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PROJETO CINECOM CINEMA PARA TODOS E A EXPERIÊNCIA CINEMATOGRÁFICA

Por:   •  18/5/2018  •  4.930 Palavras (20 Páginas)  •  434 Visualizações

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Nesse contexto, o projeto CINECOM – Cinema para Todos foi idealizado para incluir os moradores de Viçosa, de modo mais amplo, no mundo do cinema. A inclusão audiovisual é um processo que envolve “ações e políticas voltadas para a inserção de classes sociais menos favorecidas em projetos que envolvem o ensino e a difusão audiovisual” (VILAÇA, 2006, p.16).

Este artigo busca apresentar o projeto de extensão, em sua estrutura e desenvolvimento, expor as inquietações e pesquisas vivenciadas pelos seus integrantes e refletir sobre o ideal extensionista conforme expresso no Plano Nacional de Extensão Universitária (PNE) e incentivado pela Política de Extensão da Universidade Federal de Viçosa, de modo a contribuir na articulação do diálogo entre a Universidade e a comunidade viçosense (que é composta por moradores e acadêmicos). A partir desta apresentação, este artigo pretende ainda discutir o projeto extensionista sob a perspectiva teórica de Michel Mafessoli, especificamente, pelos conceitos de laço social, sociabilidade e prazer estético.

A experiência do Cinema

Conforme alguns pesquisadores afirmam, o cinema foi criado com um objetivo muito mais acadêmico do que comercial. “Os Lumière acreditavam que seu trabalho com imagens animadas seria direcionado para a pesquisa científica e não para a criação de uma indústria do entretenimento” (TURNER, 1993, p.10).

Porém, em seu desenvolvimento, a arte cinematográfica revelou sua capacidade de educar, informar e entreter também (cf. LOPES, 2009, p. 3). Isso acontece de várias formas, tanto por meio dos recursos tecnológicos cada vez mais avançados e que também deslumbram as pessoas, quanto pelas histórias que se reinventam, pelos novos espaços visitados e gerados, bem como pelos discursos e representações que atravessam as narrativas cinematográficas. Walter Benjamin, apesar de seu tom crítico à perda da aura da arte no contexto da reprodutibilidade, afirma que, na modernidade, o cinema possui uma capacidade de exercício para a sobrevivência do homem em meio aos cotidianos da vida moderna:“O filme serve para exercitar o homem nas novas percepções e reações exigidas por um aparelho técnico cujo papel cresce cada vez mais em sua vida cotidiana. Fazer do gigantesco aparelho técnico do nosso tempo o objeto das inervações humanas – é essa a tarefa histórica cuja realização dá ao cinema o seu verdadeiro sentido” (BENJAMIN, 1987, p.174).

Ao lado dessa experiência, o cinema também pode ser entendido como arte, uma vez que possui as condições estéticas encontradas nas artes tradicionais, como salienta Lopes (2009, p. 5), que também destaca a capacidade do cinema em unir as artes reais (pintura, fotografia, escultura) e as artes virtuais (feitas em computador). Ademais, a importância do cinema se avulta, uma vez que ele consiste num “divertimento que envolve assunto de interesse da coletividade” e não há outro nesta categoria que possa aproveitar e transformar qualquer coisa em “filme, para a completa alegria, sensação, atração e prazer dos seus aficionados” (SILVA, 2005, p. 19).

E existe também a dimensão da prática social que o cinema proporciona. É o que Lopes destaca, enfatizando que o reflexo das faces que vemos no cinema, por meio das histórias contadas, das representações ali trazidas, as realidades humanas em suas múltiplas dimensões, tudo isso faz com que diálogos sejam proporcionados entre o que aparece na tela e aquilo que acontece na vida do espectador. “A prática social a que o cinema nos permite fazer é passar da narrativa fílmica para as reflexões mais verdadeiras da realidade, a partir das histórias que nos conta” (LOPES, 2009, p. 7).

Prova dessa imensa capacidade do cinema é o fato de, em qualquer pesquisa preliminar em escolas e universidades, perceber o imenso número de projetos de extensão relacionados com este tópico, seja nas práticas educacionais propriamente ditas, seja nas práticas inclusivas. Inserindo-se neste cenário, o cinema foi tomado como possibilidade extensionista no Curso de Comunicação Social da Universidade de Viçosa, MG, desde abril de 2012.

O Projeto Cinecom e a prática extensionista

O projeto Cinecom acredita na capacidade do cinema para impactar, impressionar, prender a atenção, divertir, emocionar.

O cinema é um dos grandes meios de comunicação de todos os tempos. Ele é assim considerado, graças a sua capacidade de carregar mensagens, significar sentidos, representar mundos e criar comparações entre a realidade da plateia e aquelas transmitidas pelo filme. Nessa comparação, o público analisa o enredo e os personagens, refletindo sobre sua realidade e vislumbrando novas visões de mundo” (CineCom Cinema e Cultura para Todos, 2011).

Por esta razão, o projeto partiu de uma abordagem do entretenimento, ao proporcionar às pessoas a possibilidade de participar de um evento de lazer cultural e artístico. A didática da atividade extensionista deste projeto, portanto, configura-se como a reunião informal que, a partir do lazer, alcança a Arte, geradora de reflexões e conhecimentos.

O objetivo principal do projeto consiste em

oferecer à comunidade viçosense uma opção artística-cultural de lazer e de informação, e propiciar aos alunos de Jornalismo do Departamento de Comunicação da UFV a vivência do fazer jornalístico e da produção artística (CineCom Cinema e Cultura para Todos, 2011).

O projeto de extensão articula-se, ainda, em ações transmidiáticas, pois cada sessão possui um antes e um depois em termos de produção, e envolve um blog frequentemente atualizado (http://cine-com.blogspot.com.br/), jornal impresso (Informativo Cinecom), cartazes e mosquitinhos (pequenos panfletos) dos filmes exibidos, além do facebook (http://www.facebook.com/cinemacomunica). Os conteúdos conversam entre si, porém, não são interdependentes, fazem sentido em si mesmos, caracterizando a transmídia:

Com base na conceituação proposta por Jenkins, Scolari (2009) define Narrativa Transmídia como uma estrutura que se expande tanto em termos de linguagens (verbais, icônicas, textuais etc) quanto de mídias (televisão, rádio, celular, internet, jogos, quadrinhos etc). Uma característica importante deste tipo de narrativa, de acordo com este autor, é não se repetir ou simplesmente ser adaptada de uma mídia para outra. As histórias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente, conforme propõe Jenkins. (JENKINS e SCOLARI apud ALZAMORA E TÁRCIA, 2012, p.

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