Análise do texto de Mario Ernesto Humberg faz um estudo da evolução da ética empresarial e organizacional no mundo com vídeo de ética Empresarial de Clóvis de Barros Filho
Por: Evandro.2016 • 3/6/2018 • 1.483 Palavras (6 Páginas) • 510 Visualizações
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forma “inesperada” quando Clóvis de Barros afirma que é um tempo perdido falar sobre ética para empresas quando elas trazem o “foco no resultado” como um possível ’valor’. Afinal, se uma empresa está focada apenas no resultado, os meios para se chegar até ele não são importantes. É usado o exemplo do banner, que é muito comum de se ver em empresas com itens como sustentabilidade, transparência e foco no resultado, porém, ele faz um alerta para esse último item, pois ele acredita que quando o foco no resultado se torna um valor, os funcionários acabam fazendo de tudo para alcançar a meta mesmo se tiver que esquecer os demais valores. É praticamente como “os fins justificam os meios”, frase atribuída a Maquiavel; estar acima da ética e da moral.
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É visível que no Brasil ainda existe muito abuso e exploração em diversas áreas de trabalho, fazendo com que a conduta ética seja, muitas vezes, deixada de lado. Por termos tido um passado escravagista em nossa história, ainda hoje, passados 129 anos, temos sequelas desse período obscuro refletidas em nossa sociedade. Muitas empresas hoje em dia ainda praticam o racismo e preconceito, mas utilizam de artifícios para mascarar essas atividades.
Além da exploração e do abuso, também ainda é muito comum que os trabalhadores menos qualificados não tenham voz na empresa a qual estão, o que torna tudo ainda pior. Como pensar em ética empresarial no Brasil por parte dos funcionários se isso não parte dos que lideram e deviam dar o exemplo? Até mesmo a Missão, Visão e Valores das empresas são pautadas de acordo com os que estão nos cargos mais altos, e muitas vezes não representam o que a empresa realmente é.
Por fim, não podemos deixar de falar do “jeitinho brasileiro”. Sérgio Buarque de Holanda, quando fala do “homem cordial”, ilustra muito bem isso, pois esse homem não é uma pessoa necessariamente nobre, ele tende a agir em função da emoção, esquecendo, assim, a razão e pondo de lado civilidades e a ética. Aqui no Brasil é muito comum vermos a isso na política, em grandes empresas, pequenas empresas e até no dia a dia de diversas pessoas. O jeitinho brasileiro visa o benefício próprio e já se tornou tão corriqueiro que coisas como parar em local proibido, parar em vagar de deficiente (o famoso, “mas é rapidinho”), furar fila, falsificar atestado, colar em prova, são justificadas com “os políticos fazem pior roubando milhões”. Novamente a lei dos espertos se fazendo presente; enfim, se os outros podem e fazem, por que não eu?
Case Odebrecht
Não é exagero afirmar que a empreiteira fundada por Norberto Odebrecht em 1944 construiu, ao longo de sua história, um verdadeiro império em terras tupiniquins. Porém, como quase todo império que já se estabeleceu na terra, a construtora não tardou a encontrar a sua ruína.
Até meados de 2015, a empresa conseguia se safar quase que ilesa das acusações de corrupção e das investigações da operação Lava Jato. No entanto, tudo mudou quando Marcelo Odebrecht, então presidente da organização, foi preso. A partir disso, a empreiteira teve que vender seus ativos e foi proibida de fazer negócios na América Latina.
Com o passar do tempo, 77 funcionários, dentre eles os grandes executivos da construtora, tiveram envolvimento com corrupção e optaram por delações premiadas na tentativa de diminuir suas penas.
Sendo assim, depois de registrar lucros absurdos, a Odebrecht agora vive o pior momento econômico de sua longa trajetória. E isso decorre da cultura do “foco no resultado” explicitada por Clóvis de Barros Filho em sua palestra. Ao focar apenas nos resultados, as empresas deixam de lado todos os outros valores que deveriam ser imprescindíveis.
A transparência, defendida por Clóvis de maneira parcial e por Humberg de maneira mais radical, foi completamente ignorada pela Odebrecht nos últimos anos. Encontrou-se na corrupção uma forma de obter um maior número de negócios, impulsionando incrivelmente os lucros por um grande período de tempo.
Entretanto, a conta chegou para os construtores brasileiros, e a queda foi maior do que o esperado pelos grandes executivos da organização. Tanto financeira quanto institucionalmente, tudo que foi construído durante anos desmoronou em poucos dias.
Nos dias de hoje, a Odebrecht é sinônimo de corrupção e de falta de ética no mercado.
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