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A industrial musical e a pós-modernidade

Por:   •  11/6/2018  •  2.114 Palavras (9 Páginas)  •  453 Visualizações

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Ainda preso em sua própria crise, a juventude chega aos anos 70 com cada vez mais representações, com o nascimento de diversos estilos musicais que atendessem sua demanda de se sentir compreendido em meio a uma sociedade que o preenchia de sentidos e questionamentos. Além dos hippies com suas músicas psicodélicas e o rock com sua atitude antissistema mas respaldado pelo mesmo, nasciam o metal de bandas como Black Sabath que traziam questão menos políticas e mais existências, sem deixar de criar personagens e ídolos, como o líder da banda Ozzy Osborns. A rebeldia não se tratava mais de algo político e ideológico, se tornava uma questão existencial, estético e comercial. Os artistas atendiam a demanda sentimental que a égide do consumismo criara, criando lendas a serem adoradas como mártires de uma juventude que não viam mais seus pais como heróis. O exemplo a se seguir com o advento da indústria cultural não era mais familiar e sim mercadológico.

Ainda em meados dos anos 70 temos o surgimento do Punk, que logo foi abraçado pelas grandes gravadores e mitificado devido ao seu forte potencial paternalista e agitador. Jovens que musical e esteticamente iam contra tudo que a sociedade pregava de melhor. Causas rasgadas, moicanos, música barulhenta de fácil assimilação e inconformismo. Era o ápice da rebeldia abraçada pelos versos do Sex Pistol na Inglaterra de músicas como “God Save The Queen” e “Anarch In The UK”. Anarquia e posicionamento político não era mais coisa de proletariado adulto, era coisa de jovem de classe média muitas vezes filhos de burgueses esperando a promessa de que o capitalismo e o consumismo os libertaria do vazio do ser e daria uma vida melhor para todos. O Punk teve uma capacidade maior de se organizar fora do “mainstream” e procriou em diversos estilos que criaram muitos dos artistas que se enquadraram no segundo tipo citado anteriormente neste artigo. A luta política e o descontentamento ultrapassou a rebeldia adolescente e se transformou em vários movimentos sociais com forte influência principalmente nos Estados Unidos. Após esses episódios se tornou raro tantos questionamentos quanto o Punk trouxe.

Mas mesmo com todo seu teor revolucionário o Punk não deixou de criar os seus mitos e seu “Two-Step-Flow” na mídia, e o baixista do Sex Pistols Sid Vicius era uma lenda em construção. O romance destrutivo com sua namorada Nancy criou uma cultura de vivência extrema na história do Punk, rendendo inúmeras aparições nos noticiários e, é claro, livros sobre bastidores e sua vida e morte.

Muitos autores de diversas ciências humanas consideram o inicio da pós-modernidade o momento em que os cidadãos do mundo caem uma depressão pós-boom do consumismo. A sociedade pós-guerra que via a liberdade de consumir como uma gratificação pela vitória do capitalismo, principalmente os jovens, não encontram na mitificação do amor e do conceito de possuir objetos e mercadorias, uma resposta a seus questionamentos individuais. Ter uma vida bem sucedida, a máxima do racionalismo que transformava o objetivo do ser humano em nada mais do que ser um sujeito eficiente para receber em troca benefícios não trazia a felicidade para muitos, e se quer fazia algum sentido. A pós-modernidade se torna então a era da melancolia e da busca incessante por um amor mitificado pela música e pelo cinema e que não encontrava espaço nas instituições sociais, e transformava a vida da juventude em um eterno suplício por explicações. Nesse contexto nasce a cultura do pós-punk, quando a maturidade traz para alguns indivíduos o desapontamento até mesmo com a luta política, mas ainda mantém uma forma alternativa de viver, como se estivessem satisfeitos pelo simples fato de se questionar, quando muitos simplesmente aceitam as condições que lhes são dadas. O Pós-punk consome, reflete, e recogita suas ideias da maneira mais alternativa que encontrar, mas ainda criando uma estética “pop”. Assim nascem as representações da indústria musical, que percebe esse fenômeno e não poupa esforços para transformar a angustia contemporânea em moda. Há aqui um contra-argumento válido que defende a mitificação dos artistas, afinal, desde que os tempos são tempos as histórias são passadas de geração em geração e se são essas as histórias que nosso tempo produz, e a reprodutibilidade técnica é a maneira de propaga-las, que assim seja. Mas o primeiro “herói” da pós-modernidade expõe bem o que se acontecia nos convés sociedade do espetáculo. Ian Curtis, vocalista do Joy Division se mata ao saber que sua banda faria uma excursão nos Estados Unidos e que logo ele seria um astro. Sem grandes pretensões de ser um ídolo para uma geração de adolescentes sem pais, Ian com seu ato expõe a ferida que a maioria consegue estancar com os prazeres da vida normal. O suicido muitas vezes é apontado como anomalia social, quando o indivíduo não se reconhece nas instituições e as instituições não o representam, o levando a uma individualização imensurada, como explica o sociólogo Durkheim.

A melancolia da pós modernidade é combatida nos anos 70 com a discoteca e nos anos 80 com a música eletrônica. O visual colorido, a música cada vez mais facilmente assimilada pelas massas, o surgimento de um canal exclusivo para videoclipes e uma moda atrás da outra sendo lançada é a música se tornando cada vez mais produto de si mesma. Nesse sentido vemos uma pós modernidade conformada com sua situação de expectador e aceitando a utopia de que um dia terá tudo que o estrelato propõe. Aqui, vemos a indústria cultural funcionando como no conceito de uma vitrine, utilizando de todo o poder da sedução e da atração pelos olhos, o poder da distância pois apesar de vermos não podemos pegar facilmente.

A estrela sempre passa que para ter toda a vida de luxo que é exibida nas mídias, é preciso dedicação, esforço, muitas vezes abandonando até a vida pessoal. Ser um ícone da indústria cultural é não ter que trabalhar em um emprego comum e ter toda a gloria que ele não tem. O “herói” da indústria cultural tem como feito entreter, servir como exemplo de vida e de moral. Carreiras podem acabar pela baixa popularidade devido a atitudes não apreciadas pelo seu publico alvo, outras sobem justamente pela quebra de valores tradicionais e se tornam referência como Madonna, quando abusou de sua sexualidade e colocou em xeque o sexo casual na grande mídia. Por outro lado, os grupos de musica pop ensaiados e afinados carregavam com si a imagem de bom moço, o genro que toda sogra queria ter, em contrapartida a figura de bandas como Metallica e principalmente

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