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Comunicação e Cultura na Era Digital

Por:   •  23/10/2018  •  1.895 Palavras (8 Páginas)  •  297 Visualizações

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Como consequência das tecnologias de comunicação, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de sobrepor os outros tipos de cultura. A imprensa foi considerada o primeiro meio de comunicação de massa, responsável pelo aumento do interesse das pessoas pelo saber, pela busca da informação. O protagonismo da cultura escrita só foi ofuscado com a chegada do rádio. Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes elitistas.

Segundo Santaella (2003), a imprensa reforçava esta dicotomia entre as culturas consideradas populares e eruditas. Com a criação do rádio já não era possível ter controle sobre o que a população iria consumir ou não, todos podiam consumir o que veiculado. Desta forma, ficava obsoleto escolher o que veicular ou não para determinadas classes. Por exemplo, a música clássica que antes pertencia a ambientes elitistas, a partir daquele momento poderia ser ouvida no rádio por um operário, por uma dona de casa, por qualquer um que estivesse sintonizada naquele momento.

A cultura das mídias tende a ser taxada de vulgar e homogênea porque sempre é analisada através de uma concepção elitista. Os meios de comunicação de massa se tornam então responsáveis por um intercâmbio entre a cultura erudita e a cultura popular e quanto mais se multiplicam as mídias, maior é esta interação.

Era digital

Com a chegada da Era Digital, foi possível uma realidade antes não experienciada pela sociedade, a partir da a criação da internet e o acesso a computadores pessoais, as relações entre produtor e consumidor se estreitariam. Se antes o poder de criar e reproduzir estava na mão dos grandes conglomerados midiáticos, agora o cidadão comum possuía ferramentas para criar e divulgar o seu produto.

Este fenômeno fica ainda mais claro na chamada Web 2.0. Segundo Alex Primo (2007, p.1), a Web 2.0 refere-se à segunda geração de serviços online “e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo”. O autor afirma que é para entender os impactos sociais causados pelo serviço, é preciso enxergar além de um conjunto de técnicas informáticas. É preciso observar os processos comunicacionais mediados pelo computador.

Com a web 2.0 estabeleceu-se a criação de blogs, redes sociais, redes de compartilhamento e tudo aquilo que conhecemos como internet atualmente. Com o acesso à internet e conhecimentos das ferramentas necessárias, qualquer pessoa pode de produzir e produtos culturais, sejam filmes, músicas, animações. E se antes, os produtos eram consumidos apenas pelos próprios autores ou pessoa próximas, com a internet é possível que estes produtos circulem livremente e sejam vistos ao redor do mundo.

A ferramenta tem papel social importante na produção e circulação de informação e conhecimento. Segundo Primo apud (O’ralley 2005) um exemplo disso são as redes peer-to-peer (P2P), que possibilitam a troca de arquivos digitais, “cada computador conectado à rede torna-se tanto “cliente” (que pode fazer download de arquivos disponíveis na rede) quanto um “servidor” (oferta seus próprios arquivos para que outros possam “baixá-lo”). Segundo o autor quanto maior o número de usuários, mais arquivos se tornam disponíveis e consequentemente com a competitividade da oferta, os serviços se tornam melhores.

Segundo Couto et al. (2008, p.112), “Documentos em forma de textos, imagens, sons e vídeos reproduzidos com auxílio de softwares e hardwares dos computadores foram um dos motores da (r)evolução tecnológica contemporânea” produzindo mudanças no comportamento social, onde todos podem ser autores de conteúdo.

Antes as grandes mídias ditavam o que seria consumido, através do que se apresenta mais rentável para eles. Segundo Silva (2012) apud (Anderson, 2006), a revolução tecnológica criou a era da cultura de nicho, onde a diversa de produtos dita o poder de escolha dos consumidores. Os produtos desprezados pela grande mídia não representavam separadamente um valor significativo para economia, mas quando juntos poderiam ultrapassar o valor de mercado dos produtos dos grandes meios de comunicação.

Desta forma os produtos midiáticos gerados nas “bordas”, fora dos grandes meios de comunicação modificam o sistema de circulação de informações. “Como se pode recordar, a Internet foi logo celebrada por sua tecnologia pull (o conteúdo é “puxado” pela audiência), que se opunha ao modelo push (o conteúdo é “empurrado” até a audiência) da mídia massiva” (PRIMO, 2007, p.3)

A era digital representa a quebra de barreiras e a consolidação da democratização dos meios de produção. Segundo Couto et al. (2008), a internet não possuiu um modelo comunicacional único, por meio dela é possível uma comunicação individual, de um para um, como também de um para vários e de vários para vários.

As noções de universal e totalidade se diferem também nas mídias de massa e nas digitais. Os meios de comunicação de massa são vistos e ouvidos por milhares de pessoas, impossibilitando trabalhar a particularidade de cada receptor – é necessário encontrar uma característica comum do grande público. Como já falado, a internet possibilitou a criação de diversos produtos, passíveis de agradar a todos os públicos. Com isso, a internet possibilita um conteúdo universal sem ser totalitário. O público navega pela rede buscando aquilo que vai de encontro aos seus interesses, ele seleciona o que consumir.

Considerações Finais

Como explicitado no artigo, os meios de comunicação de massa foram agentes transformadores dos processos comunicacionais e cultural, responsáveis por aproxima as chamas culturas populares e culturas eruditas. Com a era digital o acesso e a produção da cultura se tornou ainda mais democrático, os produtos culturais já não são mais impostos em um sentido único para a sociedade.

Foi por meio da internet que pessoas comuns foram capazes de criar seus próprios ‘hits’ e compartilha-los com o mundo. Basta observar o sucesso dos youtubers, fenômenos comunicacionais com mais de milhões de seguidores frutos exclusivos da era digital, que após se consolidarem perante ao público garantem até seu espaço nas mídias tradicionais.

Ainda que haja ressalvas sobre o “acesso democrático” à rede que envolve

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