra do ocorrido[6].

Outro exemplo é a seção “o país do futebol”, localizada no início da revista. Nela, há várias matérias distintas. A edição de maio traz a difícil história de Leo Olinda, jogador do Ríver do Piauí. O rapaz já passou por mais de dez cirurgias ao longo da vida – sendo a primeira delas aos seis meses de idade – por conta de uma má formação óssea na face. Os médicos lhe deram uma expectativa de dois meses de vida. Hoje, o jogador está com 30 anos, dando continuidade à sua carreira.

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Mortos-vivos com Serginho, no site da Placar.

- Jornalismo literário

O jornalismo literário, ou new journalism, junta a característica factual jornalística com a estrutura narrativa e aprofundamento de conteúdo que a literatura proporciona. Dessa maneira, ele não traz consigo apenas uma notícia, mas uma história, capaz de sensibilizar

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