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Sociologia do Ambiente

Por:   •  6/3/2018  •  2.300 Palavras (10 Páginas)  •  298 Visualizações

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Até então predominavam as manufaturas caraterizadas por serem grandes complexos laborais, onde os produtos finais eram obtidos pelas grandes massas de trabalhadores, mediante operações realizadas manualmente (daí o nome “manufatura”).

A grande percursora e dinamizadora da Revolução Industrial foi a Inglaterra, que dispunha de uma burguesia endinheirada e usufruía de uma situação geográfica em pleno atlântico e que lhe era vantajosa para o escoamento dos produtos fabricados para mercados longínquos.

No entanto, as leis do trabalho eram praticamente inexistentes. Quem as ditava eram os donos das fábricas, que obrigavam os operários a trabalhar em condições desumanas (chegavam a trabalhar 15 horas diárias), recebendo miseráveis salários.

A Revolução Industrial teve uma primeira etapa confinada à Inglaterra e ficou caracterizada pelas indústrias de tecido de algodão, produzidas em teares mecânicos, bem como pelo aperfeiçoamento da máquina a vapor.

Numa segunda fase, a Revolução Industrial chegou à Alemanha, França, Rússia e Itália e caraterizou-se pela utilização do aço, da energia elétrica, do petróleo, do motor de explosão, da locomotiva a vapor e dos produtos químicos.

A história parecer consagrar já a invenção e utilização das novas tecnologias, verificadas em todo mundo nos séculos XX e XXI, como uma terceira etapa da revolução industrial.

Todo este avanço tecnológico, operado a partir de finais do século XVIII até aos nossos dias, proporcionou relevantíssimos benefícios à humanidade por um lado, mas por outro, trouxe consigo grande carga negativa para o planeta, já que tudo o gerava riqueza para conforto e felicidade do homem era produzido a partir de uma apropriação desenfreada e descontrolada dos recursos da natureza, nas suas mais diversas manifestações, a um ritmo vertiginosamente geométrico. Hoje podemos olhar, por um lado, para o fausto e sumptuosidade que uma parte da população do planeta usufrui, mas, por outro, observamos, com justificada apreensão, o panorama desolador da pobreza cada vez mais acentuada dos recursos naturais, que uma “louca” exaustão operada pelo homem provocou, além de nos legar um mundo terrivelmente agredido nos seus mais valiosos e indispensáveis requisitos para uma existência e vivência saudáveis, situação que nos inibe de olhar o futuro sem os temores, ansiedades e angústias que nos invadem perante a “visão” de um futuro terrivelmente negro para o ser humano sobre a terra.

Passemos entretanto, em revista, alguns dos problemas graves que afligem hoje a humanidade: poluição atmosférica, que, nas suas diversas manifestações, será a causa pela perda de cerca de três milhões de vidas anualmente; poluição da água, que provoca, anualmente, cerca de 2 mil milhões de casos de diarreia, com cerca de 5 milhões de vítimas mortais; resíduos sólidos, tanto industriais como domésticos, cujo destino final só há muito pouco tempo tem sido metodicamente acautelado, e nem sempre da melhor forma, nem em grande parte do planeta; esgotamento de recursos naturais, como a água, cujo contingente para a vida humana está seriamente ameaçado em muitas partes do mundo; degradação do solo e consequente desertificação (as pessoas não podem continuar a viver em “solos” impróprios para cultivo dos bens que lhes dão sustento); aquecimento global do planeta, com as suas potenciais consequências (aumento do nível dos oceanos, desertificação, propagação de doenças); alimentos geneticamente modificados e consequentes riscos para o homem. Alem destes problemas, que afetam diretamente o meio ambiente, não podemos deixar de referir um que é parte intrínseca de grande parte dos seres que habitam a terra: o angustiante estado de pobreza extrema em que muita gente vive.[1]

Acrescentemos a tudo isto o tão sobejamente conhecido esgotamento dos recursos energéticos (petróleo) que todos os meios de comunicação social a toda a hora referem.

Perante este estado de coisas, a sociologia, como ciência que estuda e se preocupa com o ser humano, não pôde deixar de tomar uma posição através da intervenção de alguns dos seus mais lídimos representantes, já que é o homem que neste domínio se apresenta numa dualidade de posições: por um lado, foi e é ele próprio, se não o autor e a causa imediata de tudo o que se consubstancia como nefasto para a natureza, travando e inibindo o seu harmonioso desenvolvimento, por outro lado, ele não pode fugir à responsabilidade de, ao longo dos tempos, ter sido o promotor de ações (por exemplo, no domínio dos mais variados aspetos da atividade industrial) que acabaram por ter como consequência a desoladora degradação do meio ambiente a que a humanidade tem vindo a assistir. Quer dizer, numa outra perspetiva, o homem é o agressor e o agredido, já que as suas atitudes e comportamentos geram o “veneno” que, ao fim e ao cabo, se repercute drasticamente na vida de cada indivíduo, tornando-o alvo, por exemplo, de doenças e tantas outras manifestações de mau estar.

É por todas estas questões que os problemas da natureza e meio ambiente não se poderão encarar como realidades incompatíveis com as preocupações da sociologia. A este respeito afirma Anthony Giddens: “Por que é que o ambiente deveria ser uma preocupação para os sociólogos? Não estaremos a falar de assuntos que são puramente dos cientistas e dos técnicos? O impacto dos seres humanos na natureza não será de caracter físico, criado pelas tecnologias modernas da produção industrial? Sim, mas a indústria e a tecnologia moderna desenvolveram-se ligadas a instituições sociais específicas. As origens do nosso impacto no ambiente são sociais e muitas das suas consequências também o são. Salvar o ambiente global implica, portanto, mudanças sociais e tecnológicas.”[2]

A construção de uma sociologia do ambiente, como ramo específico da ciência sociológica não foi pacífica na sua génese. Muitos autores manifestaram algum desacordo, quando não até frontal oposição à convergência daquelas duas realidades.

Após um período mais ou menos longo de controvérsias, aparece na década de 70 do século passado, o contributo de Riley Dunlap e William Catton, tido como o mais válido perante a anterior profusão de posições. Dunlap e Catton propunham “não só a integração dos dados ambientais num modelo heurístico da sociologia do ambiente, como a própria deslocação do paradigma dominante na sociologia, de modo a ressituar a oposição entre dimensões naturalistas ou naturais e dimensões sociológicas.”[3]

Estes autores além de fazerem a denúncia do antropocentrismo

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